
Apesar da orquestra ser em si o grande “instrumento” da maestra, Maria Schneider abre generosos espaços para seus solistas, porém sem abandoná-los, pois são acompanhados por ensembles ora delicados e pontuais, ora crescentes até climaxes eletrizantes.
Em Concert in the Garden, destacou-se a conversa permanente entre o piano (Frank Kimbrough) e o acordeão (Gary Versace), com tema e improviso entrelaçados de forma tão sutil que quase imperceptível.
Em El Viento, peça com inspiração flamenca, por trás dos solos do trombonista Vince Gardner (denso e vigoroso) e do trompetista Jason Carter (a la Ferguson), ambos novatos na banda, riffs crescentes dos 3 naipes de sopros foram o toque Big Band do concerto.
Sea of Tranquility é um presente de Maria ao melhor barítono da atualidade, Scott Robinson, que, à frente da orquestra, levou a platéia da Terra à Lua, apoiado num colchão sonoro sofisticado.
Ingrid Jensen (flugel) e Bob Shepard (tenor), em inspirados solos, voaram da Pedra da Gávea às areias de São Conrado em Hang Gliding, composição dedicada ao Rio de Janeiro, cujo arranjo traduz em sons os movimentos de uma asa delta.

Não podemos deixar de ressaltar o trabalho espetacular da cozinha da orquestra, com solos de transição do guitarrista Ben Monder e atuação impecável de Greg Hutchinson, na bateria.
Maria Schneider alcançou o State of Art em Jazz Orchestra, e ouso afirmar que superou seus mestres, Gil Evans e Bob Brookmeyer. De fato, ela vem ampliando as fronteiras do Jazz.
Testemunhamos o “futuro” no presente.
A orquestra volta aos estúdios em janeiro, para gravar seu próximo cd – Sky Blue –, certamente uma nova viagem ao inexplorado.
Bravo, Maria !
(Gilberto Brasil é, há décadas, colecionador e estudioso do Jazz, e transformou-se na maior autoridade brasileira na carreira e obra da band leader Maria Schneider, de cuja amizade pessoal priva desde vários anos)
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