Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

Cuba

01 abril 2004

Relendo o roteiro idealizado por Mau Nah para uma viagem inesquecível às Highlands, lembrei-me de ter confeccionado, em dezembro de 2000, a pedido de meu irmão Gilberto e do nosso bom DePires, um roteiro baseado em minha primeira viagem a Cuba, em janeiro/fevereiro daquele ano. O Fernando mencionado vem a ser outro "irmão" meu, Fernando Teixeira, presidente da Brascuba (50% Souza Cruz - 50% Governo Cubano), à época.

"Senhores,

Embora eu não tenha viajado pela COPA, acho prudente resguardar a matilha das eventuais surpresas de bordo. Portanto, nada mais recomendável que comprar, no infecto Free Shop de Guarulhos, munição adequada para cada um; um cachorro e uma "aguinha boa", litros, bem entendido.

A chegada em Habana já vai contemplá-los com a estupenda recepção de nosso bom e indefectível Nelson, dublê de motorista e cachaceiro, expert em cinema nas horas vagas. Do aeroporto, antes de seguir para casa, façam o "recorrido" Bodeguita – El Floridita, para uma ambientação mais rápida.

O capítulo programação diurna passa, necessariamente, por uma tarde de dia ensolarado no restaurante no terraço do Hotel Ambos Mundos. Tradicionalíssimo hotel, embora pouco freqüentado pelos turistas em geral, foi residência de Ernest Hemingway durante a época da construção da residência dele, "Finca Vigía", outro passeio obrigatório. Recomendo almoçar no Ambos Mundos por 2 razões: a primeira delas porque come-se lá uma bela paella, e lembro-me de ter bebido um magnífico Pesquera; a segunda, pelo estupendo visual de Havana vista de cima, ao sabor de um bom puro e rum idem.

Uma sugestão para drinques à tarde nos remete ao agradável bar do Hotel Florida e sua arquitetura deslumbrante; lá costumava beber gin tônica antes do almoço, já que foi o único local de Havana em que encontrei Bombay Sapphire (também dispõem de boa vodka, lá). Ainda obrigatória (para mim, obrigação diária) é a ida à Bodeguita del Medio para um mojito, ou mesmo ao “El Patio”, bar em frente à Catedral, ao lado, também de estupenda estirpe, e com boa freqüência durante todo o dia.

Eu costumava encerrar a tarde no Café Oriente, próximo à Igreja de São Francisco e que se tornou muito querido pelo atendimento atencioso nas mesinhas ao ar livre, além do melhor mojito da Ilha em minha opinião, sempre conjugado com as extraordinárias e crocantes bananinhas fritas.

Não deixar de passear, em hipótese alguma, na Plaza Vieja, especialmente no final de tarde, e depois relaxar no bar da esquina da Rua Brasil, que é centenário e de onde podemos ver o contraste das construções em reforma com aquelas já reconstituídas, tudo ao redor da Praça. Para uma cachaçada mais profissional, adentrem o Bar “Dos Hermanos”, o favorito de García Lorca. Ao lado, igualmente prazeroso, está localizado o Bar do Havana Club, com relíquias da marca e outras bugigangas que tais.

O capítulo jantar reserva algumas surpresas bastante agradáveis, e entre elas considero imperdível uma ida ao "La Guarida", célebre como locação do filme "Morango e Chocolate" e onde jantei com Gabriel Garcia Márquez e Arthur Miller ao lado. Fernando cuidará da reserva, que é missão quase impossível, já que lá ele é rei.

Acho o ambiente do restaurante do Hotel Nacional imponente e chique ao mesmo tempo, embora pareça-me que o serviço do hotel propriamente dito esteja decadente. Lá se consegue a melhor “Lagosta à Mariposa” da Ilha, e, também, a melhor carta de vinhos, especialmente franceses, a preços acessíveis. (lembro-me bem de um Rhône, de produção do Jaboulet, que estava esplêndido, a US$ 35 !!!)

