Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

TIM FESTIVAL 2006 (CLUB) - 27.10.2006 - JENNIFER SANON @@@@

28 outubro 2006

Na abertura, Ivan Lins, banda e convidados, realizando emotivo tributo ao precocemente falecido produtor Paulinho Albuquerque; o grand finale da noite, encomendado à band leader mais festejada , hoje, no mundo, Maria Schneider: neles se encontrou apenas a expressão "nominal", "de face", do ingresso.

O valor "patrimonial" do ticket, quem diria, realizou-se na jóia de 24 anos que iluminou o palco, espremida, tal David entre dois Golias, pela nesga de tempo a ela imposta, sem piedade, pelas circunstâncias.

Sem discos ou outras referências de mercado, salvo o apadrinhamento - por poucos sabido - de Winton Marsalis, Jennifer Sanon era o patinho feio que, bastou entoar a primeira linha de, ironica e emblematicamente, Bye Bye Blackbird, revelou o cisne mais vistoso da estréia do Festival.

Seu quarteto de "residentes" - assim judiou um incauto (certamente atraído pelos blockbusters da noite) - mostrou porque, tal como futebolistas aqui, basta balançar uma árvore na América, para dela cairem, às pencas, músicos de jazz.

E que músicos! Seção rítmica impecável, entregue aos jovens e ilustres desconhecidos Fabian Almazan, pianista de técnica e inventividade refinados; Ben Williams, alternando linhas de baixo, ora em walking solidíssimo, ora ousadamente melódicas; e Simon Lott, autêntico relógio rítmico, "puxando" o trio sempre com raro senso de dinâmica e amplo conhecimento do histórico jazzístico do instrumento. À frente, outro "garoto", o coltraneano Matt Marantz, brilhante e fluente no tenor, solando ou fazendo contraponto à límpida assinatura de Ms. Sanon.

A cantora, trajando rosa de uma singeleza digna dos cultos batistas de domingo no Harlem, ou de uma apresentação no mítico Appolo Theatre, iluminou nossas mentes e atingiu o coração com petardos certeiros: My Favorite Things, Them There Eyes, Good Morning Heartache, Take the A-Train, além de um blues por ela letrado.

Timbre abençoado, dicção, entonação e emissão impecáveis, drive cativante e swing explosivo, improvisação corajosa e jamais hesitante, inclusive nos scats, tudo isto wrapped em sóbria mas magnética presença de palco, foram a dádiva dos anjos que o público carioca recebeu ontem e, o Jazz, estamos certos, para sempre.

A aparente timidez e o sorriso lindo e juvenil que jamais deixou de ostentar, escondem, na verdade, um leão que conquistará, seguindo a trilha certa, o mesmo mundo de que Ella, Sarah e Billie foram - são e sempre serão - Soberanas.

Ave Jennifer Sanon. Os Deuses do Jazz estão contigo. Obrigado pela injeção de esperança e pela verdade da sua música, sem parafernálias, invencionices, charts complicados ou incursões em ventos do além-jazz. Obrigado.

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