Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho)*in memoriam*; David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels)*in memoriam*,, Pedro Cardoso (o Apóstolo)*in memoriam*, Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge), Geraldo Guimarães (Gerry).e Clerio SantAnna

DO OUTRO LADO DO JAZZ# 17

02 junho 2007

O JAZZ VAI À GUERRA (parte I)
V-DISC



LOCAL é a palavra que se refere a uma seção do sindicato dos músicos norte-americanos em uma cidade, por exemplo: LOCAL 802 é a dos músicos nova yorquinos. Os sindicatos possuíam (e ainda possuem) muita força e foram os responsáveis pelas grandes reivindicações sobre direitos autorais de reprodução de gravações, principalmente sobre as transmissões das estações de rádio exigindo a criação de um fundo pelas companhias fonográficas para compensar a perda de trabalho dos músicos em face das reproduções gravadas, acabando por gerar a grande greve dos anos 42/44, época em que nenhum músico entrou num estúdio para gravar. A 1° de agosto de 1942, a American Federation of Musicians, encabeçada por James C. Petrillo deu a ordem expressa a todos seus afiliados para que deixassem de gravar discos o que se manteve até novembro de 1944. Esta ausência de gravações deu lugar a que se desconheça uma parte importante da formação do gênero bebop como foi a presença de Charlie Parker e Dizzy Gillespie na banda de Earl Hines em um período vital na gênese deste movimento e que nada ficou registrado..
Então a grande greve de 1942 dos músicos em relação às companhias fonográficas cortou o suplemento de novas gravações para as tropas norte-americanas convocadas para a 2ª Guerra Mundial. George Robert Vincent, um engenheiro de som e oficial tenente da seção de rádio da Army Special Services Division, levou ao Departamento de Guerra (War Department) a idéia da produção de discos especiais para as tropas aquarteladas o que foi aprovado pelo governo de Washington em julho de 1943. A primeira tarefa de Vincent foi conseguir das empresas gravadoras e correspondentes Associações a total isenção de taxas e royalties, incluindo a grevista American Federation of Musicians e para tal, o Exército assegurou que o uso seria estritamente militar e não estariam disponíveis comercialmente. A seguir, o projeto deveria receber um nome atrativo e Vincent o denominou de "Special Services Recordings", mas sua secretária sugeriu V-Discs, significando o "V" de "victory" (vitória) tanto quanto o próprio de Vincent. Os discos foram gravados em 12 polegadas permitindo, então quase 6 minutos de música por lado. Os primeiros V-DISCS foram despachados a 1/out/1943 gravados e prensados pela RCA Victor em suas instalações em Camden, New Jersey, incluindo 1.780 caixas com 30 discos cada, sendo distribuídos aos serviços de rádio broadcast e alto-falantes das tropas norte-americanas sediadas no Pacífico e na Europa e África.
Outra pessoa chave no projeto foi o Sgt. Tony Janak, que se juntou ao projeto dos V-Disc, quando civil era também engenheiro de som da Columbia Records e participou com as gravações externas as "remotes" registrando mais de 400 sessões com seu gravador portátil indo a concert-halls, jazz clubs e até em apartamentos de músicos.
Muitos músicos de Jazz fizeram sua contribuição e gravaram obras fantásticas, sendo a maioria da Victor, Decca e Columbia. A produção continuou mesmo após o fim da guerra chegando até maio de 1949. Como, em princípio, não teriam valor comercial os músicos e as gravadoras nada ganharam o que ocasionou, após o fim da guerra, uma forte reação do sindicato dos músicos chegando ao cúmulo de conseguir uma ordem judicial em fins de 1949, obrigando à destruição dos acetatos originais evitando-se as reedições.
O governo norte-americano poderia ter pago os "royalties" reivindicados para a preservação daquelas obras, mas não houve acordo. No entanto, de várias formas, muitas matrizes V-DISC conseguiram sobreviver e hoje são peças valiosas de coleção e algumas reedições comerciais foram feitas também usando-se os próprios discos. No aniversário de 50 anos do fim da 2ª Guerra Mundial as Associações de músicos e de empresas fonográficas acordaram em dispensar a proibição formal sobre um lançamento comercial dos V-DISC e permitiram que E. P. "Digi" DiGiannantonio que serviu na Navy V-Disc transferisse sua coleção particular para CD com venda pública e em 1998 ocorreram os primeiros lançamentos.
Na foto ao lado soldados recebendo com a maior satisfação um punhado de V-Discs e vamos ouvir uma interessante gravação do V Disc- 781 A – com a música Jammin' on a V Disc com o grupo que se denominou de New York Stars composto por Count Basie piano, Roy Eldrige trompete, Illinois Jaquet ao tenor, Buddy Rich bateria e Roy Ross and his Ragamuffins grupo este liderado pelo acordeonista Roy Ross incluíndo o baterista Big Sid Catlett, trombonista Jack Teagarden, clarinetista Edmond Hall e o sax-tenor Flip Phillips. Talvez a gravação seja muito ruim tecnicamente porque não dá para escutar o acordeão.

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