V-DISC
Então a grande greve de 1942 dos músicos em relação às companhias fonográficas cortou o suplemento de novas gravações para as tropas norte-americanas convocadas para a 2ª Guerra Mundial. George Robert Vincent, um engenheiro de som e oficial tenente da seção de rádio da Army Special Services Division, levou ao Departamento de Guerra (War Department) a idéia da produção de discos especiais para as tropas aquarteladas o que foi aprovado pelo governo de Washington em julho de 1943. A primeira tarefa de Vincent foi conseguir das empresas gravadoras e correspondentes Associações a total isenção de taxas e royalties, incluindo a grevista American Federation of Musicians e para tal, o Exército assegurou que o uso seria estritamente militar e não estariam disponíveis comercialmente. A seguir, o projeto deveria receber um nome atrativo e Vincent o denominou de "Special Services Recordings", mas sua secretária sugeriu V-Discs, significando o "V" de "victory" (vitória) tanto quanto o próprio de Vincent. Os discos foram gravados em 12 polegadas permitindo, então quase 6 minutos de música por lado. Os primeiros V-DISCS foram despachados a 1/out/1943 gravados e prensados pela RCA Victor em suas instalações em Camden, New Jersey, incluindo 1.780 caixas com 30 discos cada, sendo distribuídos aos serviços de rádio broadcast e alto-falantes das tropas norte-americanas sediadas no Pacífico e na Europa e África.
Outra pessoa chave no projeto foi o Sgt. Tony Janak, que se juntou ao projeto dos V-Disc, quando civil era também engenheiro de som da Columbia Records e participou com as gravações externas as "remotes" registrando mais de 400 sessões com seu gravador portátil indo a concert-halls, jazz clubs e até em apartamentos de músicos.
Muitos músicos de Jazz fizeram sua contribuição e gravaram obras fantásticas, sendo a maioria da Victor, Decca e Columbia. A produção continuou mesmo após o fim da guerra chegando até maio de 1949. Como, em princípio, não teriam valor comercial os músicos e as gravadoras nada ganharam o que ocasionou, após o fim da guerra, uma forte reação do sindicato dos músicos chegando ao cúmulo de conseguir uma ordem judicial em fins de 1949, obrigando à destruição dos acetatos originais evitando-se as reedições.
O governo norte-americano poderia ter pago os "royalties" reivindicados para a preservação daquelas obras, mas não houve acordo. No entanto, de várias formas, muitas matrizes V-DISC conseguiram sobreviver e hoje são peças valiosas de coleção e algumas reedições comerciais foram feitas também usando-se os próprios discos. No aniversário de 50 anos do fim da 2ª Guerra Mundial as Associações de músicos e de empresas fonográficas acordaram em dispensar a proibição formal sobre um lançamento comercial dos V-DISC e permitiram que E. P. "Digi" DiGiannantonio que serviu na Navy V-Disc transferisse sua coleção particular para CD com venda pública e em 1998 ocorreram os primeiros lançamentos.
Na foto ao lado soldados recebendo com a maior satisfação um punhado de V-Discs e vamos ouvir uma interessante gravação do V Disc- 781 A – com a música Jammin' on a V Disc com o grupo que se denominou de New York Stars composto por Count Basie piano, Roy Eldrige trompete, Illinois Jaquet ao tenor, Buddy Rich bateria e Roy Ross and his Ragamuffins grupo este liderado pelo acordeonista Roy Ross incluíndo o baterista Big Sid Catlett, trombonista Jack Teagarden, clarinetista Edmond Hall e o sax-tenor Flip Phillips. Talvez a gravação seja muito ruim tecnicamente porque não dá para escutar o acordeão.
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