Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

A ESCÓCIA COMO VISTA DE SANTA TEREZA - parte II

20 junho 2005

(...continuação)

Fomos então levados a uma das mesas, sobre a qual se destacavam, à frente de cada pessoa, cinco pequenos copos com o formato dos de conhaque, todos com meio-dedo de líquidos em vários matizes de dourado, sendo que o da extrema direita tinha a coloração mais intensa, típica da de um uísque envelhecido. Achei que, muito provavelmente, seria aquele o Chivas 18 anos. Na frente dos copos, garrafas de água mineral e uma pequena caixa retangular, em papelão duro e cor escura, ostentando na tampa o brasão da destilaria, em dourado.

Em seguida, foi-nos apresentado o destaque daquela noitada, o próprio Chivas Master Blender, um mestre escocês das misturas alcoólicas que resultam no scotch e "pai" (da fórmula) do Chivas 18, o simpático e bem humorado Mr. Colin Scott, vestido com traje de gala escocês, a tradição do tartan contrastando com a modernidade do laptop e do microfone remoto à Madonna, que fez uma rápida introdução geográfica sobre a Escócia na qual não faltaram as piadas sobre as quase perenes chuvas e inclementes ventos que castigam seu país.

Com imagens do seu computador projetadas num telão, Mr. Colin mandou então que abríssemos as pequenas caixas à frente de nós, que continham, em cinco divisões internas, pela ordem: algumas sementes muito pequenas, um caramelo de leite, duas jujubas da cor lavanda, amêndoas torradas e, finalmente, uma certa quantidade de sultanas - pequenas passas amarelas - misturadas a algumas "gotas" de chocolate meio-amargo. Enquanto descrevia como é feito um blended whisky da qualidade do Chivas 18 (no qual, explicou, só se admitem na mistura final single malts e grain whiskies com um mínimo de 18 anos, até alguns de 30 anos de envelhecimento em barris de carvalho), conduziu-nos à degustação dos quatro mais importantes, que estavam diante de nós nas mesas. Sob sua orientação segura e competente, fomos levados a experimentar coisas que eu - e acho que a maioria dos convidados - jamais desconfiaria que faria nesta vida ou mesmo consideraria a elas ser submetido.

Sugerindo que puséssemos na boca algumas das sementes da caixa, e que diluíssemos o uísque do primeiro copo com um pouco de água - para mim uma coisa inimaginável, em vista dos relatos de “puristas” que já havia escutado até então, de que em uísques dessa idade não se colocava água, e sequer gelo, devendo ser bebidos puros de forma a não tisnar suas qualidades - que explicou, serviria para facilitar a percepção de seu aroma, falou sobre as características de “defumação” que tal néctar deveria passar aos olfatos dos presentes. Bingo, era exatamente a sensação que todos comentaram, na minha mesa e em todas as demais em torno. Até aí, fumaça, nada demais.

Ao apresentar o segundo uísque, e falar sobre sua cremosidade e perfeito equilíbrio, mandou que a platéia, já a esta altura olhando com total desconfiança para o caramelo de leite, o desembrulhasse e, mais uma vez adicionando água ao segundo copo, primeiro sentisse o aroma desse uísque, em seguida sorvesse um gole, então mordesse e mastigasse o caramelo e em seguida, desse um segundo gole com parte deste ainda na boca. Confesso que temi por uma grande embrulhada no estômago. Mas nem a casa Chivas nem Mr. Colin estavam ali de brincadeira. O resultado, a par de inusitado, era estranhamente agradável, os dois elementos não brigavam. Pura mágica ou alquimia escocesa?

Em seguida, os dois outros uísques seguiram o mesmo padrão de degustação, uísque+água+elementos da caixinha = aroma e sabor final, sendo o terceiro (o da jujuba) de aromas florais bastante perceptíveis e o quarto, um puro malte de 18 anos, chamado Strathisla - pronuncia-se Stratáila - fabricado exclusivamente para a Chivas (e o meu preferido dentre todos) degustado com as amêndoas torradas.

(segue...)

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