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NOSSO PATRONO: DICK FARNEY (Farnésio Dutra da Silva)
..: ESTE BLOG FOI CRIADO EM 10 DE MAIO DE 2002 :..
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(COM ALGUM ATRASO) GIDON KREMER & KREMERATA BÁLTICA, TEATRO MUNICIPAL, 4/11/2002
11 novembro 2002
Nos últimos 50 anos, entretanto, tomou vulto, forte corrente em sentido oposto, valorizando - muitas vezes ao extremo - a busca da fidelidade ao universo do compositor, aí também incluída, muitas vezes, a própria ambience histórica de produção. Instrumentos (quando não indumentária) de época fizeram a festa de melômanos principalmente nos anos 80, quando a onda tomou de assalto principalmente uma nova "redescoberta" do Barroco, platinada pela então revolucionária pureza do som digital. Até hoje, o ápice do movimento é Hogwood, à frente da Academy of Ancient Music.
Claro que in medio stat virtus. O bom senso recomenda procurar, sim, o clima, o contexto, em que a peça foi escrita - e va lá, num exercício de absoluto empirismo, também as supostas "intenções" do autor - porém sem nunca abrir mão da liberdade de interpetação que faz, exatamente, a distinção entre o músico genial, e, o medíocre ou "só" "acadêmico", expressão muito usada outrora.
A Kremerata Baltica, afinal, sob a direção do Gidon Kremer, em sua passagem recente pelo Municipal, reacendeu em minha mente o confronto entre os paradigmas da interpretação que o século passado testemunhou.
Isto porque, partindo para uma análise inteiramente diversa da - elogiosa - crítica de Luis Paulo Horta, para O Globo, ouviu-se um Vivaldi inteiramente deslocado de sua época, à qual, aliás, em nenhum momento o líder fez questão de pagar tributo. Era um Vivaldi a la Gidon Kremer, exatamente como, até 1960, tinha-se um Chopin, um Schumman, um Beethoven à maneira de Horowitz, ou de Richter ou, ainda depois, o próprio Bach, subvertido por Gould.
O excessivo uso do rubato, as constantes alterações no andamento, a falta de consistência na visão geral da obra, pianíssimos "etéreos" fora de lugar, enfim, um Vivaldi, a nosso ver, meio que "desastrado", sem nenhuma marca do Barroco Italiano e, portanto, sem qualquer autenticidade, circunstância gravíssima ainda mais em se tratando de peça tão notória quanto as 4 Estações.
Inaugurando o concerto, uma obra moderna cuja inclusão no programa só mesmo porque dedicada ao solista se justificaria, dado à pobreza da partitura.
A "redução", para orquestra de câmara, sofrida pelo adagio da 10ª Sinfonia, de Mahler, mostrou-se absolutamente inapropriada, mesmo tendo por objeto um movimento lento, pois, ainda nesses, o punch da produção Mahleriana demanda a grande orquestra, para a qual praticamente toda ela, com poucas exceções, foi escrita.
Salvaram-se, de certa forma, as "Estações" de Piazzola, mais pela novidade de quem não as conhecia, do que, propriamente, pela execução e, ouso dizer, pela própria música, que abusa dos clichês - quase todos geniais, reconheço - presentes
na obra do grande mestre contemporâneo argentino.
O conjunto, cujo trocadilho sem graça lhe batiza - em que pese a fama com que aqui aterrisou - cometeu surpreendentes pecados de afinação e sincronia, e próprio kremer, do alto de seu renomado virtuosismo, não parecia, infelizmente, estar em seus melhores dias.
A apresentação, decepcionante do início ao fim, teve, sim, uma coisa de bom: lembrou-nos das memoráveis "Estações" com que Fabio Biondi e sua Europa Galante nos arrebataram, há dois anos, na Sala Cecília Meireles. Penso que Biondi, mais cauteloso (e respeitoso), não se lançaria, mundo afora, com Piazzola, mesmo que o adorasse. A mesma lição, com Vivaldi, pelo menos, Kremer deveria aprender.
Bene-X
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