Série: Histórias do
Jazz
O JAZZ
NO CINEMA
A gravação de imagens em
movimento foi outra grande conquista tecnológica, "pari passu" com a
gravação de áudio e o inevitável casamento entre elas adveio no filme
intitulado ― “The Jazz Singer” (Warner
Bros, direção de Alan Crosland) e estrelado pelo cantor Al Jolson. Este foi o primeiro filme em que a voz era
sincronizada com as cenas e não um filme apenas com músicas e sons reproduzidos
em background, já existente.
O processo foi desenvolvido pela
Vitaphone Corp, mas mesmo assim ― “O Cantor de Jazz” não possuí diálogos
sonoros os quais foram escritos tal qual nos filmes inteiramente mudos.
A première histórica do filme
aconteceu em uma quinta-feira, 06 de outubro de 1927 e lá estava em letras
garrafais a palavra Jazz. Entretanto, no conteúdo do filme nada tinha de música
de Jazz.
Al Jolson era um cantor popular
que atuava na Broadway sem maiores vínculos com o Jazz seu estilo estava mais
para o vaudeville. No filme representa um jovem judeu ― Jackie Rabinovitz ―
cujo pai, um rabino extremamente conservador, não admitia a carreira de cantor
profano do filho.
A parte musical fica por conta da
canção de forma apenas suingante “Too,Too,Ttsie” de Gus Kahn, de um trecho ao piano de “Blue Skies” de Irving Berlin que Jackie canta para a mãe,
e da interpretação de “My Mammy” (Walter Donaldson / Joe Young & Sam
Lewis) com o rosto pintado de preto representando um negro-menestrel.
Jolson ganhou cerca de um milhão
de dólares e Jelly Roll Morton nunca se conformou, dizendo amargamente ― “Um
filme de 8 bobinas! e que não comporta uma só nota de Jazz!”. O oportunismo era
flagrante, em plena “Era do Jazz”, era um bom argumento publicitário a palavra
Jazz no título do filme (o que se
estende até hoje, nomear algo de Jazz para ganhar “status”).
Aliás, até os dias atuais são
raros os bons e autênticos momentos de Jazz no cinema. Pouco depois de “O Cantor de Jazz”, outra
bomba de efeito comercial surgia em 1930 ― “The King of Jazz” de John
Murray, mas que Jazz ? O “Rei do Jazz” para início de conversa era nada menos
que Paul Whiteman, que dera este título a sí próprio com seu nada
representativo “jazz sinfônico”, ainda que e em todo caso valorizasse Ed Lang
(guitarra), Bix Beiderbecke (cnt) e Joe Venuti (violino) como ótimos jazzístas
da época.
Poucos filmes conseguiram captar
com real intensidade o mundo que rodeia o Jazz e seus músicos, contudo quando conseguiram um resultado
esplêndido, tal como em “Round
Midnight” de Bertrand Tavernier, “Bird” de Clint Eastwood, “Ascensor para o Cadafalso” de Louis
Malle de 1957 (uma incursão pela atmosfera "noir" parisiense, com
trilha composta por Miles Davis e interpretação de Jeanne Moreau), “Anatomía de um Assassinato” de Otto
Preminger de 1959 com música de Duke Ellington e “New Orleans” de 1947,
onde Billie Holliday participa interpretando uma empregada doméstica que ensina
a patroa branca a tocar blues ao piano e a leva escondida da família a um Clube de
Jazz onde se apresentam vários músicos, inclusive Louis Armstrong e Woody
Herman, são alguns dos melhores exemplos.
Centenas de filmes apenas contêm
inserções de músicos ou grupos de Jazz sem maiores pretensões ou do tipo
biográfico como Música e Lágrimas sobre Glenn Miller. Alguns filmes onde
a música de Jazz foi parte importante ou do enredo ou da trilha sonora: Pennies
From Heaven de McLeod, 1936 com Louis Armstrong; Artists And Models, de
Raoul Walsh, 1937, também com Armstrong; Hollywood Hotel de 1937 com
Benny Goodman; Sun Valley Serenade de 1941 com Glenn Miller Orchestra; Birth
Of The Blues de 1941 com Bing Crosby e Jack Teagarden's Orchestra; Cabin
In The Sky de 1942, com Duke Ellington e Louis Armstrong; Stormy Weather
de 1943 com Fats, Waller, Cab Calloway e o sapateador Bill Robinson; Pete
Kelly Blues de 1955 com Ella Fitzgerald; The Wild One de 1952 com
trilha de Shorty Rogers; Série Noir de 1955 com trilha de Sidney Bechet;
Les Liaisons Dangereuses de 1959 com trilha de Thelonious Monk e Duke
Jordan e o excelente trompete de Lee Morgan, I Want To Live de 1958 com
Gerry Mulligan; The Connection de 1960, com Jackie McLean; Paris
Blues de 1961 contando com Duke Ellington e Louis Armstrong, dentre
muitos...
Ótimos arranjadores e
compositores trabalharam em trilhas sonoras dando alguma contribuição
jazzística tais como: Quincy Jones, Lalo Schifrin, Johnny Mandel, Billy May,
Neal Hefti, Michel Legrand, Marty Paich, Gil Evans, Lennie Niehaus, Ralph
Burns, Leith Steves e outros... Alguns filmes biográficos podem ser destacados
em ficção ou semi-ficção como: Young Man With A Horn de Michael Curtiz,
1949, baseado no trompetista Bix Beiderbecke; The Fabulous Dorseys de
Alfred E. Green, 1947, sobre os irmãos Tommy e Jimmy Dorsey; The Glenn
Miller Story de Anthonny Mann, 1953; The Benny Goodman Story de
Valentine Davies, 1955; St. Louis blues, 1958 sobre W.C. Handy com Nat
King Cole; The Five Pennies de Melville Shavelson, 1959 sobre Red
Nichols; The Gene Krupa Story de Don Weis, 1959; Lady Sings The Blues
de Sideny Furie, 1972, supostamente sobre a vida de Billie Holiday (⁕1915 †1959) interpretado pela cantora Diane Ross, contudo apenas
focalizou de maneira mais degradante possível o problema da cantora com as
drogas, existente é sabido, porém Billie merecia muito mais destaque sobre sua
vida magnífica de conquistas e encantamento de seu público, em se tratando inegavelmente
da maior cantora que o Jazz conheceu, o filme se tornou um desserviço à
história da música e da cantora, até porque a música é cantada por Ross uma
pálida lembrança de Billie Holiday.
Alta Sociedade (High Society)
é um filme estadunidense de 1956 estrelado por Grace Kelly em seu último papel
no cinema. Conta com canções de Cole Porter. Alta Sociedade marcou a primeira
vez que dois dos mais populares cantores dos Estados Unidos, Bing Crosby e
Frank Sinatra, apareceram juntos em um filme, e também os All Stars de Louis
Armstrong.
O outro documentário é a extraordinária série JAZZ
de Ken Burns em 10 DVD’s com cerca de 19 horas no total, que em capítulos conta
a história do Jazz desde os primórdios, no início do século XX até o fim dos
anos 90. Além do esplêndido documentário uma coleção de 12 CDs foi lançada pela
Columbia, cada disco liderado por um grande músico.
2 comentários:
Dois filmes recentes que poderiam ser mencionados são Whiplash e A voz suprema do blues (que é sobre blues, mas traz uma ambientação musical muito próxima ao jazz - desde já, peço perdão aos mais puristas se falei alguma besteira)
Edison, Whiplash não conheço e sim A voz Suprema do Blues é razoável,mas vc não disse nenhuma bobagem, não dê bola aos puristas. Abraço
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