Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

HISTÓRIAS DO JAZZ N° 21

06 fevereiro 2007

A “ira” do jornalista.

Conheci Paulo Brandão na década de cinqüenta, ainda nos tempos das Lojas Murray. Jornalista e amante do Jazz, Brandão esbanjava conhecimento e foi sem dúvida um dos incentivadores da arte no Rio de Janeiro. No tempo da repressão, morou no exterior e em sua volta não conseguia conter a mágoa que tinha de uns e de outros. Exerceu por algum tempo o cargo de diretor da Odeon, quando essa representava a gravadora Capitol no Brasil.

Lembro-me que, ainda no cargo, Brandão foi um dos responsáveis por Nat King Cole em sua vinda ao Rio de Janeiro e que, no coquetel oferecido ao cantor, nos estúdios do Edifício São Borja, enquanto o apresentava aos jornalistas presentes, tinha que conter a invasão das "macacas de auditório" que, sabendo da presença do cantor, queriam agarra-lo de qualquer maneira.

Teve também um programa de Jazz na “Rádio Carioca”, onde apresentava ótimos lançamentos e algumas raridades de sua discoteca. Foi responsável pelo lançamento da primeira revista especializada no Rio de Janeiro, a “Jazz” que, embora tivesse ficado em um só número marcou o início da existência dessas publicações entre nós.

Corria o ano de 1979 quando Brandão resolveu lançar um boletim chamado “Jazz Etcetera”. Era vendido por mala direta e trazia como símbolo o Jabuti flautista, personagem criada por Anélio Latini em seu filme “Sinfonia Amazônica”. Embora só tivesse duas páginas, trazia um bom noticiário e informações históricas, que Brandão sempre colocava em termos didáticos. Distribuía o seu boletim aos colegas de imprensa em troca da competente divulgação. Nessa época eu tinha uma coluna na “Tribuna da Imprensa” e registrava com prazer o recebimento daquele boletim.

Foi então, que no número três do “Jazz Etcetera”, em sua primeira folha , falando sobre o primeiro disco de Jazz , o texto informava que a Original Dixieland Jazz Band era liderada por Dominick Nick James La Porta. Registrei o recebimento e no final de meu comentário indagava: “Não seria La Roca", meu caro Brandão? Ele não gostou do comentário e atribuiu o erro a secretária que datilografou o texto. Calmamente, sugeri que fosse feita sempre uma revisão, ainda mais em se tratando de um “órgão especializado”. Continuou reclamando mas dei o assunto por encerrado.
Mas em setembro de 1979 fomos assistir ao sensacional show do trio de Bill Evans na Sala Cecilia Meirelles. Na saída, encontro os saudosos Rocha Mello e Cláudio Cosme Pinto e comentávamos entusiasmados o show do pianista quando chega Brandão. Então Rocha Melo informa que estava de carro e poderia nos dar uma carona até Niterói. Eu e Brandão exultamos. Rocha Melo informou ,“primeiro vou deixar o Cláudio em Laranjeiras e depois atravessamos a ponte”.
E assim foi feito. Chegando na casa de Cláudio, na rua General Glicério, Rocha Melo exclamou : “Isso é que é carona, bem na porta !", ao que eu imediata e ironicamente indaguei : “Não seria na roca ? “
Sentado no banco de trás, Brandão quase teve um troço. Socava o banco do carro com raiva incontida e, com licença da má palavra, me esculhambava pra valer.

Só sossegou quando Rocha Melo ameaçou parar o carro e despejá-lo. E até hoje não fala comigo.

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