Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

- STAN GETZ E A CONTROVÉRSIA DO SOM COOL DE SAX-TENOR -

05 dezembro 2006

O saxofonista-tenor Stan Getz despertou a atenção dos críticos quando gravou o clássico “Four Brothers”, de Jimmy Giufre, com a orquestra de Woody Herman, em dezembro de 1947, tendo por companheiros na seção de saxes Zoot Sims e Herbie Steward (sax-tenor) e Serge Chaloff (sax-barítono). Essa gravação ficou famosa por ser o primeiro documento fonográfico em que quatro saxofonistas criaram uma sonoridade coletiva uniforme, mais contida e mais cool, ficando conhecidos como os Four Brothers.

Um ano depois, em dezembro de 1948, ainda com Woody Herman, veio a consagração definitiva de Getz através do seu memorável solo em “Early Autumn”, de Ralph Burns, plágio da velha canção “Something Sentimental”, grande sucesso na voz do maestro Vaughan Monroe no início dos anos 40. Os comentários sobre seu solo elogiaram sua sonoridade pura, sem vibrato e bastante intimista. Prestigiado pela crítica e parte dos músicos, abriram-se as portas do sucesso e da fama para Getz, então com 21 anos, recebendo a alcunha de “The Sound”, dando a ele o crédito por introduzir o novo som de tenor no jazz moderno.

Entretanto, verifiquemos atentamente a origem daquela sonoridade que passou a ser o modelo para os jovens saxofonistas. Getz recebeu o crédito, porém não foi ele quem criou o som cool do sax-tenor moderno.

Vamos objetivamente aos fatos. Façamos uma revisão da obra inicial de Getz. Antes de tocar com Woody Herman, ele gravou quatro temas para a Savoy, em 31 de julho de 1946, com Hank Jones (piano), Curley Russell (baixo) e Max Roach (bateria): “Opus de Bop”, “Runnin’ Water”, “Don’t Worry About Me” e “And the Angels Sing”. Sua sonoridade volumosa e seu ataque bastante agressivo são muito semelhantes ao estilo de Dexter Gordon e Morris Lane daquele período - pelos quais parece ter sido influenciado - contrastando frontalmente com seu solo de um ano e cinco meses depois em “Four Brothers”. Ninguém poderia imaginar que sua sonoridade se modificaria tão drasticamente.

No reverso da medalha, vejamos quem introduziu a sonoridade cool do sax-tenor no jazz moderno. É suficiente ouvirmos o solo de Herbie Steward (companheiro de Getz na banda de Herman) em “Introspection”, gravado em 15 de outubro de 1946, no álbum “Jazz Scene”– apenas dois meses e meio após as gravações de Getz para a Savoy – para perceber a diferença abissal entre as sonoridades de ambos e atestarmos, sem qualquer tênue sombra de dúvida, que Steward introduziu o som cool do sax-tenor no jazz moderno.

Coda: considerando as provas auditivas e suas respectivas datas de gravação, outra conclusão lógica é que Herbie Steward influenciou Stan Getz, fato jamais mencionado em livros, artigos ou comentários na imprensa jazzística.

Raf

P.S. Insisti na expressão "som cool do sax-tenor no jazz moderno" porque, como todos sabem, Lester Young criou a sonoridade cool do instrumento na Era do Swing, principalmente nas baladas.
A propósito, a grande maioria dos tenoristas revelados nos anos 40 e 50 foram influenciados por Lester "Pres" Young: Herbie Steward, Stan Getz, Zoot Sims, Al Cohn, Brew Moore, Jimmy Giuffre, Wardell Gray, Allen Eager, Dexter Gordon, Gene Ammons, Phil Urso, Dave Pell, Bill Perkins, Richie Kamuca, Bill Holman, Jay Migliori, Joe Romano, Don Rendell, Don Lanphere, etc, etc, etc, a lista é longa.

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