Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

HISTÓRIAS DO JAZZ, 6: - PERCY HEATH E A "CRIOULA"

09 setembro 2006

Essa aconteceu no longínquo ano de 1962, quando aqui esteve o Modern Jazz Quartet pela primeira vez, para concêrtos no Municipal em 11,12 e 14 de setembro. Fomos assistir a estréia com o amigo Luiz Alberto Lynch, o qual nos proporcionou o prazer de um jantar com John Lewis. A coisa aconteceu por acaso, pois terminado o espetáculo e a visita aos camarins, Lewis nos informou que gostaria de conhecer o
restaurante "Le Petit Club" de Myrtes Paranhos que alguém lhe aconselhara.
Mais uma greve de taxis eclodira na cidade e Luiz Alberto então convidou Lewis para jantar, oferecendo a condução no seu Wolkswagen alemão. Primeiro iríamos buscar a esposa de Luiz Alberto na rua Alfredo Chaves em Botafogo e em seguida chegaríamos no "Le Petit Club". Lewis já tinha na cabeça o que iria pedir : "bobó de camarão e uma Brahma Extra". Na longa conversa mantida conosco , Lewis informou que morava na Yugoslávia e periodicamente ia aos Estados Unidos para cumprir compromissos de gravações e apresentações do MJQ. Em meio a conversa chegou um ruidoso grupo liderado por Robert Celerier trazendo o vibrafonista Milt Jackson. Este ao ver Lewis,tentou tirá-lo de nossa mesa mas, levou uma discreta "esculhambação" do pianista que disse que estava como convidado de amigos brasileiros e não iria participar de outro grupo. Terminado o jantar, deixamos Lewis no Hotel Glória, onde estava hospedado o MJQ e ele informou que poderiamos voltar no dia seguinte para entrevistar os outros músicos.
Fui com Adalto Argollo e Gilberto Lourenço ("o grosso do Engenho") para o hotel,tendo Gilberto carregado um gravador Geloso para registrar a entrevista que iríamos apresentar no "O ASSUNTO É JAZZ". Adalto era admirador incondicional do MJQ, possuindo grande quantidade de Lp's do grupo. Falava inglês muito bem e nos ajudou bastante nas entrevistas. Hoje vive nos Estados Unidos.
O primeiro entevistado foi Connie Kay. Muito educado e paciente , ouvia com interesse as nossas indagações. Qundo lhe perguntei sobre o Lp "Stan Getz & J.J.Johnson at Opera House", no qual foi o baterista, sorriu e disse mais ou menos o seguinte: "Foi uma ótima noite. Todos estavam felizes, uma excelente audiência e um produto final de qualidade." Anos depois perguntei a mesma coisa a Stan Getz e ele fez um "muxoxo":"nada demais, um disco como outro qualquer!"

Em seguida fomos ao apartamento de Milt Jackson. Nos atendeu ostentando um "robe de chambre" e, totalmente desinteressado dos assuntos abordados, reclamou que ligava o seu rádio para ouvir música brasileira e só ouvia o lixo americano (desde aquela época).

Com Percy Heath fomos mais felizes. Atencioso, conversava com a gente ao mesmo tempo que dedilhava um pequeno contabaixo, menor que um violoncelo. Dizia que era para exercitar os dedos. Adalto, super emocionado, perguntou se Heath poderia tocar um pouco "the big bass" encostado na parede. Heath não se fez de rogado e produziu um "walkin'" que fez o amigo lacrimejar. Em seguida foi ao banheiro, trouxe um copo grande de cerâmica (que os hotéis tinham para a guarda de escovas de dente) e uma garrafa da cachaça "Crioula", segundo os especialistas a pior do mercado. Ninguém aceitou e ele sem cerimônia quase encheu o copaço com a branquinha e sorveu o conteúdo lentamente, como se fosse água. Espantados, avisamos que cachaça era uma bebida forte e que ele poderia sentir as consequências, até porquê havia um concerto à noite. Respondeu sorrindo: "No problem". E, realmente, à noite, lá estava ele no palco, ostentando um smoking e produzindo a preciosa sustentação melódica do grupo.

Em tempo, John Lewis não estava no hotel pois fora posar como modêlo para um pintor.

Em 1982, chegaram os "HEATH BROTHERS" para uma apresentação na Sala Cecilia Meirelles, em 10 de maio. Lá fomos nós procurar Percy Heath nos camarins quando Carlos Tibau nos informou: "Percy Heath está naquele boteco alí na esquina". Fomos até lá e vimos Heath sorver uma generosa dose de cachaça como se fosse o nectar dos deuses. E foi só.

Depois tem mais.

Para os que quiserem anotar a formação dos "Heath Brothers" aí vai:
Jimmy Heath(st) - Tony Purrone(g) - Stanley Cowell(p)- Percy Heath(b) e Akira Tana (dr).

llulla

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