Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

DO OUTRO LADO DO JAZZ # 21

25 julho 2007





DE CORPO E ALMA




Não era freqüente que uma gravação de música de Jazz se tornasse um grande sucesso comercial, acho que é válido até os dias de hoje. Algumas notórias excessões ocorreram como o caso de Body and Soul interpretada por Coleman Hawkins em gravação de 11 de outubro de 1939 no estúdio da Victor em New York. Era uma balada até bastante banal ou mesmo comercial como se diz, apesar de 4 compositores tê-la assinado: Edward Heyman, Robert Sour, Frank Eyton e Johnny Green.
Hawkins participava de uma gravação e ao final executou a canção sem maiores pretenções, apenas para completar a sessão. Editado o disco pelo selo Bluebird subsidiário da RCA, Body and Soul aconteceu no momento certo para as pessoas certas e a execução tornou-se um enorme sucesso.
Surpreendeu o próprio Hawkins que estranhou e chegou a comentar: ― “Não sei o que viram nesta peça, é uma balada e faço isto há anos centenas de vêzes!”
Em 1958 o crítico e produtor Leonard Feather calculava que Hawkins teria executado pelo menos umas 6.600 vêzes Body and Soul nos 6.800 dias passados desde a data da gravação.
O disco fonográfico exerceu uma espécie de ditadura sobre o mundo do Jazz. O sucesso imprevisto que uma gravação podia proporcionar tinha às vêzes consequências inesperadas para o músico. Uma delas é que teria de repetir aquela execução infindáveis vêzes, dia após dia, show após show, e não podia variar muito, ou mesmo nada, pois o público ali estava esperando para ouvir aquele mesmo solo do disco, ao vivo. Hawkins nos primeiros anos repetia praticamente sua interpretação original nota a nota, mas depois de 20 anos já liberto executava a balada de forma diferente e muito mais charmosa.




VOANDO à CASA


Outra passagem “estórica” se deu com o saxofonista Illinois Jacquet ao gravar com a banda de Lionel Hampton em 1941. Hampton chamou Jacquet para executar um solo em Flying Home e este meio tímido e talvez inseguro em seus 19 aninhos, disse que não deveria fazer e sim Dexter Gordon mais antigo e experiente na banda. Dexter chegou a ponderar ― "vá lá Jacquet foi a você que ele chamou". Ficou aquele jogo de empurra e Lionel acabando com o assunto disse duro: ― “rapaz, eu disse que você vai fazer o solo e pronto, desça já daí”.
Jacquet de palhaçada trepou em uma cadeira e fez o solo, só que totalmente fora de seu estilo habitual, retomando uma passagem do famoso saxofonista Lester Young usada em Texas Shuffle com Basie.
Flying Home foi um dos maiores sucessos da banda de Hampton e Illinois Jacquet ficou conhecido e conseqüentemente deveria ser reconhecido e exigido em todas suas atuações pelo solo que fizera. Assim, teve que adaptar seu estilo para uma forma menos sutil que a anterior, porém até certo ponto mais excitante, mais vibrante o que manteve em toda sua carreira.

Ouçamos, primeiro um pequeno trecho da gravação original de Body and Soul de 1939 e outro cerca de 20 anos após. Em seguida os compassos solos de Lester em Texas Shuffle que inspiraram Illinois em seu primeiro solo e o dito solo em Flying Home de 1941 na banda de Lionel Hampton.

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