Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

UMA FOTO HISTÓRICA E ALL THAT JAZZ

14 janeiro 2006

Numa quente manhã de verão em 1958, cinquenta e sete dos maiores músicos de jazz se reuniram na frente de uma casa na rua 126 no Harlem. Eles foram convidados para uma foto que ilustraria uma matéria especial sobre jazz, no magazine Esquire. O fotógrafo foi Art Kane, um desenhista que se consagrava, mas que nunca havia tirado fotos profissionalmente.

O resultado foi uma das mais famosas fotografias na história da música americana. Entitulada “A Great Day in Harlem”, incluia grandes nomes do jazz como Count Basie, Coleman Hawkins, Lester Young e Dizzy Gillespie e também promessas como Thelonious Monk, Sonny Rollins, Charles Mingus, Gerry Mulligan, Art Blakey e Horace Silver. Nunca antes uma quantidade tal de músicos talentosos havia sido reunida num mesmo lugar, numa mesma hora.

A fotografia tornou-se legendária, reproduzida incontáveis vezes e, como poster, ornamenta as paredes dos fans de jazz pelo mundo todo.

Essa foto acabou sendo assunto de um excelente documentário. “A Great Day in Harlem: The Story and Sounds Behind the Most Famous Photo in the History of Jazz”. Ele foi feito em 1994 pelo jazzófilo Jean Bach, com a assistência do co-produtor Matthew Seig e da editora Susan Peehl.

Lançado esta semana em DVD (dois discos, Home Vision/Image Entertainment), o “A Great Day in Harlem” não é somente a história da criação imortal do fotógrafo Kane, mas uma história e um tributo aos grandes músicos presentes no trabalho de Kane.

Bach e seus consortes reuniram todo o tipo de fotos e filmes que puderam encontrar daquele histórico dia. O documentário inclui mais de 100 imagens tiradas por Kane, bem como fotos tiradas pelos próprios familiares e amigos presentes. Havia também alguns filmes em 8mm gravados pelo baixista Milt Hinton e sua mulher Mona. Bach fez entrevistas com Kane, que já faleceu, Robert Benton, o editor gráfico da Esquire e posteriormente co-produtor de um filme ganhador do Oscar e muitos dos músicos que puderam ser localizados. As reminiscencias e comentários dos participantes como Gillespie (que morreu um ano depois que o filme foi lançado), Rollins, Silver, Blakey e Marian McPartland são simplesmente fantásticos, bem como as observações do pessoal fora de cena como o jornalista Nat Hentoff e o pianista Mike Lipskin.

Muitas sub-histórias emergem no documentário, como a dificuldade que o fotógrafo Kane teve para que os músicos ficassem parados para a pose da foto, pois havia uma animação geral em todos estarem presentes e se vendo naquela manhã, eles não conseguiam parar de conversar e “fofocar”; porque Count Basie está sentado no meio-fio, próximo a uma turma de garotos da vizinhança; porque Thelonious Monk decidiu vestir um casaco esporte branco para a ocasião; porque todos os bateristas resolveram se juntar num único ponto para a foto; como foi que conseguiram que todos os músicos comparecessem para a foto, às 10 da manhã, uma vez que a esta hora a maioria dorme, pois trabalham até tarde...

O filme é incrementado com a inclusão de várias cenas da performance ao vivo da maioria dos músicos que aparecem na foto, a maioria resgatada de um antigo show da CBS-TV “The Sound of Jazz”.

O DVD também inclui narrativas com músicos mais jovens como Bill Charlap e Kenny Washington, que dividem seu entusiasmo pelo fotógrafo e pelos músicos retratados. O segundo disco tem um excelente suplemento de perfís, bem traçados, de cada músico que compunha a fotografia.

Como comentava Dizzie Gillespie olhando a fotografia: “Tem um montão de gente que eu gosto”.

Obs: para apreciar todos os detalhes da famosa fotografia, clique aqui. Ou na foto no início da matéria, que permite inclusive serem acionadas algumas áreas que se abrem em detalhes, fornecendo os nomes de cada músico, quando se repousa o cursor sobre eles.

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