Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

16 junho 2021

 

Série: Histórias do Jazz

 

DO OUTRO LADO DO JAZZ # 6

DA CERA AO RAIO LASER (FINAL)

A fita cassete ou K7 é um padrão de fita magnética lançado oficialmente em 1963, invenção da empresa holandesa Philips.

No cassete todo o mecanismo de movimento da fita é alojado em uma caixa plástica, com tamanho de 10 x 7 cm, permitindo uma enorme economia de espaço e um excelente manuseio em relação aos Lp’s.

Isso facilitava a utilização, permitindo que a fita fosse colocada ou retirada em qualquer ponto da reprodução ou gravação sem a necessidade de ser rebobinada como as fitas dos “decks” de rolo.

A fita cassete foi uma revolução, difundindo tremendamente a possibilidade de se gravar e reproduzir som. No início, a pequena largura da fita e a velocidade reduzida (para permitir uma duração de pelo menos 30 minutos por lado) comprometiam a qualidade do som, mas recursos tecnológicos foram sendo incorporados ao longo do tempo tornando a qualidade bastante razoável. Recursos como: novas camadas magnéticas (óxido de Cromo), cabeças de gravação e reprodução de melhor qualidade nos aparelhos e filtros (Dolby Noise Reduction®) para redução de ruídos.

Os primeiros gravadores com áudio cassete da Philips já eram portáteis, mas no final dos anos 70 com a invenção do Walkman pela Sony, um reprodutor cassete super compacto de bolso com fones de ouvido, houve a explosão do som individual.

Em muitos países ocidentais, o mercado de cassetes entrou em sério declive após o seu auge no final da década de 1980. Isto notou-se particularmente com os cassetes pré-gravados, cujas vendas foram superadas pela dos CDs durante a década de 1990.

Em 2001, os cassetes constituíram somente 4% de toda a música vendida nos Estados Unidos.

Um “tape deck” de rolo, chamado simplesmente de “deck” de rolo, equipamento caseiro de áudio surgia no início dos anos 40 possuindo a fidelidade da fita magnética em detrimento aos long plays que começavam a despontar já no final da década de 1940. Dentre os principais fabricantes desses aparelhos, estava a Akai. Contudo o mercado de rolos pré-gravados não chegou a atingir o “merchandising” que se esperava.

Finalmente atingimos a gravação óptica digital a laser com os fantásticos CD’s (Compact Disc’s).

O processo foi desenvolvido pela Philips e pela Sony em 1980 e o primeiro CD de áudio comercial foi produzido em 1983.

A tecnologia é baseada em discos feitos de plástico especial, o policarbonato, com 1,2mm de espessura revestido por uma camada de metal em alumínio e recoberto por uma de corante foto-sensível, geralmente contendo prata.   Na conversão digital o som é dividido por micropartes transformado em uma palavra digital (byte) codificada pelos “bits uns e zeros".

A gravação é processada por um feixe de raio laser que "acende" ou "apaga" correspondendo respectivamente aos "uns" ou "zeros" da palavra digital, quando acende queima a camada foto-sensível deixando um "buraco". No processo de leitura feita com outro feixe laser, a camada de metal reflete o raio que passa através da camada foto-sensível atingindo uma lente e, assim, lê o "1" na parte não queimada e quando não há reflexo é interpretado como o "0". Um processador converte o sinal digital em analógico para que se possa ouvir.

Desta forma, em um CD os dados digitais são armazenados em uma longa espiral formada por depressões microscópicas correspondentes aos bits de "1" e "0" e lidas do centro para a periferia do disco e, portanto, de forma inversa dos discos analógicos (78rpm e LP); isto permite que tamanhos menores de discos possam ser lidos no mesmo aparelho.

