Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

E rola o "Gypsy Jazz"...

16 julho 2003

Originou-se com um guitarrista cigano com dois dedos estrepados e é uma mistura improvável do "swing" americano dos anos 30 com a "musette" francesa dos grandes salões e as levadas "folk" da Europa ocidental. Mesmo 50 anos após a morte da estrela que o fundou, Django Reinhardt, que superou o fato de ter uma mão prejudicada por um acidente para adquirir um virtuosismo inacreditável, o "jazz-cigano" não apenas está vivo mas atraindo novos fãs com suas cadências quebradas e ritmos esfuziantes.

"Há algo especial no temperamento desta música," diz Jean-Francois Robinet, organizador do festival anual de "gypsy jazz" na cidade francesa de Samois-sur-Seine, onde Reinhardt passou seus últimos dias. "Tem um feeling languido, sedutor. Mas que, num instante, pode atingir você na boca do estômago", diz M. Robinet, admirador confesso de Django, que se apresentou no festival a cada mes de junho, na maior parte dos últimos 35 anos.

O "gypsy jazz" também conhecido como "jazz manouche" como a ele se referia a tribo cigana francoparlante de Reinhardt, vem parecendo retomar seu caminho desde que seu pioneiro morreu de um ataque cardíaco aos 43 anos. O crescimento do interesse em "world music" e nas performances acústicas está proporcionando ao estilo novas audiências para além do núcleo "duro" de devotos do jazz, e as famílias ciganas são ainda seus principais expoentes.

A cerca de 60 quilometros de Paris, subindo o rio, numa garganta do Sena, a cidade de Samois tornou-se o lar espiritual do "gypsy jazz", atraindo milhares de pessoas este ano para uma semana de música e homenagens a Reinhardt, movidas a álcool.
Enquanto os maiores expoentes dessa vertente tocam no palco, a principal atração de Samois pode ser encontrada num pedaço de terra lá atrás, onde guitarristas de todo o mundo se reúnem impromptu, formando conjuntos.

Música é a linguagem
Ali, um guitarrista manouche e seu neto de sete anos podem ser vistos desenvolvendo um "standard" do gênero, lado a lado com um sueco ou um britânico de meia-idade, em bandas formadas por até seis guitarristas. Os solos passam de um para o outro enquanto os demais aquecem o ritmo. Muito freqüentemente sem uma lingua comum entre eles, a música se transforma na única ferramenta de comunicação, associada a sorrisos ocasionais, polegares para cima e aplauso mútuo. "Esta é a minha primeira vez aqui em Samois. Comecei a tocar "gypsy-jazz" há dois anos. Ele tem esta qualidade "viva" que eu adoro", diz Andreas Oberg, 24, de Estocolmo.
A habitualmente sonolenta cidade de Samois não poderia estar mais longe, em espírito, da tumultuada vida levada por Reinhardt, com quem o estilo floresceu. Nascido numa vila próxima da cidade belga de Charleroi em 1910, Django aprendeu a tocar a guitarra cigana bem jovem, antes que um incêndio em sua caravana tivesse lhe prejudicado o uso de dois dedos da mão esquerda. Nem essa deficiência impediu que o jovem de 18 anos refinasse um estilo que até hoje espanta a professores do instrumento, adequando solos em velocidades altíssimas a mudanças de acordes que até hoje são suas marcas registradas..
Submerso nas influências ciganas do leste europeu e tocando a música dançante francesa nos cafés de Montmatre, a "musette", conheceu um artista francês que o apresentou ao jazz de Duke Ellington e Louis Armstrong.
Algo ali fez um clique, e uma nova música nasceu. Associando-se ao violinista Stéphane Grappelli em 1934, o "Reinhardt's Quintette du Hot Club de France" ficou famoso no espaço de um ano. Até a 2a. Grande Guerra, produziram mais de 200 números, entre composições próprias de Django e releituras de standards do jazz.
Sua reputação como músico estava selada não apenas entre os músicos americanos que vieram a maravilhar-se com o europeu que tinha adicionado algo novo à música "deles", mas muito além. Instado uma vez por Andres Segovia a dizer o nome da música que tinha acabado de tocar, Django deixou sem ação ao mestre da guitarra clássica, ao dizer: "Não sei o nome. Acabei de inventar."
A guerra separou o grupo, Grapelli ficando em Londres e Reihardt ficando sempre um passo à frente dos nazistas - cujas determinações sobre raça o teriam matado - em alguma caravana, em qualquer lugar entre a Suíça e o Norte da África.
Depois de uma turnê nos EUA com Duke Ellington em 1946, Reinhardt voltou à França com uma guitarra amplificada e a determinação de atualizar sua música com os novos idiomas do bebop do saxofonista Charlie Parker e do trompetista Dizzy Gillespie.

Nova geração
A despeito de alguns rasgos de sua genialidade inicial, muitos achavam que estava faltando algo mais em sua maneira de tocar. De qualquer maneira, o jazz tinha encontrado um novo herói da guitarra bebop na figura de Charlie Christian. Então Reinhardt recolheu-se a Samois onde jogou sinuca num bar local e pescou no Sena até sua morte súbita em 1953. Enquanto morria desiludido, sua herança musical permanece até hoje inquestionável.
As estrelas atuais do "gypsy jazz", como Bireli Lagrene, conseguem lotar um recinto grande e a musica ainda pode ser ouvida em bares como o La Chope des Puces, perto do mercado das pulgas de St. Ouen, ao norte de Paris.
Robinet e outros dizem que uma das preocupações atuais é que cada vez menos jovens "manouches" parecem estar vindo para a guitarra, significando que a música poderia se afastar das raízes européias, que a distinguem do jazz "mainstream" dos EUA. "Está nas mãos da nova geração agora, não importa de onde venham," diz Chatou Garcia, um cigano de 59 anos vestido numa veste branca, usando um chapéu fedora e uma bela argola de ouro numa das orelhas. "Está evoluindo, como deve acontecer. Mas não deve brincar muito longe de casa, de onde tudo começou. Para não ficar muito americano."

Um comentário:

Benoit Decharneux disse...

OLA PESSOAL , PARA QUEM CURTE O JAZZ CIGANO DO HOT CLUB DE FRANCE , EU TENHO UM QUARTETO NO MESMO FORMATO
VALE A PENA CONFERIR AQUI :
WWW.MYSPACE.COM/HOTCLUBDOBRASIL