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NOSSO PATRONO: DICK FARNEY (Farnésio Dutra da Silva)
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Teatro Karl Marx, Ciudad de La Habana
16 dezembro 2002
Há 3 anos, aqui nesta mesma Habana, tive a coincidência - e a frustração - de encontrar Gabo em um renomado paladar, "La Guarida", onde foi filmado o filme "Morango e Chocolate". Frustração porque, ao pedir-lhe um autógrafo em meu cartão de visita, tive o mesmo recusado sob o compreensível argumento de que ele só o faz em livros. Certo de que aquela seria minha última oportunidade de registrar tão significativo encontro, resignei-me e mantive a lembrança daquele momento como definitivo autógrafo em minha memória.
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O Teatro Karl Marx, palco de históricos discursos de Fidel Castro, estava em noite de esplendor na noite de encerramento do XX Festival Internacional Habana Jazz Plaza, ontem. Lá estava a estelar presença de todos os músicos convidados para o Festival, que tocaram diversos e inesquecíveis standards ao longo de toda a primeira parte da noite, entre eles Roy Hargrove, Regina Carter, Kenny Barron, David Murray e Uri Caine. A registrar, uma antológica versão de "Take de A-Train", vocalizada por uma cantora italiana, Roberta Gambarini, de quem procurarei descobrir mais acuradamente o trabalho. Seguida à apresentação vocal, uma formação somente cubana repetiu o mesmo standard, com traços unicamente locais, em que o destaque foi o monumental pianista Emilio Morales.
Encerrado o primeiro set, adentra o palco nosso gênio maior, Egberto Gismonti, elegantemente vestido e privilegiando o rubro em sua touca e lenço, desfiando, inicialmente em versões solo, ora no violão de 12 cordas ora ao piano, algumas de suas melhores peças: "Lôro", "Frevo", "Maracatu"e "Cigana".
Em seguida, e já com a respiração em pandarecos, presenciei, para o resto de minha existência, a maior apresentação a que já assisti de um músico brasileiro em toda a vida - juntou-se a Egberto a Orquestra Sinfónica Nacional, em sua formação completa, sob a regência de Leo Brouwer. Foram tocadas 3 peças, que, utilizando uma expressão cunhada pelo Grande Mestre JDR, ficarão encapsuladas no tempo.
A primeira delas, "7 Anéis", consagrou toda a capacidade criativa de Egberto (que seguia ao piano), com destaque inconteste para as cordas, em releitura de intenso romantismo.
A música seguinte, talvez numa homenagem à distância, pelos 50 anos de meu querido Sazinho, foi "A Fala da Paixão", da qual tenho apenas a mencionar que o embaçamento de meus olhos me impediu de ver, com melhor acuidade, o teclado do grande Maestro.
A derradeira ... bem, voltemos a Gabo.
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A terceira música, "Forró", foi encerrada com um duo, de cello com Egberto no pífaro, que me fez voltar no tempo para a histórica apresentação no Theatro Municipal, em 1985. Acesas as luzes, para minha estupefação, lá estava, quase 3 anos depois, Gabriel García Márquez, de quem, desta feita, obtive o prêmio maior em meu exemplar do "Amor nos Tempos do Cólera"- lá está registrado, doravante, "Para Fraga, del amigo Gabriel - Habana, 2002".
Encerrada a histórica noite, tenho hoje a absoluta certeza de que a espera de toda uma vida para obter tão singelas palavras em meu livro favorito, nada mais era que a única forma possível de estampar "palavras sonoras", de tão querida significação, e que só fariam sentido - como o fazem - por estarem acompanhadas da lembrança de Egberto Gismonti.
Minha vida está mais colorida desde ontem.
Amém.
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