Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho)*in memoriam*; David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels)*in memoriam*,, Pedro Cardoso (o Apóstolo)*in memoriam*, Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge), Geraldo Guimarães (Gerry).e Clerio SantAnna

CHIVAS JAZZ FESTIVAL 2004 - 5/4/2004 - COTAÇÕES

16 maio 2004

BUD SHANK QUARTET - @@@1/2

Para quem pensou deparar-se com o autêntico modelo de west coast, o veterano Bud Shank tratou logo de espantar rótulos de qualquer espécie, com um Bouncing with Bud (B. Powell) de alta histamina, que revelou a forma ainda exuberante de um dos mais profícuos altos de toda a história do jazz, mesmo prestes a completar 78 anos.

À frente do trio estelar formado por Bill Mays (piano), Bob Magnusson (baixo) e Joe LaBarbera (bateria), Shank evoluia em set vigoroso, que, infelizmente, “amornou” com a vinda ao palco de João Donato, numa celebração da pioneira associação do jazz à bossa nova, em 1962.

Ótimos originais (Big Mo, Carousels) associados a clássicos como Nature Boy (E. Ahbez), Theme For Jobim (G. Mulligan) e Yarbird Suite (C. Parker) garantiram a excelência da apresentação, com destaque, além do absoluto desembaraço do líder, para o bom gosto de Mays, fortemente influenciado pela música clássica, os solos melodiosos do coringa Magnusson, e a maestria de LaBarbera notadamente nos pratos.

LOUIS HAYES QUINTET - @@@@@

Fez a diferença no festival. Jazzistas de verdade entregando jazz de verdade. Uma apresentação histórica, que encarnou, com a mais absoluta fidelidade, o espírito de um dos combos mais importantes dos anos 60/70, o quinteto/sexteto do saxofonista Julian Cannonball Adderley.

Após a morte de Billy Higgins e a notícia do precário estado de saúde de Elvin Jones, Louis Hayes assumiu, de vez, o posto de lenda viva, na bateria, do hard bop, tocando como nunca e absoluto em qualquer ritmo ou andamento.

Para sua Cannonball Legacy Band, convocou jovens músicos de extraordinário talento, incrivelmente afinados, individual e coletivamente, com o som do grupo dos irmãos Adderley, a começar do front line impressionante, formado pelo sax alto de Vincent Herring e pelo trompetista revelação Jeremy Pelt.

A cada década, surgem no máximo dois ou três altoists a quem se pode conferir o título maximo de nobreza no jazz, ou seja, neles reconhecer a legítima filiação musical a Charlie Parker. Foi assim, p.e., com Jackie Maclean e o próprio Cannonball, com Phil Woods, com Bobby Watson e o nosso Victor Assis Brasil, e sem dúvida, nos últimos anos, com Vincent Herring.

A velocidade de seu raciocínio aliada ao perfeito concatenamento de idéias, sem jamais deixar cair o elevado estágio de inspiração, o tranformou na escolha ideal - e natural - inclusive para assumir a direção musical deste quinteto, não por acaso por haver trabalhado, anos a fio, com o próprio Nat Adderley.

Jeremy Pelt, em que pese a afinação e domínio técnico superiores, nos mesmos moldes de W. Marsalis e Nicholas Payton, parece não ter mostrado tudo o que sabe, embora deixando, com suas precisas intervenções, a certeza de seu imenso potencial.

De Rick Germanson bastaria dizer que conseguiu criar a simbiose perfeita dos estilos dos três principais pianistas que tocaram com Adderley, soando principalmente como Victor Feldman, mas trazendo, também, o incrível soul de Bobby Timmons e, embora em menor porção, até mesmo o fraseado menos expansivo - mas altamente criativo - de Joe Zawinul.

No baixo, Vincent Archer completou a seção rítmica, o tempo todo dobrando na mão direita, na busca - nada fácil - de reproduzir o peso sonoro de Sam Jones, peça fundamental na unit de Cannonball. Archer é dono de uma “pegada” vigorosa, compartilhada, entre outros, por mestres como Cecil Mcbee e David Williams.

Deles ouvimos - à exceção, talvez, de Mercy, Mercy, Mercy (J. Zawinul) e Bohemia After Dark (O. Pettiford) - praticamente todos os temas consagrados pelo homenageado: Del Sasser (S. Jones), Never Say Yes (Adderley), Sack O' Woe (Addeley), Dat Dere (B. Timmons), Fiddler on the Roof (Bock/Harnick), culminando com as obras-primas do irmão Nat, Work Song, e, no bis antológico, Jive Samba (primeiro batizada Bossa Nova Nemo).

Pena que a eloquência da primeira noite - memorável sob vários aspectos e que, por si só, já valeria por um festival inteiro - nem de longe foi lembrada nos dias seguintes desta última edição do Chivas Jazz.

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