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09 junho 2021

 

Série: Histórias do Jazz

 

DO OUTRO LADO DO JAZZ # 5

DA CERA AO RAIO LASER (2)

Pode-se até imaginar que após o advento do microfone e dos amplificadores como parte do processo elétrico de gravação do som, tudo tenha se tornado muito simples do dia para a noite, mas ledo engano!    Inicialmente havia só um microfone, só um canal de gravação e os problemas de captação mudaram um pouco mas, de certa forma, se mantiveram.

O microfone ficava em um pedestal e os músicos a sua volta no mesmo nível, depois criaram plataformas em níveis diferentes, mais tarde o microfone foi pendurado no teto, enfim, várias foram as maquinações objetivando uma melhor distribuição do som a ser captado pelo solene microfone.

Uma dessas resultou em hilariante episódio, quando Bessie Smith foi fazer uma gravação com sete rapazes da banda de Fletcher Henderson, o engenheiro da Columbia inventou que o som seria melhor captado pelo microfone, ainda a carvão, se os espaços sonoros fossem os mais reduzidos possíveis.  Naturalmente lidava com o problema da reverberação acústica do estúdio, ainda não devidamente tratado.   Foi então armada uma tenda com cortinas de pano e cada músico embaixo, mas eis que Bessie no meio dessa parafernália teve um ataque de claustrofobia e para  se  livrar  daqueles  panos,  foi  balançando  a  geringonça, que caiu por cima de todos criando a imagem de um monte de fantasmas gesticulando, alguns ainda tocando!   Deve ter sido cena digna de um filme dos irmãos Marx ou dos 3 Patetas (no caso 8 Patetas).

Outro episódio curioso ocorrido foi em função da discriminação da bateria nos estúdios de gravação, mas foi Gene Krupa talvez o 1º a enfrentar tal implicância e a montar todo seu aparato dentro de um estúdio de gravação, o que ocorreu exatamente a 08/dezembro/1927. 

O produtor Tommy Rockwell da Okeh Records convidara alguns jovens de Chicago reunidos em torno do banjoista Eddie Condon, e lá estava Krupa com apenas 18 aninhos.   Ao entrar no estúdio Rockwell assustou-se com toda a bateria montada e perguntou: ― “O que é isto aqui? O que pretende com tudo isto?” e Krupa respondeu simplesmente... ―“tocar”. Rockwell se desesperou, porém Krupa, talvez pela inocência de sua juventude ou mesmo por atrevimento, fincou pé, insistiu, até que depois de muitas idas e vindas em torno do engenheiro de gravação, Rockwell  acabou permitindo que pelo menos aquilo fosse experimentado e assim, pela primeira vez, pode-se ouvir tarol, tantãs, pratos e bumbo juntos numa gravação, ou seja, uma bateria completa.

Entretanto Krupa foi bastante parcimonioso em sua execução, para não por tudo a perder, é claro.

O disco (Okeh 41011) (78 rpm) editado tinha de um lado a canção SUGAR e CHINA BOY do outro. Como a gravação deu certo e até foi um sucesso, Krupa voltou entusiasmado ao estúdio com o Eddie Condon Quartet em julho/1928 e, ai sim, Krupa "deita e rola" com seus pratos, bumbos e demais apetrechos em INDIANA e CHINA BOY, 2 clássicos do “dixieland” de Chicago.                                                                        

Nos anos de 1940 surgiu o processo de gravação magnética e em 1948 foi produzido comercialmente e pela Columbia Records o 1º disco de longa duração, o famoso LP - Long Play - termo consagrado mundialmente referindo-se à tecnologia de gravações em microssulcos com a velocidade de 33 1/3 rpm.

Tal processo foi alavancado no pós-guerra com o desenvolvimento dos poliésteres plásticos (vinil). Os discos com este material foram chamados de inquebráveis (unbreakable) em comparação aos anteriores de 78rpm feitos em goma-laca (shellac), estes altamente quebráveis.

Aliado ao novo material um novo processo mecânico permitiu aumentar a quantidade de sulcos (“grooves”) de 40 para 100 por centímetro, desenvolvido por Peter Goldmark em 1947 e passando a ser conhecido por microssulco. Com o vinil também foi possível introduzir novo padrão de registro de freqüências permitindo a gravação e reprodução de ampla faixa com muito pouco ruído de fundo. Naturalmente que os estúdios de gravação também foram modernizados, empregando o registro sonoro através de fitas magnéticas e circuitos eletrônicos mais elaborados, incluindo vários canais de gravação.

O primeiro LP comercial (não foi de música de Jazz) introduzido em 21/junho/1948 pela Columbia foi o 10 polegadas (Col. ML 2001) com a “Beethoven's 8th Symphony” regida por Bruno Walter e a New York Philharmonic, logo a seguir o primeiro 12 polegadas, também da Columbia (Col. ML 4001), coube ao magnífico “Mendelssohn's Violin Concerto”, com Nathan Milstein solista e a New York Philharmonic Orchestra, regida também por Bruno Walter. O LP permitia fantásticos 30 minutos de música em cada lado.   Pode-se imaginar o que isto passaria a significar para os músicos de Jazz, agora bem mais livres daqueles 3½ minutos de duração de cada lado do 78rpm.

O primeiro LP de Jazz coube ao Duke Ellington, num LP de 10 polegadas, “The Liberian Suíte” (CL-6073-1948), gravado pela Columbia no New York's Liedenkranz Hall em 24/dezembro/1947.

Essa gravação também foi lançada pela Prestige Records (P-24075).

Seguiram-se os discos compactos de 45rpm e 17,5 centímetros, conhecidos como EP (“Extended Play”) e que tiveram pouca acolhida, seguiu-se a gravação magnética em multipistas, a partir das experiências da RCA Victor desde 1954.

Mais adiante (1956) foi introduzido o processo estereofônico, que deu nova dimensão ao som reproduzido.   O primeiro LP de Jazz editado no processo estereofônico coube à banda “The Dukes of Dixieland”, com o álbum ― “You Have to Hear It To Believe It... Vol. 1”, pelo selo Audio Fidelity (AFSD 5823 - 1957).

Sidney Frey fundador da Audio Fidelity andava por Las Vegas, como sempre procurando novos valores para seu selo, quando ao perguntar a um barman se sabia de algo diferente na cidade este lhe falou se já havia visto os “Dukes of Dixieland,  que por ali se apresentavam.

Sidney acabou por contratar o grupo, coincidindo com a recente instalação dos novos equipamentos e, assim se tornou a primeira banda de Jazz a gravar em estereofonia.

A qualidade era impressionante, pois além da parte técnica de gravação, a extrema espessura da “bolacha” e sua leveza criaram um paradigma para o LP.

A formação dos “Dukes of Dixieland” nessa gravação contou com Frank Assunto (tp), Fred Assunto (tb), Papa Jac Assunto (tb e banjo), Harold Cooper (cl), Stanley Mendelson (pi), Roger Johnson (bat) e Bill Porter (bx).

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