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NOSSO PATRONO: DICK FARNEY (Farnésio Dutra da Silva)
..: ESTE BLOG FOI CRIADO EM 10 DE MAIO DE 2002 :..
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TIM FESTIVAL, 7/11/2004, SÃO PAULO
30 novembro 2004
Billy Kilson foi a estrela (e a "orelhinha", consequentemente) faltante na constelação que formou o combo de Dave Holland (baixo), desde 2002 exitoso em todos os círculos jazzísticos (mídia, festivais, polls) e agora prestes a lançar album novo, algo antecipado na abertura da terceira e última noite do TIM Festival 2004.
Não que Nate Smith (bateria) tenha decepcionado, muito ao revés: formou uma rhythm-section abençoada ao lado do líder e do avançadíssimo vibrafonista Steve Nelson, ancorando as estantes de metais, brilhantes, por igual, individual e coletivamente.
O "problema" é que não há baterista, hoje, ao menos entre os das gerações mais novas, tão importante para o Jazz quanto Kilson, cuja inimitável polirritmia e inventividade, derivada dos estilos de Roy Haines e, principalmente, Jack DeJohnette, aflora, como em nenhum outro conjunto, nas bandas de Dave Holland.
Do premiadíssimo disco "What Goes Around" (2002, ECM), o baixista pinçou, para abrir o set, as duas primeiras faixas, Triple Dance e Blues For C.M. (C.M. = Charles Mingus), ficando claro que sua big band orienta-se pelo alfabeto Ellingtoniano, não na forma ou arranjos, claro, mas na constante intenção de dirigir os temas para a livre expressão e destaque de um ou determinados solistas.
Perfeito exemplo disto foi Mental Images, originalíssima composição de Kevin Eubanks (trombone), que, não à toa, o teve featured em primeiro plano, ao lado do irmão, Dwaine Eubanks (trompete), pupilo talentoso e fiel, no timbre e fraseado, de Freddie Hubbard.
A também inédita A Rio, dedicada à rival pobre - mas ainda (e sempre) maravilhosa - da capital paulista, cativou pelo desdobramento hipnótico de suas harmonias, compensando a evidente fragilidade da melodia inicial.
Fechou o set a title-track do CD de 2002, deslanchada por uma introdução arrepiante - e "impossível" - no baixo, levando a riffs puxados por Chris Potter (sax tenor) e Kevin Eubanks, logo seguidos dos demais metais.
Dave Holland é, todo o tempo - e a um só tempo - totalmente harmônico e totalmente melódico, em igual medida, o que parece realmente desafiador mesmo para os mais virtuosos de seus colegas baixistas. Parece não haver limite para a diversidade (e beleza) das linhas de condução que emanam de seu instrumento, e do qual dependem, de modo visceral, todo o coletivo.
De outra parte, só mesmo um combo fora-de-série pode se dar ao luxo de escorar-se nas harmonias imprevisíveis de Steve Nelson, distante, muito distante, do mainstream que domina, por décadas, o vibra-harp, inobstante os avanços nele operados pelos gênios de Milt Jackson, Bobby Hutcherson e Gary Burton.
Last Minute Man, merecido encore, demarcou, de vez, a linha que separa a seção rítimica, de um lado, dos metais, de outro, como que duas units em constante desafio mútuo, que resulta em maravilhoso contraponto e inesquecível sinergia. Brilharam, aqui, de novo os irmãos Eubanks, o trompete de Alex Sipiagin e o sax alto de Jaleel Shaw, mágica revelação, cujo "cartão de visitas" já recebêramos um dia antes, na jam promovida por B. Marsalis.
Só faltou mesmo Billy Kilson para a perfeição.
BIRÉLI LAGRÈNE GIPSY PROJECT @@@@1/2
Empunhando sua semi-acústica "cigana" (cordas de aço), quem chamaria para um duelo Biréli Lagrène ? Penso que nem Django Reinhardt, seu mentor e moto perpétuo de inspiração, a tanto se aventuraria.
O guitarrista, polivalente na discografia, encontra evidente conforto neste tipo de formação - guitarra solo (Lagréne), contra-baixo (Diego Imbert), guitarra rítmica (Hono Winterstein) e sax soprano e tenor (Franck Wolf) - aparentemente "simples", mas ontológica e antologicamente jazzística.
Atacando temas clássicos de Django, antigos standards como This Can´t Be Love e Cherokee, bem como originais, inclusive Parkerianos, Lagrène contagiou o Festival com o mais intenso, pulsante, extrovertido e sincero jazz que naquele palco se viu ao longo dos três dias do evento.
Enfim, puríssimo jazz "na veia", não só pela desenvoltura do líder e sua técnica olímpica, mas em grande parte pela descoberta do sensacional saxofonista Franck Wolf, de cujo cadinho de influências extraiu um impensável blend dos estilos de Benny Goodman, Sidney Bechet e Pee Wee Russel. Isto no soprano, principalmente, mas, acreditem, também no tenor, onde, aí, também Lester Young fez-se presente, solene, mas sem jamais perder a alegria que determina a música deste conjunto.
O concerto, impulsionando o lançamento do CD "Move" (2005, Dreyfus), trouxe um tufão de emoções para verdadeiros jazzófilos e, valeria, ele só, por um festival inteiro.
ART VAN DAMME QUINTET @@1/2
Lenda viva do Jazz, Art Van Damme, embora fragilizado em razão da idade, conseguiu realizar um concerto digno de sua história e importância, à frente de seu correto quinteto, cuja formação, com a substituição do piano pelo acordeón do líder, é a mesma dos clássicos conjuntos de George Shearing (vibrafone, guitarra, baixo e bateria).
Composto basicamente de standards e originais "standardizados", o set list promoveu um passeio pela sólida carreira de Van Damme e seus encontros com alguns dos maiores nomes do gênero, refletidos na originalidade dos improvisos que o virtuoso ainda consegue, com grande categoria, enfileirar, provando a majestade que nunca dele se retirará na evolução do instrumento e, de resto, do próprio Jazz, notadamente na incorporação de novos timbres e sonoridades para o gênero.
Um fecho emblemático para o Festival, que primou pelo acerto na escolha de um cast, no geral, de altíssimo nível artístico, avaliação válida, claro, exclusivamente para o palco Club, com a devida licença das demais "tendas" e suas respectivas "tribos".
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