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NOTÍCIAS DE DAVE BRUBECK

07 julho 2006

como publicado por ROBERT WRIGHT, no TORONTO STAR, na edição de 4 de julho (em tradução livre)

Um jovem e soberbo Brubeck para finalizar o festival

"Não haveria melhor maneira de se oferecer um presente, pelo 20o. aniversário do Toronto Jazz Festival, para uma lotação esgotada no histórico Massey Hall, do que um certo David Warren Brubeck, 85, iconoclasta, artista.

O pianista, que vem encantando multidões no mundo todo há 72 anos, não desapontou, com uma apresentação mágica de duas horas em que misturou harmonias ricas, impressionistas, a abstratos ritmos jazzísticos do século 20.

Largando com "Gone With the Wind," Brubeck logo despachou quaisquer dúvidas sobre se ainda mantinha intactas as suas habilidades, para tocar com acordes incisivos ou liberando uma cascata de arpejos, levantando-se para enfatizar seu próximo movimento, estudando divertidamente seus companheiros de banda durante seus solos, um sorriso na face como se estivesse traindo algum segredo e a cabeça em movimentos afirmativos de aprovação, em meio a risadas joviais.

Para aqueles que se perguntam por que este legendário artista - que sem dúvida poderia viver só dos royalties de "Take Five" e que não precisa provar mais nada - ainda está no palco, apresentando-se nessa idade, a resposta é simples: ele está geneticamente fadado a se apresentar.

Nessa noite, o sax-alto Bobby Militello se distinguiu, mais uma vez, no papel do falecido companheiro de toda a vida de Brubeck, Paul Desmond, enquanto ainda demonstrou mais do que um interesse passageiro pelas inovações (no blues) trazidas por Cannonball Adderley.

Uma balada relativamente convencional seguiu-se, mas o Grande Chefe tinha algumas cartas na manga. Depois de toda uma vida de pensamento não-conformista — quando criança ele evitou, de propósito, aprender a ler música para evitar as estruturas rígidas da música clássica, enganando sua professora/mãe nesse processo; como músico, nos anos 50, defrontou-se contra a indústria racista do entretenimento; como compositor, escreveu uma série de standards do jazz usando ritmos e harmonias atípicos - porque mudaria agora?

Brubeck apresentou a música seguinte com um hilariante prólogo sobre como, depois de uma exaustiva turnê recente que o levou à Europa, de volta à América e de novo à Europa e assim por diante, afirmando que "esses agentes não sabem nem ler um mapa" -e que então havia sido avisado que o agente havia contratado mais outras 15 apresentações. Ele não gostou, mas o agente lhe disse, como consolo que todas as reservas eram na Grã-Bretanha, "um país pequeno". Ainda sem gostar nada daquilo, contou ele que depois de uma gig em Glasgow, na Escócia, ele a a banda tiveram de fazer uma viagenzinha de oito horas, de ônibus, até Liverpool.

Depois de "fazer um esparramo", nas palavras de Brubeck, o promotor arrumou um apartamento em Londres para ele e um serviço de motoristas para levá-lo aos locais dos concertos. Tudo isso teria gerado então o tema "London Flat, London Sharp", de seu récem-lançado album, que ele dedicou ao seu empresário londrino. E então apresentou esse "legítimo" Brubeck, uma composição estimulante e dissonante em 4/4, com uma linha melódica rápida como uma metralhadora, construída em torno de acordes cromáticos descendentes e sequências de 12 depois 16 compassos e assim por diante.

Ele concluiu o set com uma leitura entusiástica de seu número mais famoso, "Take Five" no qual destacou-se seu companheiro de longa data [o baterista] Randy Jones, que fez referencia ao legendário solo de Joe Morello em várias passagens, mantendo, no entanto, bem visíveis suas próprias qualidades.

Uma platéia toda de pé e delirante chamou a banda de volta ao palco, quando tocaram "Take the A Train", de Duke Ellington. E como os gritos e aplausos não paravam, Brubeck voltou sozinho ao palco e fez com que toda a audiência se juntasse a ele cantando a clássica canção de ninar "Lullaby." Ninguém dormiu naquela noite."

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