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6º CHIVAS JAZZ LOUNGE - MISTURA FINA, 29/10/2003 - @@@@
05 novembro 2003
Afinal, o 6º CJL, a ele dedicado pelo produtor Luiz Carlos Fraga, disse a que veio, com o excepcional Tributo a Charlie Parker engendrado pelo produtor, que para o desafio escalou o operoso baixista Adriano Giffoni e seu quinteto, formado por Idriss Boudrioua (sax alto), Altair Martins (trompete e flugelhorn), Felipe Poli (guitarra) e Amaro Júnior (bateria).
O grupo, que dispensou o piano em busca de uma proposta harmônica mais ousada, com a guitarra liderando a seção rítmica, passou com louvor na prova maior que representa enfrentar o songbook parkeriano, verdadeira bíblia do jazz moderno.
Um set list com nada mais nada menos que 9 (nove) temas de Parker já valeria o ingresso e dispensaria comentários adicionais, tal a vitalidade das ações de Bird, clássicos para sempre, à altura dos "fundamentos" do passado, Bach, Mozart e Beethoven.
Mas o modus adotado pelo combo, esse sim mereceu atenção ainda mais especial.
A desenvoltura de Adriano Giffoni é por todos os seus colegas conhecida e reconhecida, como dão prova suas atuações ao lado das mais importantes figuras da música popular e instrumental brasileira. Sua inesgotável capacidade de ancorar os mais diferentes arranjos, sempre de modo sólido e competente, repetiu-se, com êxito total, em ambos os sets. O surpreedente, de certa forma, foi constatar que Giffoni é, também, um solista de jazz excepcional.
Se, de um lado, é verdade que a chamada "única arte original dos EUA" revelou dezenas de contrabaixistas geniais no dom de harmonizar e "pulsar" a música americana, não será absurdo dizer, de outra parte, que poucos deles se destacaram no dificílimo ministério dos "solos", até porque estes, em princípio, nasceram, a exceção do piano, para os instrumentos melódicos, e estes para aqueles.
Giffoni, porém, mostrou uma verve de idéias luminosas ao longo de seus chorus e uma "limpeza", quase que "pré-ordenada", na execução destes, que, de fato, causou sólida impressão, ainda mais se confrontadas estas virtudes com a difuldade técnica que impunha àquelas belíssimas frases.
De Idriss Boudrioua pouco resta a falar, já que, desde muito antes do 1º CJL - ao qual também atendeu no quinteto de Dario Galante - o saxofonista vem ratificando musicalmente aquilo que costuma responder aos que dizem-se saudosos de seu sax-tenor: "o alto é meu 3º braço, já nasci com ele". De fato. Boudrioua é o Phil Woods brasileiro, o que não é pouco, diante do estatura do maior discípulo de Parker vivo. Raciocínio supersônico, bom gosto à toda prova, noção exata de como construir as improvisações e domínio total do universo bebop foram alguns de seus predicados em maior evidência naquela noite.
A seu lado, Altair Martins apresentou desenvolvura mais que suficiente para alinhá-lo com os grandes nomes do trompete brasileiro de hoje. Sua compreensão dos arranjos e o modo muitas vezes original como alternou-se ao saxofone em contraponto nas harmonizações, associado a inventivos improvisos, tanto no som aberto quanto usando as surdinas, deram-lhe destaque à parte no concerto.
Felipe Poli é dono de um timbre rico, muitas vezes casado com o som de Kenny Burrell, em especial em ambiente mainstream. Sua competência não deixou qualquer saudade do piano, instrumento ausente no formato escolhido pelo líder. Ao contrário, o guitarrista contribuiu decisivamente para o frescor dos arranjos, cujo grande achado foi o de manter a "pressão" natural dos temas, sem abrir mão da originalidade em sua leitura.
Já por em nada destoar de tão valoroso conjunto, tal, por si só, qualificaria a ótima performance do baterista Amaro Júnior, o que, se considerada sua juventude, multiplica exponencialmente seu potencial como instrumentista, a ser logo percebido, é certo, pelos gigantes de nossa música.
Além das obras do homenageado, que preencheram todo o 1º set e boa parte do 2º, Giffoni mostrou, na sessão seguinte, três composições próprias, a balada "Tema da Tarde", o "sambaião" "Nem Lá, Nem Cá" e a didática "Duo Número Um" (só baixo e bateria), todas com inspiração bastante para arrancar aplausos tão efusivos quanto aqueles dispensados aos temas mais familiares à inflamada platéia.
O Tributo não esqueceu de clássicos da música americana cujas versões de Bird ficaram célebres como All the Things You Are e Laura, esta última oferecida no bis ao produtor da noite, que presente melhor não poderia sonhar em receber. Foi o ápice de uma noite luminosa, que superou todas as expectativas e consolidou no cenário artítisco o papel do CJUB como uma das forças motrizes da boa música na cidade.
Que venha o Jazz Panorama de Marcelink !
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