Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

DO OUTRO LADO DO JAZZ # 10

05 março 2007

HARLEM (I)

A parte de New York conhecida como HARLEM abrange a área norte da ilha de Manhattan, acima do Central Park entre as ruas 110 e 158, juntando-se a uma faixa ao nordeste conhecida como Washington Heights, do lado oeste a Henry Hudson Parkway marginal ao rio Hudson e a leste a Harlem River Drive beirando o próprio rio. A vila original foi estabelecida em 1658 pelo governador holandês da província Peter Stuyvesant que a nomeou de Nieuw Haarlem em homenagem à capital da província de North Holland na Holanda. Ricos fazendeiros por lá se estabeleceram até ocorrer um grande declínio econômico nos anos seguintes a 1830, quando então, fazendas abandonadas foram a leilão público. Com a melhoria dos transportes e o grande crescimento da população de New York após a Guerra Civil transformou o HARLEM em bairro das classes média e média alta. A partir de 1870 foi alvo de extensa exploração imobiliária e por volta de 1904-5 o mercado inflado com preços e aluguéis exorbitantes entrou em colapso. Nesta época, um homem de negócios e de raça negra Philip Payton iniciou a compra dos imóveis e pela primeira vez a população negra passou a dispor de ofertas de imóveis decentes e até mesmo luxuosos, desta forma a área foi se tornando pouco a pouco o centro de uma comunidade afro-americana.
A migração ocupacional continuou pelos anos 20 e acabou por redundar em um centro cultural urbano da América negra, principalmente em torno da rua 135 entre as avenidas Lenox e Seventh. Assim o chamado bairro negro em New York a partir de 1926 foi sendo vivenciado como um centro jazzístico de grande importância devido às grandes casas de espetáculos, salões de dança e cabarés como o Cotton Club, Savoy Ballroom, Connies Inn, Apollo Theater, Nest Club e outros. Entre 1929 e 1933 foi moda o público branco passar as noites de diversão em uma casa do bairro negro. Nos anos 40 o HARLEM começou a se esvaziar como centro musical, mas permaneceu ainda por cerca de duas décadas como centro espiritual do Jazz onde morava a maior parte dos músicos e onde se reencontravam freqüentemente. Atualmente apenas existem alguns pequenos clubes de Jazz de segunda linha.



HARLEM OPERA HOUSE – foi um grande teatro possuíndo 1540 assentos localizado em 207 west 125th street no coração do Harlem, construído em 1888 pelo empresário Oscar Hammerstein (*1847 †1919) avô do famoso compositor letrista Oscar Hammerstein II. Em 1922 foi comprado pelo emigrante austríaco Frank Schiffman e por Leo Brecher, já proprietários do Apollo Theater. Parece que Bardu Ali, o vocalista da banda de Chick Webb descobriu Ella Fitzgerald em um concurso para amadores. Há controvérsia de que o concurso ganho por Ella tenha sido no Harlem Opera House vizinho de quarteirão do Apollo Theater que também patrocinava concurso de calouros, mas sem dúvida foi o Harlem que a promoveu. Apesar do nome Opera House muitos espetáculos além das óperas ali eram realizados já na década de 20 e a partir dos anos 30 passou a abrigar as big bands da era swing, contudo com pouca duração uma vez que a partir de 1935 foi mantido apenas como cinema e o magnífico edifício foi demolido em 1969. Alguns nomes das bandas que ali atuaram foram: Teddy Hill, Don Redman, Charlie Turner, Chick Webb, Benny Carter, Fletcher Henderson, Tiny Bradshaw, dentre outras...


STRIDE - entre os anos 20 e 30 nascía no Harlem uma escola de Jazz a que se denominou de Harlem stride-piano fundamentada na criatividade dos pianistas James P. Johnson, Luckey Roberts, Eubie Blake e seguidores como Willie "The Lion" Smith e Fats Waller dentre outros. O STRIDE refletia uma modernização do ragtime e consistia em fazer alternar uma nota baixa (grave) sobre um tempo forte (3º) e um acorde sobre os dois tempos fracos (2º e 4º). Empregavam bastante o intervalo de décimas, no entanto, é incontável o número de variações produzidas pelos pianistas dada a riqueza da linguagem do Jazz. A partir dos anos 30 as características do STRIDE foram sendo empregadas também pelas bandas como as de Ellington e Basie. Grandes nomes do piano como Fats Waller, Duke Ellington, Earl Hines, Mary Lou Williams, Pete Johnson, Albert Ammons, Willie Smith, Count Basie, Teddy Wilson, Art Tatum, Errol Garner, Oscar Peterson, Thelonious Monk, Rolland Hanna, Jack Byard, Monty Alexander foram bastante influenciados pelo STRIDE.
Os principais mentores da escola foram os pianistas James P. Johnson (*1894 †1955), Luckey Roberts (*1887 †1968) e Eubie Blake (*1883 †1993, isto mesmo 100 anos!)
Podemos ouvir um dos marcos do STRIDE o tema Carolina Shout de James Price Johnson interpretada pelo próprio em gravação de 1921.



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