Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

HISTORIAS DO JAZZ – N° 26

06 março 2007

“Os Cariocas” – A volta

Tudo começou durante a comemoração de mais um aniversário do programa “O Assunto é Jazz”, em 9 de dezembro de 1986. Como sempre, casa cheia com os estúdios repletos de amigos, ouvintes, músicos e curiosos que sempre apareciam atraídos pela nossa chamada “sala de visitas”. Alguém sempre levava uns salgadinhos e também o “chá escocês” que obviamente alegrava a audição. E tem mais, nosso programa nessa ocasião tinha apenas “QUATRO HORAS DE DURAÇÃO”.

Tocávamos as novidades, entrevistávamos os presentes e o tempo fluía alegre e descontraído. Nesse aniversário, Maurício Einhorn apareceu com Badeco, ainda um dos integrantes dos “Cariocas”. Entrevistei-o e entre as perguntas que fiz estava a clássica: “porque vocês pararam?”. Foram apresentadas algumas razões mas senti que o momento era propício para uma tentativa. Gedir Pimentel estava presente, era e ainda é amigo de Quartera, seu colega de Banco do Brasil. Combinamos então que poderíamos fazer um programa especial com o grupo, reunindo seus integrantes para contar como tinha sido a carreira e obviamente sobre a possibilidade de uma volta.

Assim sendo, em 10 de fevereiro de 1987, fizemos esse especial de duas horas, entrevistando Quartera, Severino Filho, Badeco e Valdir Viviani, que integrou a formação original do grupo no tempo de Ismael Neto. Lamentavelmente, apenas Luiz Roberto, por questão de trabalho, não pode comparecer. Esposas presentes, ambiente descontraído e os antigos sucessos do grupo sendo apresentados com explicações desse ou daquele integrante . Chegando ao final do programa, exortamos o grupo a tentar uma volta, com o apoio inclusive das esposas presentes. Severino ficou de pensar e eu tive a “brilhante idéia” de pedir que eles se despedissem com um acorde. Severino sinalizou e as quatro vozes se juntaram harmonicamente dando um fecho de ouro aquela audição.

Logo depois, Gedir nos informava que o grupo se reunira e começara os ensaios, aprimorando os antigos sucessos e renovando o repertório, E mais, havia um convite para que fossemos a um dos ensaios que seria realizado na casa de Severino. Isso ocorreu em 8 de junho de 1988, quando passamos a tarde na casa do maestro, assistindo o ensaio e aprendendo alguma coisa sobre “distribuição de vozes”.
Entrevistamos Luiz Roberto, já com a saúde comprometida. Ele nos disse que tinha duas saúdes: “a física, que de vez em quando dava um perrengue, e a musical, sempre em alta”.
Meses depois era anunciada a volta oficial dos “Cariocas”, num show a ser realizado no Jazzmania. Tivemos mesa reservada perto do palco mas algumas pessoas que haviam feito reservas foram colocadas na varanda, sem visão do palco, para que seus lugares fossem cedidos aos “globais”. Pedro, o nosso Apóstolo, protestou em altos brados e ameaçou se retirar mas, com jeito tudo se arranjou. Algumas presenças consegui notar, entre elas Gal Costa, Boni, Sérgio Mendes, Milton Nascimento e a filha de Severino, Lúcia Veríssimo.

Começa o espetáculo. Badeco assume o microfone, fala sobre assuntos diversos e a musica começa. Quase duas horas até o encerramento. Terminado o show, saímos e fomos interrogados por alguns amigos: “Porque nosso programa não fora citado,
porque a Fluminense FM não fora citada, porque Luiz Carlos Antunes não fora citado?”

Não soube responder. Talvez porque seria temeroso falar para a platéia que foi uma rádio de Niterói, através de um programa de Jazz, apresentado por um “desconhecido” que abriu suas portas para “Os Cariocas”, ignorados pela mídia durante vinte anos. Os “globais” poderiam não gostar! E finalmente, a vaidade do maestro Severino Filho, o mentor da omissão. A vida ensina e a gente aprende...

llulla

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