A maior vantagem para todos os tipos de música executados em CD advém da excepcional qualidade sonora com ausência total de ruídos de fundo, normalmente existentes até nos melhores sistemas analógicos, devido à forma de leitura nos discos por processo mecânico através da fricção de uma agulha.   Além dessa vantagem, o tempo disponível é maior que nos LP’s, tampouco necessita da troca de lado, permite prévia seleção de faixas etc.

O Jazz se beneficiou da excepcional clareza das gravações digitais e, também, dos processos de remasterização digital dos registros analógicos das décadas de 1910 a 50 com a "limpeza" das gravações, contudo, sempre se procurou preservar de forma categórica a originalidade da execução do Jazz.

O importante é frisar que por toda esta modernização da tecnologia de gravação os músicos de Jazz tiveram que adaptar seu processo criativo com respeito à duração dos solos, dos arranjos, sonoridades, técnicas etc. A fidelidade da gravação e reprodução veio a exigir cada vez mais dos músicos e de seus instrumentos, por exemplo, o barulho das chaves dos pistões de um cornetim da década de 20, hoje, se tornaria insuportável na audição.

Por outro lado, no período “Swing”, uma big band era captada por um único microfone, nas décadas de 60, 70 e 80 o processo evoluiu, passando a empregar vários canais e cada vez mais microfones e com melhor sensibilidade, não havendo, portanto, como encobrir falhas mesmo que mínimas.

Na gravação digital, expressão máxima da fidelidade, há recursos incríveis permitindo inclusive a troca de uma nota emitida por um instrumento!

A regravação, nova técnica que permitiu adicionar um determinado som a uma parte anteriormente já gravada, aconteceu no estúdio da RCA em Camden cidade de New Jersey, quase por acaso e dada a dificuldade que surgiu após a gravação de um concerto com orquestra sinfônica, uma vez que no dia seguinte ao ouvir a prova os técnicos depararam-se com um solo do oboé com volume muito baixo e simplesmente aumentá-lo causaria desequilíbrio e algum ruído. Além do custo para reunir toda a orquestra novamente a maioria dos músicos já havia deixado a cidade. Contudo, o oboísta ainda por lá permanecia e foi chamado ao estúdio, tendo então regravado sua parte ouvindo a orquestra com os fones e os engenheiros deram tratos à bola para trocar a parte defeituosa, nascendo assim o processo da mixagem elétrica dos sons (“overdubbing”) que até hoje é parte fundamental no processo de gravação.

O Jazz, sempre presente nos grandes acontecimentos tecnológicos, foi chamado para levar experiência dos técnicos da RCA um pouco mais longe e, a 18 de abril de 1941,  entrava no estúdio Sidney Bechet: gravou primeiro a parte do piano e depois, ouvindo no fone, executou o acompanhamento à bateria;  foi executando outros instrumentos como saxofone tenor, depois o soprano, o contrabaixo de cordas e, por fim, o clarinete, surgindo uma versão inusitada de The Sheik of Araby com seis instrumentos e um só executante - “one man band”.   Pode-se ouvir o resultado como curiosidade, já que jazzisticamente o conjunto é pobre, já que se tratava tão somente de um teste!

NOTA: Existe um grande grupo de aficionados dos discos de vinyl e garantem que o som é superior ao dos CD’s. De qualquer modo para se atingir uma excepcional reprodução analógica são necessários dispositivos de alto custo. Ainda há o grupo dos “valvulados” que empregam sofisticados aparelhos com válvulas e afirmam ser a melhor expressão da fidelidade das gravações. Tudo isso, na verdade, depende muito da bioacústica de cada ouvido, portanto é uma discussão inglória.



Um comentário:

Anônimo disse...

Beleza Major com estes 3 artigos uma visão total do desenvolvimento das gravações fonográficas e sua relação com o jazz. Muita informação interessante. Concordo tambem com sua nota sobre a discussão "ingloria" sobre vinyl e CD e valvulados para uns funciona para muitos não sentem nenhuma diferença, onde me incluo. Gande abraço
Carlos Lima