Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

12 maio 2021

 

Série: Histórias do Jazz

DO OUTRO LADO DO JAZZ # 1

O objetivo é apresentar alguns aspectos ligados de alguma forma à música de Jazz, mas que normalmente estão em "off" ou seja, escondidos nos bastidores ou mesmo providos de caráter subjetivo; digamos, então, que fazem parte DO OUTRO LADO DO JAZZ. Assim o assunto Jazz, a par de sua musicalidade, vem incorporando inúmeras histórias e estórias ligadas aos músicos, produtores, aficionados, pesquisadores, tecnologia, enfim de todos que vêm criando e divulgando a “Arte Maior do Jazz” por todo esse tempo e aos fatos que os envolvem.

SÉCULO XX

O Jazz tem sua trajetória histórica desde o início do século XX e ao atravessá-lo compartilhou com a humanidade de suas conquistas sociais e tecnológicas, bem como de suas glórias e infortúnios. Neste processo sofreu dos efeitos das drogas alucinógenas, alcoolismo, do racismo aos seus fiéis criadores, da grande Depressão Econômica de 1929, do gangsterismo de Chicago, da grande greve das gravadoras dos anos 1942/44, não nos esquecendo do primeiro golpe que foi o fechamento do distrito de Storyville em New Orleans no ano de 1917.

No desenvolvimento da tecnologia o Jazz esteve presente nos inventos como dos cilindros de Edison, rolos para pianolas, do gramofone, dos processos de gravação de áudio, do cinema sonoro, do início das transmissões comerciais do rádio e da gravação de imagens.

A década de 1920 trouxe novos estilos de música para a cultura “mainstream” (corrente principal) em cidades de vanguarda como Kansas City, Chicago e New York. O jazz tornou-se a forma mais popular de música para jovens. A historiadora Kathy J. Ogren diz que na década de 1920 o jazz se tornou a ― "influência dominante sobre a música popular da América em geral". Scott DeVeaux (*) argumenta que uma história padrão do jazz emergiu de tal forma que: ―"Depois de uma concordância obrigatória com as origens africanas e antecedentes de ragtime, a música é mostrada movendo-se através de uma sucessão de estilos ou períodos: jazz de Nova Orleans até os anos 1920, a década de 1930 em Chicago e Kansas City, a Era Swing final dos anos 1930, o bebop na década de 1940, o cool jazz e hard bop nos anos 50, o free jazz e o fusion nos anos 60 e 70”.

O panteão de músicos e cantores da década de 1920 inclui Louis Armstrong, Duke Ellington, Sidney Bechet, Jelly Roll Morton, Joe "King" Oliver, James P. Johnson, Fletcher Henderson, Frankie Trumbauer, Paul Whiteman, Bix Beiderbecke, Adelaide Hall e Bing Crosby. O desenvolvimento do blues urbano também começou na década de 1920, com artistas como Bessie Smith e Ma Rainey. Na última parte da década, as primeiras formas de música country foram dos pioneiros como Jimmie Rodgers, The Carter Family, Uncle Dave Macon, Vernon Dalhart, e Charlie Poole.

Clubes de dança se tornaram muito populares atingindo o pico no final da década de 1930 e chegou ao início dos anos 1940.

Danceterias com concursos de dança patrocinados, onde os dançarinos inventavam e competiam com novos movimentos recebendo prêmios. Profissionais começaram a aprimorar suas habilidades em sapateado e outras danças da época ao longo do circuito de palco nos Estados Unidos. O Harlem desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento de estilos de música e dança. Vários locais de entretenimento atraíram pessoas de todas as raças. O Cotton Club apresentava artistas negros e atendia uma clientela branca, enquanto o Savoy Ballroom atendia a uma clientela em sua maioria negra. Alguns moralistas religiosos pregaram contra ―"Satanás no salão de dança", mas tiveram pouco impacto.

As danças mais populares ao longo da década de 20 foram o foxtrot, a valsa e o tango de salão. Desde o início da década, no entanto, uma variedade de danças de novidades excêntricas foram desenvolvidas. As primeiras destas foram o Breakaway e o Charleston. Ambas foram baseadas em estilos musicais e batidas afro-americanas, incluindo o popular blues. A popularidade do Charleston explodiu depois de sua participação em dois shows da Broadway de 1922. Uma breve mania do Black Bottom, originária do Apollo Theatre, varreu os salões de dança de 1926 a 1927, substituindo o Charleston em popularidade. Em 1927, o Lindy Hop, uma dança baseada em Breakaway e Charleston e integrando elementos da batida, tornou-se a dança social dominante, desenvolvida no Savoy Ballroom. O Lindy Hop mais tarde evoluiu para outras danças swing.

O foxtrot é uma dança de salão caracterizada por movimentos longos e contínuos e dança-se com música executada pelas grandes bandas de jazz – as big bands – com sensação de elegância e sofisticação. Visualmente, a dança assemelha-se à valsa, embora o ritmo seja quaternário (em vez do ritmo ternário da valsa). Desenvolvido logo após a Primeira Guerra Mundial, o foxtrot atingiu o auge de popularidade na década de 30, e continua praticada até hoje.

A mania da dança teve uma grande influência na música popular. Um grande número de gravações foram rotuladas como FOXTROT, no entanto eram na verdade músicas de jazz, em se tratando de baladas, lia-se Slow-Fox.

O Jazz, dispensado que foi do serviço militar na 1ª Guerra Mundial, alistou-se para a 2a. Grande Guerra tendo uma atuação soberba com inúmeras bandas, mas acabando por sofrer perda irreparável como a do major Glenn Miller. Ao fim da guerra, desfrutou de momentos de euforia através das “big bands”, dos “ballrooms” e “night clubs” e crescendo como arte chegou ao meio século de existência. Dos anos 60 em diante passou por momentos difíceis vivendo novas concepções estruturais como atonalidade, escalas modais e até mesmo as exóticas como as indianas e orientais, enfrentou desavenças rítmicas onde melodia e acompanhamento seguem métricas diferentes e até, por vezes, conflitantes. As sonoridades foram eletrificadas e adicionados efeitos eletrônicos e com estes ingredientes ocorreu o advento do “free”, do “fusion”, vindo a ser atacado pelo ácido – “Acid Jazz”. O século XX terminou sob o “nu-jazz”, expressão cunhada ao final dos anos de 1990 (nu corruptela de new), relacionada à combinação de texturas e instrumentação jazzísticas com a música eletrônica, aventurando-se em território do “groove jazz”, este mais próximo do “funk”, “soul” e “rhythm & blues”.

Parece-nos que tais mudanças não acrescentaram mais emoção que o cornetim de Armstrong, o clarinete de Goodman, o piano de Peterson ou o sax de Charlie Parker e, para não sermos tão tradicionalistas e conservadores, ainda dentro do horizonte daquilo que se possa chamar de um Jazz livre, entendemos que o limite tenha se situado em torno de Cecil Taylor (pianista), Ornette Coleman (saxofonista alto) e Sun Ra (tecladista) dentre poucos. Um dos expoentes deste gênero foi John Coltrane, na década de 1960.

(*) Scott DeVeaux é musicólogo especialista em jazz e música americana, com interesses em etnomusicologia africana e música popular.

Um comentário:

Anônimo disse...

Perfeito Major excelente descrição do jazz no século 20. Do outro lado do jazz série e já curioso do que vem por ai. abraço
Carlos Lima