Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

09 junho 2021

 

Série: Histórias do Jazz

 

DO OUTRO LADO DO JAZZ # 5

DA CERA AO RAIO LASER (2)

Pode-se até imaginar que após o advento do microfone e dos amplificadores como parte do processo elétrico de gravação do som, tudo tenha se tornado muito simples do dia para a noite, mas ledo engano!    Inicialmente havia só um microfone, só um canal de gravação e os problemas de captação mudaram um pouco mas, de certa forma, se mantiveram.

O microfone ficava em um pedestal e os músicos a sua volta no mesmo nível, depois criaram plataformas em níveis diferentes, mais tarde o microfone foi pendurado no teto, enfim, várias foram as maquinações objetivando uma melhor distribuição do som a ser captado pelo solene microfone.

Uma dessas resultou em hilariante episódio, quando Bessie Smith foi fazer uma gravação com sete rapazes da banda de Fletcher Henderson, o engenheiro da Columbia inventou que o som seria melhor captado pelo microfone, ainda a carvão, se os espaços sonoros fossem os mais reduzidos possíveis.  Naturalmente lidava com o problema da reverberação acústica do estúdio, ainda não devidamente tratado.   Foi então armada uma tenda com cortinas de pano e cada músico embaixo, mas eis que Bessie no meio dessa parafernália teve um ataque de claustrofobia e para  se  livrar  daqueles  panos,  foi  balançando  a  geringonça, que caiu por cima de todos criando a imagem de um monte de fantasmas gesticulando, alguns ainda tocando!   Deve ter sido cena digna de um filme dos irmãos Marx ou dos 3 Patetas (no caso 8 Patetas).

Outro episódio curioso ocorrido foi em função da discriminação da bateria nos estúdios de gravação, mas foi Gene Krupa talvez o 1º a enfrentar tal implicância e a montar todo seu aparato dentro de um estúdio de gravação, o que ocorreu exatamente a 08/dezembro/1927. 

O produtor Tommy Rockwell da Okeh Records convidara alguns jovens de Chicago reunidos em torno do banjoista Eddie Condon, e lá estava Krupa com apenas 18 aninhos.   Ao entrar no estúdio Rockwell assustou-se com toda a bateria montada e perguntou: ― “O que é isto aqui? O que pretende com tudo isto?” e Krupa respondeu simplesmente... ―“tocar”. Rockwell se desesperou, porém Krupa, talvez pela inocência de sua juventude ou mesmo por atrevimento, fincou pé, insistiu, até que depois de muitas idas e vindas em torno do engenheiro de gravação, Rockwell  acabou permitindo que pelo menos aquilo fosse experimentado e assim, pela primeira vez, pode-se ouvir tarol, tantãs, pratos e bumbo juntos numa gravação, ou seja, uma bateria completa.

Entretanto Krupa foi bastante parcimonioso em sua execução, para não por tudo a perder, é claro.

O disco (Okeh 41011) (78 rpm) editado tinha de um lado a canção SUGAR e CHINA BOY do outro. Como a gravação deu certo e até foi um sucesso, Krupa voltou entusiasmado ao estúdio com o Eddie Condon Quartet em julho/1928 e, ai sim, Krupa "deita e rola" com seus pratos, bumbos e demais apetrechos em INDIANA e CHINA BOY, 2 clássicos do “dixieland” de Chicago.                                                                        

Nos anos de 1940 surgiu o processo de gravação magnética e em 1948 foi produzido comercialmente e pela Columbia Records o 1º disco de longa duração, o famoso LP - Long Play - termo consagrado mundialmente referindo-se à tecnologia de gravações em microssulcos com a velocidade de 33 1/3 rpm.

Tal processo foi alavancado no pós-guerra com o desenvolvimento dos poliésteres plásticos (vinil). Os discos com este material foram chamados de inquebráveis (unbreakable) em comparação aos anteriores de 78rpm feitos em goma-laca (shellac), estes altamente quebráveis.

Aliado ao novo material um novo processo mecânico permitiu aumentar a quantidade de sulcos (“grooves”) de 40 para 100 por centímetro, desenvolvido por Peter Goldmark em 1947 e passando a ser conhecido por microssulco. Com o vinil também foi possível introduzir novo padrão de registro de freqüências permitindo a gravação e reprodução de ampla faixa com muito pouco ruído de fundo. Naturalmente que os estúdios de gravação também foram modernizados, empregando o registro sonoro através de fitas magnéticas e circuitos eletrônicos mais elaborados, incluindo vários canais de gravação.

O primeiro LP comercial (não foi de música de Jazz) introduzido em 21/junho/1948 pela Columbia foi o 10 polegadas (Col. ML 2001) com a “Beethoven's 8th Symphony” regida por Bruno Walter e a New York Philharmonic, logo a seguir o primeiro 12 polegadas, também da Columbia (Col. ML 4001), coube ao magnífico “Mendelssohn's Violin Concerto”, com Nathan Milstein solista e a New York Philharmonic Orchestra, regida também por Bruno Walter. O LP permitia fantásticos 30 minutos de música em cada lado.   Pode-se imaginar o que isto passaria a significar para os músicos de Jazz, agora bem mais livres daqueles 3½ minutos de duração de cada lado do 78rpm.

O primeiro LP de Jazz coube ao Duke Ellington, num LP de 10 polegadas, “The Liberian Suíte” (CL-6073-1948), gravado pela Columbia no New York's Liedenkranz Hall em 24/dezembro/1947.

Essa gravação também foi lançada pela Prestige Records (P-24075).

Seguiram-se os discos compactos de 45rpm e 17,5 centímetros, conhecidos como EP (“Extended Play”) e que tiveram pouca acolhida, seguiu-se a gravação magnética em multipistas, a partir das experiências da RCA Victor desde 1954.

Mais adiante (1956) foi introduzido o processo estereofônico, que deu nova dimensão ao som reproduzido.   O primeiro LP de Jazz editado no processo estereofônico coube à banda “The Dukes of Dixieland”, com o álbum ― “You Have to Hear It To Believe It... Vol. 1”, pelo selo Audio Fidelity (AFSD 5823 - 1957).

Sidney Frey fundador da Audio Fidelity andava por Las Vegas, como sempre procurando novos valores para seu selo, quando ao perguntar a um barman se sabia de algo diferente na cidade este lhe falou se já havia visto os “Dukes of Dixieland,  que por ali se apresentavam.

Sidney acabou por contratar o grupo, coincidindo com a recente instalação dos novos equipamentos e, assim se tornou a primeira banda de Jazz a gravar em estereofonia.

A qualidade era impressionante, pois além da parte técnica de gravação, a extrema espessura da “bolacha” e sua leveza criaram um paradigma para o LP.

A formação dos “Dukes of Dixieland” nessa gravação contou com Frank Assunto (tp), Fred Assunto (tb), Papa Jac Assunto (tb e banjo), Harold Cooper (cl), Stanley Mendelson (pi), Roger Johnson (bat) e Bill Porter (bx).

Nenhum comentário: