Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

MESTRE L.O.C. E O FENÔMENO ELDAR DJANGIROV - NO JB DE ONTEM

15 julho 2005

Em mais uma bela matéria em sua coluna no JB, na qual demonstra como o seu timing é mais do que perfeito, Mestre Luiz Orlando revela suas impressões (que, por coincidência e por se tratar efetivamente de um geniozinho, batem com as nossas aqui no blog) sobre o joveníssimo Eldar, que, a continuar na trajetória atual, atingirá o apex jazzístico em pouco tempo. Só rezamos para que os cifrões não corrompam sua alma antes que nos deixe um legado rico como a sua arte. Com a palavra, Mestre LOC:

Virtuose além do menino-prodígio

"Quando o pianista Eldar Djangirov detona e transforma em centelhas e clarões alucinantes a melodia e os acordes de Sweet Georgia Brown, a primeira faixa do CD Eldar (Sony Classical 92593), tem-se a impressão de que Art Tatum ressuscitou e gravou disco novo num estúdio com equipamentos de última geração. Ou que Oscar Peterson, totalmente recuperado do derrame parcial sofrido em 1993, voltou a deslizar os dez dedos pelas 88 teclas de seu Bösendorfer, à frente de um trio com o notável John Patitucci (baixo) e Todd Straitt (bateria).
Eldar tinha 17 anos quando esses registros foram feitos, em abril do ano passado. Foi tratado, desde os 5 anos, como o garoto-prodígio surgido nos confins da ex-União Soviética (nasceu no Quirguistão), e mais tarde descoberto e exportado com a família para a América, por um jazzófilo rico de Nova York. Contudo, após algumas audições das 11 faixas do álbum de estréia na Sony, conclui-se que Eldar não é um incrível virtuose a ser apreciado simplesmente por sua condição de teen-ager prodígio.

O mais impressionante em Eldar é o fato de ter assimilado - juntamente com os estudos clássicos dirigidos por sua mãe, professora de música - as ''obras completas'' de todos os grandes estilistas do piano jazzístico, e de ser capaz de reinventá-las, conforme lhe dá na telha, sem nenhum temor reverencial.

Neste primeiro CD para uma grande gravadora, ele excursiona por Moanin', o hino do soul jazz de Bobby Timmons, com intensidade e assinatura bem diversas das clássicas versões do tema dos tempos dos Jazz Messengers de Art Blakey; enfrenta com bravura, num clima percussivo típico de McCoy Tyner, uma das mais memoráveis peças de Herbie Hancock, Maiden Voyage; e presta tributo a Thelonious Monk em Round Midnight e Ask Me Now - nesta última sublinhando que, no fundo, o "eremita do bop" era um genial strider bem hippie.

Em suas próprias composições, Eldar não esconde ter estudado e ouvido muito Chopin e Bill Evans (Raindrops e a interpretação solitária de Lady Wicks). Em Point of View, convida para juntar-se ao trio o eminente saxofonista Michael Brecker, 56 anos, e os dois dialogam, de igual para igual, um provocando o outro, no ponto mais alto e solto do disco.

O respeitado pianista e musicólogo Billy Taylor registra seu entusiasmo com a arte de Eldar (66 anos mais moço) nas notas que escreveu para o CD da Sony, ainda não lançado no Brasil: "Eldar tinha 11 anos quando o ouvi pela primeira vez. Fiquei tão impressionado com o que ouvi e com o próprio garoto que, imediatamente, o convidei para a aparecer no programa Sunday Morning, da CBS. Prodígios vêm e vão, mas logo senti que tinha encontrado alguém muito especial. Antes de tudo, estava a facilidade técnica dele ao piano - espantosa para alguém de sua idade. Mas, acima de tudo, ele tocava jazz honestamente, e não apenas fazia rodopiar melodias e notas. Minha primeira impressão foi a de que seu modo de tocar soava como uma combinação de Bill Evans e Oscar Peterson. Pode parecer uma estranha combinação, mas para mim era claro que Eldar ouvia esses dois sons muito diferentes, e conseguia fazer deles um blend."

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