Série: Histórias do Jazz
BIX BEIDERBECKE
Bix nunca aprendeu a ler música
muito bem, mas tinha um ouvido incrível mesmo como criança. Aos 3 anos
reproduzia no piano a melodia da Segunda Rapsódia Húngara de Liszt. Na
juventude aos 15 anos comprou um cornetim e como autodidata criou uma digitação
nada ortodoxa para o instrumento. Seus pais desaprovavam sua dedicação à música
popular, principalmente a "hot-music", já que sua mãe tocava órgão
com peças clássicas e religiosas e um avô dirigia a Filarmônica de Davenport a
cidade dos Beiderbecke. Em represália o mandaram para a escola militar de Lake
Forest em Chicago em 1921, mas logo foi excluído por ignorar as rígidas normas militares
e acabou mesmo tornando-se um músico profissional.
Em 1923 Beiderbecke aderiu à
Orquestra Wolverine gravando no ano seguinte com Dick Voynow (piano e líder),
Al Gande (tb), Jimmy Hartwell (cl), George Johnson (st), Bob Gillette (bj), Min
Leibrook (tu) e Vic Moore (bat).
Bix foi muito influenciado pela
Original Dixieland Jass Band, e seu líder o trompetista Nick LaRocca, mas logo
superou sua imitação. Em 1924 Bix deixa os Wolverines para aderir à Orquestra
de Jean Goldkette, mas sua incapacidade de ler música eventualmente resultou em
perder o emprego. Em 1926, passou algum tempo com a Orquestra de Frankie
Trumbauer onde ele gravou sua bela obra de piano solo "In a Mist". Também
gravou alguns dos seus melhores trabalhos com Trumbauer e o guitarrista Eddie
Lang, sob o nome de Tram, Bix & Eddie.
Depois ingressou como solista na grande Orquestra de Paul Whiteman uma das mais
populares da década de 20.
Whiteman era um grande músico e
sábio homem de negócios fazendo valer estas habilidades para criar algo
inusitado para a época como uma grande orquestra incorporando seção de cordas,
ele próprio sendo violinista e incluindo alguns músicos de Jazz em várias épocas
como além de Bix Beiderbecke (ct), Red Nichols (tp), Tommy e Jimmy Dorsey (tb e
sa), Frankie Trumbauer (Cmelody-sax, sa), Jack Teagarden (tb), Red Norvo (vb),
Joe Venuti (vi), Eddie Lang (gt) e cantores como Bing Crosby e Mildred Bailey.
Seu produto musical era um grande híbrido segmentado em sua formação de músico
clássico inserindo momentos de Jazz, tudo bem orquestrado para uma formação
média de 23 a 25 músicos.
Aproveitando a magia da Era do
Jazz tornou-se figura indispensável nos maiores eventos da sociedade
norte-americana, principalmente como grande orquestra de concertos populares e
de dança, e da mesma maneira atuou com enorme sucesso na Europa. A expressão
JAZZ SINFÔNICO estará eternamente ligada à carreira musical de Paul Whiteman (*1890
†1967), inclusive cognominado de "O Rei do Jazz" para desespero dos
verdadeiros jazzistas.
Em 1929 Bix começou a beber demasiado
chegava a sofrer de "delirium tremens" e entrou numa terrível depressão
nervosa e Paul Whiteman resolveu tentar
ajudá-lo continuando a lhe pagar com o compromisso de que voltaria para a
orquestra e foi enviado aos seus pais em Davenport, Iowa para se recuperar. Bix
nunca se recuperou realmente e em grande declínio não voltou a Whiteman. Ele dizia que sempre tinha alguém
para oferecer uma dose de gim.
Retornou a Nova Iorque em 1930 e
fez alguns registros mais com seu amigo Hoagy Carmichael e sob o nome de Bix
Beiderbecke & his Orchestra, mas apesar de contar com all-stars tais como: Jack Teagarden (tb), Benny Goodman
(cl), Min Leibrook (sax baixo), Matty Malneck, Joe Venuti (vln) Frank Signorelli
(pi), Jimmy Dorsey, Pee Wee Russell (cl,sa), Bud Freeman (st), Irving Brodsky
(pi) Eddie Lang (gt) e Gene Krupa (bat), essas últimas gravações de 8 e 15 de setembro
daquele ano foram decepcionantes.
Morreu com a idade de 28 em 1931
durante um coma alcoólico. A causa oficial da morte foi pneumonia seguido de
edema no cérebro.
Deixou 91 peças gravadas desde os
Wolverines em 1924 a Carmichael em 1930. Algumas de suas maiores interpretações
e notadamente transformadas em grande sucesso: Fidgety Feet, Lazy Daddy, Sensation Rag, Copenhagen, Riverboat Shuffle,
Royal Garden Blues, Jazz Me Blues, Clarinet Marmalade, Singin' The Blues, I'm
Coming Virginia e Clementine.
Tornou-se famosa a estória de Bix que atuando na orquestra requintada e
"sinfônica" de Paul Whiteman, costumava colocar um jornal na estante fingindo
ler a partitura. Quando dos ensaios enrolava um pouco no início das
“ensembles”, mas depois de duas ou três passagens já tinha tudo de cor, contudo
na hora de solar levantava-se e então, ficava à vontade. Whiteman sabia
de tudo, mas estava mais interessado justamente nas exuberantes passagens solo que
Bix proporcionava.
Grandes trompetistas e cornetistas da história do jazz nos anos 30 foram
influenciados por Bix, tais como: Jimmy McPartland, Bobby Hacket, Bunny
Berigan, Wild Bill Davidson, Max Kaminsky, Ruby Braff todos de raça branca e
ainda Rex Stewart um afro-americano.
Podemos ouvir uma de suas melhores gravações
com o grupo: Frankie Trumbauer and his Orchestra With Bix And Lang: Bix
Beiderbecke (cnt), Bill Rank (tb), Frankie Trumbauer (c-mel), Jimmy Dorsey (cl,sa),
Paul Mertz (pi), Howdy Quicksell (bj), Eddie Lang (gt), Chauncey Morehouse (bat)
SINGIN' THE BLUES (Con Conrad / Sam M.
Lewis / J. Russel Robinson / Joe Young) ― New York, 4/fevereiro/1927
C MELODY SAX - nome dado ao saxofone afinado em dó, um tom
acima do tenor usual, instrumento originalmente criado para obras sinfônicas em
virtude de seu timbre mais delicado e do colorido tonal. No Jazz foi pouco
usado tendo sido seu maior cultor Frankie Trumbauer (⁕1901 †1956) nos anos 20 ao lado do cornetista
Bix Beiderbecke (⁕1903
†1931).
Um comentário:
Não conheço agora sim este blog espetacular, acompanho as series do jazz e podcasts amazing Sou americano moro Brazil 8 anos trabalho com química empresa do nordete. Congratulations para realisadores deste blog.
Mark Robbis
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