Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

O "boom" no jazz institucional -
por Ken Franckling, da United Press International

04 junho 2003

O mundo jazzístico é tão mutante como o próprio estilo musical. Para que se possa ter idéia do que rola no país que inventou o jazz e o exportou, felizmente, para o resto do mundo, traduzi livremente o artigo de ontem de Ken Franckling, publicado na UPI. Assim podemos notar como a iniciativa privada é, e será sempre, a grande provedora de recursos que permitem aos luminares de uma determinada arte, a liberdade criativa - sem a preocupação de como pagarão suas contas no final do mês - em prol do enriquecimento cultural de sua comunidade.

Ao contrário da Europa, onde grande parte do jazz é mantido por festivais subsidiados pelos governos e pelas orquestras fixas de emissoras de rádio e de TV, nas quais os músicos garantem salários lucrativos o ano todo, o cenário do jazz nos EUA vem experimentando uma economia da- mão-para-a-boca ao longo de grande parte de sua tradição mais do que centenária.
A primeira grande exceção foi "Jazz at Lincoln Center," que ao longo da última década solidificou seu status institucional, consolidando um fundo para receber doações, pagando à sua orquestra "estável" um salário, e caminha para a frente com planos de construir sua sede própria no Columbus Circle. O fato de que o diretor artístico do J@LC seja o trompetista Wynton Marsalis, um dos mais visíveis músicos do jazz e não mais apenas o precoce líder do movimento criado pelos "young lions" do jazz, do final dos anos 80, certamente ajudou.
A alta visibilidade da programação do Lincoln Center e o sucesso na captação de doações levou a dois experimentos similares porém distintos em New Orleans e São Francisco.
O trompetista Irvin Mayfield foi nomeado recentemente diretor da New Orleans Jazz Orchestra e diretor-executivo do Instituto de Cultura do Jazz da Dillard University. Mayfield é também o co-líder da banda Los Hombres Calientes, baseada em New Orleans, um dos conjuntos de jazz Afro-Caribenho considerados "top" no país.
Ele repudia acusações de que esteja pautando sua carreira e a de sua Instituição no sucesso de Marsalis no Lincoln Center, embora o conterrâneo seja um dos membros do conselho de administração da New Orleans Jazz Orchestra.
"Acho que algumas pessoas pensam que Wynton me deu essa posição. É tão ridículo para mim quanto é para ele. Eu acho que parte da tradição do jazz é a de aprender com os mais velhos." Se Louis Armstrong estivesse vivo, "eu tentaria colar nele", disse Mayfield à Revista Jazz Times. "Eu não estou criando nada disso para mim, é um esforço comunitário. Tem de ser."
SFJAZZ, a organização artística não-lucrativa que gere o San Francisco Jazz Festival a cada outono, tomou outro bordo diferente sob a liderança de seu diretor-executivo, Randall Kline.
Vários anos atrás, lançou uma ambiciosa Temporada de Primavera, com concertos de jazz cujas temáticas eram altamente criativas, sob a direção artística do saxofonista Joshua Redman, que recentemente voltou à sua cidade natal, vindo de Nova Iorque.
Nesta primavera, SFJAZZ também anunciou a criação de um conjunto de jazz residente, composto só de estrelas. Começando em Março próximo (2004), Redman vai liderar um grupo de gerações mistas, chamado de "SF Modern JAZZ Collective". Que incluirá Bobby Hutcherson, o decano dos vibrafonistas do jazz moderno, mais o trompetista Nicholas Payton, o saxofonista-alto Miguel Zenon, a pianista Renee Rosnes, o trombonista Josh Roseman, o baixista Robert Hurst e o baterista Brian Blade.
Isso ensejará a residência em São Francisco, por várias semanas, anualmente, para ensaios de novas composições ou novos arranjos de composições anteriores, apresentações em concertos, presença e liderança em eventos educacionais para jovens e adultos, entre outras atividades.
Após a temporada em SF, o grupo ganhará a estrada, rodando por outras cidades da Califórnia durante 2004 e, nos anos seguintes, através de outros estados do Oeste. Só então cruzará o país.
O repertório anual do grupo vai mesclar obras de um grande compositor de jazz da era moderna (i.e., de 1950 em diante) e novas composições encomendadas pela SFJAZZ à própria banda de oito elementos.
O tamanho da banda em concertos será tão flexível como a própria música, amoldando-se de um octeto completo a vários quartetos, trios ou duos, segundo exija a situação musical. As obras do grande compositor para o próximo ano serão as do saxofonista e revolucionário do jazz moderno Ornette Coleman.
"A química desta banda vai ser maravilhosa. Cada membro é um músico de jazz brilhante à sua própria maneira e um grande compositor e líder na cena do jazz de hoje. É uma grande sorte que estejam podendo dispensar um período de 5 semanas para esse projeto e contribuir com suas criatividades," diz Redman. "Todos nós temos um grande compromisso com a originalidade, a criatividade e a expressão, no momento. Todos comungamos no reconhecimento do jazz como uma música que está constante e contínuamente mudando, evoluindo e inovando-se ao longo do tempo. E acho que todos nós temos a vontade de fazer parte dessa mudança."
Esta nova iniciativa da SFJAZZ está sendo bancada por uma doação de trezentos mil dólares da James Irvine Foundation. [...]
Os componentes da SF Modern JAZZ Collective vão iniciar cada ano de residência em São Francisco com duas semanas completas de ensaios, sem as pressões de turnês ou apresentações.
"Graças ao respaldo institucional, teremos o luxo de iniciar a temporada com uma quantidade fenomenal de ensaios, improvisações livres e atividades musicais não-ligadas à performances públicas. A música terá então a chance de se desenvolver fora do contexto de show", diz Redman, "e eu acho que este modelo diferente de trabalho em conjunto vai ajudar a produzir musica muito boa, que talvez não aflorasse não fosse assim."
O mundo do jazz estará prestando a maior atenção.

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