Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

14 julho 2021

 

Série: Histórias do Jazz

 DO OUTRO LADO DO JAZZ # 10

O  JAZZ  NO  CINEMA

A gravação de imagens em movimento foi outra grande conquista tecnológica, "pari passu" com a gravação de áudio e o inevitável casamento entre elas adveio no filme intitulado ― “The Jazz Singer” (Warner Bros, direção de Alan Crosland) e estrelado pelo cantor Al Jolson.  Este foi o primeiro filme em que a voz era sincronizada com as cenas e não um filme apenas com músicas e sons reproduzidos em background, já existente.

O processo foi desenvolvido pela Vitaphone Corp, mas mesmo assim ― “O Cantor de Jazz” não possuí diálogos sonoros os quais foram escritos tal qual nos filmes inteiramente mudos.

A première histórica do filme aconteceu em uma quinta-feira, 06 de outubro de 1927 e lá estava em letras garrafais a palavra Jazz. Entretanto, no conteúdo do filme nada tinha de música de Jazz.

Al Jolson era um cantor popular que atuava na Broadway sem maiores vínculos com o Jazz seu estilo estava mais para o vaudeville. No filme representa um jovem judeu ― Jackie Rabinovitz ― cujo pai, um rabino extremamente conservador, não admitia a carreira de cantor profano do filho.

A parte musical fica por conta da canção de forma apenas suingante  Too,Too,Ttsie”  de Gus Kahn, de um trecho ao piano de  “Blue Skies”  de Irving Berlin que Jackie canta para a mãe, e da interpretação de “My Mammy” (Walter Donaldson / Joe Young & Sam Lewis) com o rosto pintado de preto representando um negro-menestrel.

Jolson ganhou cerca de um milhão de dólares e Jelly Roll Morton nunca se conformou, dizendo amargamente ― “Um filme de 8 bobinas! e que não comporta uma só nota de Jazz!”. O oportunismo era flagrante, em plena “Era do Jazz”, era um bom argumento publicitário a palavra Jazz no título do filme  (o que se estende até hoje, nomear algo de Jazz para ganhar “status”).

Aliás, até os dias atuais são raros os bons e autênticos momentos de Jazz no cinema.   Pouco depois de “O Cantor de Jazz”, outra bomba de efeito comercial surgia em 1930 ― “The King of Jazz” de John Murray, mas que Jazz ? O “Rei do Jazz” para início de conversa era nada menos que Paul Whiteman, que dera este título a sí próprio com seu nada representativo “jazz sinfônico”, ainda que e em todo caso valorizasse Ed Lang (guitarra), Bix Beiderbecke (cnt) e Joe Venuti (violino) como ótimos jazzístas da época.

Poucos filmes conseguiram captar com real intensidade o mundo que rodeia o Jazz e seus músicos,  contudo quando conseguiram um resultado esplêndido, tal como em  “Round Midnight” de Bertrand Tavernier,  “Bird”  de Clint Eastwood,  “Ascensor para o Cadafalso” de Louis Malle de 1957 (uma incursão pela atmosfera "noir" parisiense, com trilha composta por Miles Davis e interpretação de Jeanne Moreau),  “Anatomía de um Assassinato” de Otto Preminger de 1959 com música de Duke Ellington e “New Orleans” de 1947, onde Billie Holliday participa interpretando uma empregada doméstica que ensina a  patroa branca  a tocar blues ao piano  e a leva escondida da família a um Clube de Jazz onde se apresentam vários músicos, inclusive Louis Armstrong e Woody Herman, são alguns dos melhores exemplos.

Centenas de filmes apenas contêm inserções de músicos ou grupos de Jazz sem maiores pretensões ou do tipo biográfico como Música e Lágrimas sobre Glenn Miller. Alguns filmes onde a música de Jazz foi parte importante ou do enredo ou da trilha sonora: Pennies From Heaven de McLeod, 1936 com Louis Armstrong; Artists And Models, de Raoul Walsh, 1937, também com Armstrong; Hollywood Hotel de 1937 com Benny Goodman; Sun Valley Serenade de 1941 com Glenn Miller Orchestra; Birth Of The Blues de 1941 com Bing Crosby e Jack Teagarden's Orchestra; Cabin In The Sky de 1942, com Duke Ellington e Louis Armstrong; Stormy Weather de 1943 com Fats, Waller, Cab Calloway e o sapateador Bill Robinson; Pete Kelly Blues de 1955 com Ella Fitzgerald; The Wild One de 1952 com trilha de Shorty Rogers; Série Noir de 1955 com trilha de Sidney Bechet; Les Liaisons Dangereuses de 1959 com trilha de Thelonious Monk e Duke Jordan e o excelente trompete de Lee Morgan, I Want To Live de 1958 com Gerry Mulligan; The Connection de 1960, com Jackie McLean; Paris Blues de 1961 contando com Duke Ellington e Louis Armstrong, dentre muitos...

Ótimos arranjadores e compositores trabalharam em trilhas sonoras dando alguma contribuição jazzística tais como: Quincy Jones, Lalo Schifrin, Johnny Mandel, Billy May, Neal Hefti, Michel Legrand, Marty Paich, Gil Evans, Lennie Niehaus, Ralph Burns, Leith Steves e outros... Alguns filmes biográficos podem ser destacados em ficção ou semi-ficção como: Young Man With A Horn de Michael Curtiz, 1949, baseado no trompetista Bix Beiderbecke; The Fabulous Dorseys de Alfred E. Green, 1947, sobre os irmãos Tommy e Jimmy Dorsey; The Glenn Miller Story de Anthonny Mann, 1953; The Benny Goodman Story de Valentine Davies, 1955; St. Louis blues, 1958 sobre W.C. Handy com Nat King Cole; The Five Pennies de Melville Shavelson, 1959 sobre Red Nichols; The Gene Krupa Story de Don Weis, 1959; Lady Sings The Blues de Sideny Furie, 1972, supostamente sobre a vida de Billie Holiday (⁕1915 1959) interpretado pela cantora Diane Ross, contudo apenas focalizou de maneira mais degradante possível o problema da cantora com as drogas, existente é sabido, porém Billie merecia muito mais destaque sobre sua vida magnífica de conquistas e encantamento de seu público, em se tratando inegavelmente da maior cantora que o Jazz conheceu, o filme se tornou um desserviço à história da música e da cantora, até porque a música é cantada por Ross uma pálida lembrança de Billie Holiday.

Alta Sociedade (High Society) é um filme estadunidense de 1956 estrelado por Grace Kelly em seu último papel no cinema. Conta com canções de Cole Porter. Alta Sociedade marcou a primeira vez que dois dos mais populares cantores dos Estados Unidos, Bing Crosby e Frank Sinatra, apareceram juntos em um filme, e também os All Stars de Louis Armstrong.

O outro documentário é a extraordinária série JAZZ de Ken Burns em 10 DVD’s com cerca de 19 horas no total, que em capítulos conta a história do Jazz desde os primórdios, no início do século XX até o fim dos anos 90. Além do esplêndido documentário uma coleção de 12 CDs foi lançada pela Columbia, cada disco liderado por um grande músico.

2 comentários:

Edison Waetge Jr disse...

Dois filmes recentes que poderiam ser mencionados são Whiplash e A voz suprema do blues (que é sobre blues, mas traz uma ambientação musical muito próxima ao jazz - desde já, peço perdão aos mais puristas se falei alguma besteira)

MARIO JORGE JACQUES disse...

Edison, Whiplash não conheço e sim A voz Suprema do Blues é razoável,mas vc não disse nenhuma bobagem, não dê bola aos puristas. Abraço