Série: Histórias do
Jazz
DO OUTRO LADO DO JAZZ # 17
A DANÇA E O JAZZ (Parte II)
A música sincopada de New Orleans a partir dos anos
de 1913 e 14 tornou-se o acompanhamento mais em moda para a dança que invadia
os salões de New York, principalmente os frequentados pelo público branco da
ilha de Manhattan.
Em todos os cabarés e restaurantes da cidade passou
a existir um conjunto com música sincopada. Note-se que falamos de MÚSICA
SINCOPADA, já que o Jazz realmente viria a impor-se somente um pouco mais
tarde.
Um dos responsáveis foi o músico e maestro negro
James Reese Europe, (ӿ1881 – †1919) o “Jim
Europe” como era mais conhecido, que dirigia nessa época uma orquestra de dança
atuando nos principais acontecimentos sociais de Nova York.
O outro responsável por esta euforia
“sincopada-dançante” foi um casal de dançarinos brancos: VERNON E IRENE CASTLE.
Todas as tardes os Castle se apresentavam no salão “Castle
House em Manhattan” acompanhados pela banda de Jim Europe. Seus modos de dançar faziam enorme sucesso,
talvez por atuarem de forma menos convencional para a época, precursores que
foram de padrões sociais mais liberais antecipando as maneiras e atitudes que
seriam correntes nos anos seguintes na denominada ― “Era do Jazz”.
Irene, jovem e bela, encrespava os cabelos, fumava
em público, não usava mais espartilhos, enfim incorporava beleza e atitudes
modernas. Vernon, alto e magro, de uma elegância impecável e inteiramente
inglesa.
As mulheres da sociedade afluíam para as aulas em que
Vernon ensinava os novos passos, uma escola de “dança social” como era chamada
e que revolucionaria os hábitos sociais-dançantes da América do Norte.
As danças executadas pelos Castles eram de origem
afro-americana e requeriam músicas saltitantes e as bandas de New York não as
executavam da forma que Vernon gostaria.
Após assistir à “James Reese Europe's Society
Orchestra” atuar em uma grande festa Vernon convidou Europe para acompanhar
o casal em suas exibições.
Logo depois, a “Victor Talking Records” oferecia um
contrato para a orquestra gravar, era a primeira vez que uma banda de raça
negra conseguia um contrato de uma grande companhia fonográfica.
Em janeiro de 1914 os Castles passaram a se
apresentar no “Palace Theater” e no “Hammersteins Victoria Theatre”
em New York, principais redutos do show business à época. Contudo um impasse
surgiu pelo fato da banda ser de músicos de raça negra e terem que dividir
espaço com a banda branca da casa que fazia parte também do espetáculo.
Vernon insistiu sobremodo para que a banda de
Europe o acompanhasse teria que ser a “Europe's
Society”. Muita discussão e
negociação, até que tudo foi resolvido:
a banda de Europe durante as danças dos Castles sentaria no palco e não
no poço da orquestra (incrível a ignorância de tal segregação, até porque a
banda no palco ficava muito mais destacada!!!).
De qualquer forma era a primeira vez que músicos
negros atuavam nos "New York Vaudeville Theatres". A música de Europe não era Jazz propriamente
e sim Ragtime e Stomps, embora tenha sido parte importante na transição do
desenvolvimento do Jazz em New York, pré-divulgando a música que viria do sul e
acabaria dominando inteiramente o cenário musical da cidade.
O período conhecido como a “Era do Jazz” refere-se
aos anos 20 do século XX quando o Jazz invadiu os salões de Nova York e partiu
também para a Europa, principalmente a França. Não se pode esquecer que foi uma
época de muita dança, a qual foi apresentada ao mundo por Vernon e Irene Castle
que introduziram uma série de passos, variações e estilos sendo um dos mais
notáveis o FOX-TROT.
Francis Scott Fitzgerald em seu ensaio Ecos da Era do Jazz escreveu: "Foi uma
era de milagres", "Foi uma era de arte, uma era de excessos".
Em 1939 a Warner Brothers filmou - The Story of
Vernon and Irene Castle com Fred Astaire
e Ginger Rogers.
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