Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

I CHIVAS JAZZ LOUNGE INTERNACIONAL - BRAZILIAN JAZZ TRIO - 21/01/2004, MISTURA FINA

29 janeiro 2004

Realizei um sonho. Realizamos, todos.

Desde quando, numa remota apresentação de Claudio Roditi, no Birdland, me deslumbrei com Hélio Alves; desde que, ao longo dos anos, vinha assistindo - em diversos contextos - Duduka da Fonseca e Nilson Matta; enfim, do momento em que a todos ouvi, sonhei um dia assisti-los tocando juntos.

A aparição, a um só tempo, do trio de conterrâneos no Rio de Janeiro - bem mais facil na intensa e naturalmente jazzística noite de Nova Yorque, onde os três residem - sempre pareceu uma oportunidade tão longínqua quanto a distância entre as duas cidades.

Nos EUA, os três mantém carreiras de sucesso, liderando e ladeando os mais prestigiosos grupos de jazz, gravando e excursionando mundo afora, mantendo, enfim, agendas sempres cheias e, acredito, nem sempre fáceis de conciliar, nem mesmo em período de férias: Hélio é paulista; Duduka, carioca; e Nilson, de Paraty.

Bem verdade que a reunião de seus talentos, em parte das faixas do primeiro disco de Hélio ("Trio", Reservoir, 1998), ensaiou o gosto de realização a que por anos almejei.

Quis o milagre divino, entretanto - que o antigo sonho pessoal só viesse a tornar-se realidade quando também uma das maiores aspirações do CJUB se consumasse: a produção de um concerto internacional de jazz com estrelas de primeira grandeza.

E foi assim. Hélio Alves ao piano, Nilson Matta no contrabaixo, Duduka da Fonseca na bateria. Resenhas, cada um de nós guardará a sua, para sempre, na mente e na alma. "Crítica", a ambiguidade da palavra recomenda dela desistam os sensatos.

De minha parte, vou lembrar sempre:

- dos incríveis fast fingers de Helinho, jamais resvalando em virtuosismo estéril ou burocrático, mas antes a serviço da mesma verdade musical multifacetada a que Herbie Hancock, McCoy Tyner e Keith Jarret - suas grandes influências - têm-se dedicado;

- do baterista enciclopédico em que se transformou Duduka, pronto a criar e colorir a mais diferentes atmosferas, verdadeiro "melodista" na percussão e talvez o único no mundo a dominar, em seu instrumento - com idêntica profundidade e extensão - as culturas musicais brasileira e norte-americana;

- da inacreditavelmente complexa "simplicidade" com que Nilson harmoniza em todos os tempos, em todos os ritmos; com a agilidade de um Pedersen e o refinamento da escola dos baixistas de Bill Evans (LaFaro, Peacock, Israels, Gomez e Johnson), não admira por tanto tempo tenha escoltado Joe Henderson, desde então vendo-se alinhado entre os maiores do contrabaixo, em nossos dias.

É claro que o diferencial deste grupo, comparado aos demais grandes trios de hoje, é o fato de discorrer, com a mesma maestria, tanto sobre o jazz quanto sobre o samba, e não só este: o forró, o maracatu e outros ritmos brasileiros.

Mais que isso, eles suplantaram todas as unidades que nesta fusão os antecederam -aqui e lá fora - pois não se contentam em fazer apenas o "sambop". O que ouvimos, no Mistura Fina, foi um pioneiro samba-jazz avant-garde, uma música brasileira vários passos adiante das conquistas harmonicas da bossa-nova, até ontem praticamente insuperadas.

Esta a importância maior do histórico encontro promovido pelo CJUB: fomos apresentados a um novo jazz, ao mesmo tempo swing, de vanguarda e autenticamente brasileiro, mas que o Brasil desconhecia.

Esta a real dimensão do sonho: a descoberta da verdadeira vocação do CJUB - realizar sonhos.

Nota: fotos adicionais > 1, 2 , 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10

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