Comemos muito bem na Floridita (El Floridita, por engano de Hemingway), talvez a melhor recomendação de carne bovina, artigo raro na Ilha, e acho que vale a experiência de sentir um pouco o clima de Cuba no auge dos anos 40 e 50.

Para a última noite recomendo o restaurante Tocororo, para muitos, inclusive nosso digníssimo FHC, o melhor de todos. É caro, mas vale cada centavo, especialmente uma Sinfonia de Frutos do Mar que eles servem lá, acompanhada por champagne de boa cepa.

Uma ida ao Clube Habana com o Fernando é sempre bom programa, e creio que vocês vão gostar muito da infra-estrutura disponível, com academia, quadras, praia, boas piscinas, restaurante, ...etc., além de uma charmosa Casa del Habano, onde eu costumava fumar um Série D4 de fim de tarde. Também costumava ir muito à loja localizada na 5ª Av. com a 16, onde fiz boa amizade com o gerente, Hosmani (falem em meu nome), a quem vocês deverão recorrer para obter aqueles puros tidos como impossíveis de se encontrar nessa época, especialmente os da marca Ramón Allones, que ele mantém guardados no cofre da loja.

A feira livre próxima à estátua de La Giraldia em Habana Vieja sempre vale dar uma olhada, especialmente pelo interessante artesanato oferecido lá.

Não deixar de ir, em hipótese alguma, à boate Macumba, reduto das cubanas mais sensacionais da Ilha, e que dançam como verdadeiras deusas; aliás, os cubanos, de forma geral, dançam como ninguém, é espetáculo de se ver. No mesmo ambiente há um restaurante chique, que me pareceu digno de um teste (Fernando orientará vocês a respeito, já que lá ele faz sempre questão de ir).

Com sorte, é possível assistir a algum concerto ou ao sensacional balé de Cuba pilotado pela Alicia Alonso, e nisso, mais uma vez, pode-se contar com a estrutura do Fernando em Brascuba para ajudá-los. Nos Teatro Nacional e Teatro Karl Marx sempre se consegue assistir alguma coisa interessante, o que é imperdível, especialmente se considerarmos a importância histórica do Karl Marx nos discursos do Che e de Fidel; hoje, os Festivais de Cinema e de Jazz são encerrados lá.

Estará agendada uma visita a El Laguito, fábrica do Cohiba e do Trinidad (a marca mais importante do mundo), que, afirmo, é experiência inesquecível. Não se esqueçam de dar um grande beijo em Emilia Tamayo, diretora da fábrica, e com quem me relacionei muito bem, tendo, inclusive, enviado uma foto minha com ela na fábrica, com dedicatória (se ela lhe der uma caixa de Trinidad, Diogo, agradeço a deferência de me ofertá-la, dado que você não fuma os puros).

Os passeios turísticos, vejam no guia (Capitolio, Plaza de la Revolución etc.), também são obrigatórios.

Tentem ir a Pinar del Rio, pois lá estão as mais famosas plantações de tabaco do mundo, e onde, caso tenham sorte, conseguirão encontrar Don Alejandro Robaina, o maior nome vivo da indústria “tabacalera”. Vale o passeio à “Cueva del Indio”, também.

Mais interessante que Varadero, caso tenham tempo, é viajar para a Cayo Largo, uma maravilhosa ilha virgem, encravada no Caribe, com razoável estrutura hoteleira, mas onde passei inesquecíveis momentos no fundo do mar, mergulhando até com garrafa. É barato, e vale o vôo, de aproximadamente 45 minutos.

São estas as modestas sugestões que gostaria de lhes transmitir, e creio que o Fernando possa recheá-las mais adequadamente in loco. Desejo-lhes que a viagem seja auspiciosa, agradecendo, compungido, se os amigos, em ato de extrema benevolência, me agraciarem com uma caixa de Torpedos Bolivar.

Saravá e até a volta,
Fraga"

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