Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

LIVRO AFIRMA QUE O JAZZ VIROU "PEÇA DE MUSEU" NOS EUA

14 março 2006

Transcrição de matéria do jornalista e crítico musical da Folha de S.Paulo, Carlos Calado.

"Há muito tempo um livro não provocava tamanha polêmica no universo do jazz. Recém lançado nos EUA e na Inglaterra, " Is Jazz Dead ? Or Has It Moved To a New Address ", do crítico britânico Stuart Nicholson, faz um duro ataque a essa que é considerada a manifestação artística mais original já criada nos EUA.

A tese central do livro é a de que o jazz norte americano perdeu seu espírito inventivo a partir dos anos 80. A ação mercantilista das grandes gravadoras, assim como o ensino padronizado das escolas de música e o conservadorismo da geração liderada pelo trumpetista Wynton Marsalis, teriam transformado a cena do jazz nos EUA em um museu, onde só se cultivam estilos do passado.

Apesar do título provocativo do livro, Nicholson nem chega a sugerir que o jazz esteja com os dias contados. Na verdade, afirma que a essência inovadora desse gênero musical migrou, especialmente para a Europa. " Hoje, é nos países fora dos EUA que as mudanças mais profundas estão ocorrendo. A globalização do jazz está produzindo a mais significativa mudança dessa música em décadas."

A mídia especializada americana não deixou de se posicionar. A revista "Jazz Times" admitiu a significância da tese ao publicar três críticas do livro, na edição de Fevereiro. Já na resenha publicada pela tradicional "Down Beat", Paul de Barros põe em dúvida a validade de algumas fontes do britânico e sugere que seu livro beira a arrogância. "A tese de Nicholson não é convincente para dar suporte ao argumento de que o jazz dos EUA é dominado por neoconservadores, ele ignora Bill Frisell, Dave Douglas, Ken Vandermark, Don Byron e outros que poderiam estar em seu caminho."
O crítico do "The New York Times" Ben Ratliff, também discorda da tese principal de Nicholson, embora reconheça que no continente europeu, especialmente na Escandinávia, já se produz jazz de alta qualidade há décadas. "Nossas maiores gravadoras tomaram decisões estéticas e comerciais ruins e podem ser acusadas de tentar derrubar o jazz." Ratliff menciona o termo "young lions" referindo se aos jazzistas com idades entre 20 e 30 anos, que as gravadoras decidiram promover a partir da década de 80, e afirmando que o fato de jazzistas mais maduros e abertos a experimentações terem sido preteridos em favor dessa geração recém saída das escolas, com uma concepção musical limitada, também foi nocivo".

Já nessa década, as gravadoras decidiram investir em cantoras de jazz, estimuladas pelo sucesso de Diana Krall. Na opinião de Nicholson, essa opção reduziu bastante o espaço dos instrumentistas no mercado. Outro alvo de Nicholson é o ensino padronizado do jazz nos EUA. Os primeiros mestres dessa música eram autodidatas que foram sucedidos por formandos de universidades. O grande paradoxo do ensino do jazz é que os objetivos nem sempre coincidem com as expectativas do consumidor. Ou melhor, não interessa ao ouvinte se o músico desenvolveu trabalhos acadêmicos, mas que sua música seja original ou ao menos emocione."

Com a palavra nossos confrades e amigos cejubianos, pois a polêmica está lançada...

Nenhum comentário: