Série: Histórias do Jazz
DO OUTRO LADO DO JAZZ # 6
DA CERA AO RAIO LASER (FINAL)
A fita cassete ou K7 é um padrão
de fita magnética lançado oficialmente em 1963, invenção da empresa holandesa
Philips.
No cassete todo o mecanismo de
movimento da fita é alojado em uma caixa plástica, com tamanho de 10 x 7 cm, permitindo
uma enorme economia de espaço e um excelente manuseio em relação aos Lp’s.
Isso facilitava a utilização,
permitindo que a fita fosse colocada ou retirada em qualquer ponto da
reprodução ou gravação sem a necessidade de ser rebobinada como as fitas dos
“decks” de rolo.
A fita cassete foi uma revolução,
difundindo tremendamente a possibilidade de se gravar e reproduzir som. No
início, a pequena largura da fita e a velocidade reduzida (para permitir uma duração
de pelo menos 30 minutos por lado) comprometiam a qualidade do som, mas
recursos tecnológicos foram sendo incorporados ao longo do tempo tornando a
qualidade bastante razoável. Recursos como: novas camadas magnéticas (óxido de
Cromo), cabeças de gravação e reprodução de melhor qualidade nos aparelhos e
filtros (Dolby Noise Reduction®) para redução de ruídos.
Os primeiros gravadores com áudio
cassete da Philips já eram portáteis, mas no final dos anos 70 com a invenção
do Walkman pela Sony, um reprodutor cassete super compacto de bolso com fones
de ouvido, houve a explosão do som individual.
Em muitos países ocidentais, o
mercado de cassetes entrou em sério declive após o seu auge no final da década
de 1980. Isto notou-se particularmente com os cassetes pré-gravados, cujas
vendas foram superadas pela dos CDs durante a década de 1990.
Em 2001, os cassetes constituíram
somente 4% de toda a música vendida nos Estados Unidos.
Um “tape deck” de rolo, chamado
simplesmente de “deck” de rolo, equipamento caseiro de áudio surgia no início
dos anos 40 possuindo a fidelidade da fita magnética em detrimento aos long
plays que começavam a despontar já no final da década de 1940. Dentre os
principais fabricantes desses aparelhos, estava a Akai. Contudo o mercado de
rolos pré-gravados não chegou a atingir o “merchandising” que se esperava.
Finalmente atingimos a gravação
óptica digital a laser com os fantásticos CD’s (Compact Disc’s).
O processo foi desenvolvido pela
Philips e pela Sony em 1980 e o primeiro CD de áudio comercial foi produzido em
1983.
A tecnologia é baseada em discos
feitos de plástico especial, o policarbonato, com 1,2mm de espessura revestido
por uma camada de metal em alumínio e recoberto por uma de corante
foto-sensível, geralmente contendo prata.
Na conversão digital o som é dividido por micropartes transformado em
uma palavra digital (byte) codificada pelos “bits uns e zeros".
A gravação é processada por um
feixe de raio laser que "acende" ou "apaga" correspondendo
respectivamente aos "uns" ou "zeros" da palavra digital,
quando acende queima a camada foto-sensível deixando um "buraco". No
processo de leitura feita com outro feixe laser, a camada de metal reflete o
raio que passa através da camada foto-sensível atingindo uma lente e, assim, lê
o "1" na parte não queimada e quando não há reflexo é interpretado
como o "0". Um processador converte o sinal digital em analógico para
que se possa ouvir.
Desta forma,
A maior vantagem para todos os
tipos de música executados em CD advém da excepcional qualidade sonora com
ausência total de ruídos de fundo, normalmente existentes até nos melhores
sistemas analógicos, devido à forma de leitura nos discos por processo mecânico
através da fricção de uma agulha. Além
dessa vantagem, o tempo disponível é maior que nos LP’s, tampouco necessita da
troca de lado, permite prévia seleção de faixas etc.
O Jazz se beneficiou da
excepcional clareza das gravações digitais e, também, dos processos de
remasterização digital dos registros analógicos das décadas de
O importante é frisar que por
toda esta modernização da tecnologia de gravação os músicos de Jazz tiveram que
adaptar seu processo criativo com respeito à duração dos solos, dos arranjos,
sonoridades, técnicas etc. A fidelidade da gravação e reprodução veio a exigir
cada vez mais dos músicos e de seus instrumentos, por exemplo, o barulho das
chaves dos pistões de um cornetim da década de 20, hoje, se tornaria
insuportável na audição.
Por outro lado, no período
“Swing”, uma big band era captada por um único microfone, nas décadas de 60, 70
e 80 o processo evoluiu, passando a empregar vários canais e cada vez mais
microfones e com melhor sensibilidade, não havendo, portanto, como encobrir
falhas mesmo que mínimas.
Na gravação digital, expressão
máxima da fidelidade, há recursos incríveis permitindo inclusive a troca de uma
nota emitida por um instrumento!
A regravação, nova técnica que
permitiu adicionar um determinado som a uma parte anteriormente já gravada,
aconteceu no estúdio da RCA em Camden cidade de New Jersey, quase por acaso e
dada a dificuldade que surgiu após a gravação de um concerto com orquestra
sinfônica, uma vez que no dia seguinte ao ouvir a prova os técnicos
depararam-se com um solo do oboé com volume muito baixo e simplesmente
aumentá-lo causaria desequilíbrio e algum ruído. Além do custo para reunir toda
a orquestra novamente a maioria dos músicos já havia deixado a cidade. Contudo,
o oboísta ainda por lá permanecia e foi chamado ao estúdio, tendo então
regravado sua parte ouvindo a orquestra com os fones e os engenheiros deram
tratos à bola para trocar a parte defeituosa, nascendo assim o processo da
mixagem elétrica dos sons (“overdubbing”) que até hoje é parte fundamental no
processo de gravação.
O Jazz, sempre presente nos
grandes acontecimentos tecnológicos, foi chamado para levar experiência dos
técnicos da RCA um pouco mais longe e, a 18 de abril de 1941, entrava no estúdio Sidney Bechet: gravou
primeiro a parte do piano e depois, ouvindo no fone, executou o acompanhamento
à bateria; foi executando outros
instrumentos como saxofone tenor, depois o soprano, o contrabaixo de cordas e,
por fim, o clarinete, surgindo uma versão inusitada de The Sheik of Araby
com seis instrumentos e um só executante - “one man band”. Pode-se ouvir o resultado como curiosidade,
já que jazzisticamente o conjunto é pobre, já que se tratava tão somente de um
teste!
NOTA: Existe um grande grupo de
aficionados dos discos de vinyl e garantem que o som é superior ao dos CD’s. De
qualquer modo para se atingir uma excepcional reprodução analógica são
necessários dispositivos de alto custo. Ainda há o grupo dos “valvulados” que
empregam sofisticados aparelhos com válvulas e afirmam ser a melhor expressão
da fidelidade das gravações. Tudo isso, na verdade, depende muito da bioacústica
de cada ouvido, portanto é uma discussão inglória.
Um comentário:
Beleza Major com estes 3 artigos uma visão total do desenvolvimento das gravações fonográficas e sua relação com o jazz. Muita informação interessante. Concordo tambem com sua nota sobre a discussão "ingloria" sobre vinyl e CD e valvulados para uns funciona para muitos não sentem nenhuma diferença, onde me incluo. Gande abraço
Carlos Lima
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