Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

07 abril 2021

 

Série: Histórias do Jazz

 JELLY ROLL MORTON

 Jelly Roll Morton, nome artístico, de Ferdinand Joseph La Menthe Morton foi um pianista, compositor e arranjador. Viveu de 20 de outubro/1890 a 10 de jullho/1941.  Morton se notabilizou não só como um proeminente pianista de jazz combinando elementos do ragtime, blues e vaudeville em um estilo muito próprio como também foi o primeiro compositor de jazz realmente significante. Destacando-se depois a partir de 1926 como excelente arranjador com seu grupo RED HOT PEPPERS.

Morton pegou emprestado uma variedade de estilos, incluindo música latino-americana, que ele referia como o “matiz espanhol” em suas canções. Ainda assim, sua música permaneceu enraizada no arranjos básicos de ragtime e blues de Scott Joplin e W. C. Handy.

O estilo de piano de Morton foi formado a partir do ragtime inicial o "shout" (1) e “stomps” (2), que também evoluiu separadamente para a escola de piano de Nova York. A forma de tocar de Morton também estava perto do barrelhouse, que produziu o boogie-woogie.

Morton estipulava que para ser uma bom pianista de jazz teria de procurar a imitação de uma banda. Suas composições foram concebidas orquestralmente, com uma maravilhosa capacidade de criar melodias. Ele também incorporava às suas composições elementos musicais em seu famoso discurso sobre jazz tais como: — riffs, breaks, introduções, mudanças dos acordes, etc. Salientou também a importância de escolher tempos corretos para cada melodia sem aceleração e considerando o uso da dinâmica essencial com ênfase no ritmo.

Morton deixou bem claro que estes princípios deviam ser estritamente respeitados por outros músicos quando ao tocar ou gravar e se queixou de que suas composições foram algumas vezes descaracterizadas pelo desempenho incorreto.

Morton gravou todas suas composições como solos de piano ou em performances de grupo em seu próprio nome durante sua carreira, com duas excepções: Milenberg, um piano solo para Gennett em 1924, mas foi rejeitada e não emitida — a matrix nunca foi encontrada, e onze meses anteriores, em julho de 1923, Morton tinha ido aos estúdios da Gennett, ao mesmo tempo que os New Orleans Rhythm Kings e acabou substituído pelo pianista Kyle Pierce em três músicas, uma das quais foi Milenberg.

A maior de todas as bandas de jazz clássicas, lideradas pelo bom amigo de Morton ― Joe King Oliver, gravou Froggie Moore Rag, uma composição de três temas que incorpora uma mudança fundamental na estrutura e London Café Blues, com base em uma sucessão de breaks, um dispositivo musical que Morton e Joe Oliver particularmente apreciavam.

Nos anos 20 as composições de Morton se tornaram populares sem dúvida pela disponibilidade das partituras publicadas por Tin Pan Alley.

Nos anos de 1925 e 26 vários importantes grupos além dos New Orleans Rhythm Kings em New Orleans gravaram composições de Morton tais como:  Em Kansas City ― Bennie Moten com Midnight Mama, em St. Louis ― Charlie Creath com Grandpa's Spells, em Chicago ― Doc Cook com Sidewalk Blues e em New York Henry Busse com Milenberg Joys todos temas de Morton usando seus próprios arranjos.

Morton alegou ter escrito King Porter Stomp homenageando seu amigo pianista Porter King nos primeiros anos do século 20. Quanto a Kansas City Stomp Jelly explicou que a peça não veio de Kansas City mas foi composta quando estava em Tijuana, México e dedicada à cidade de Kansas. Jelly Roll Blues era originalmente conhecida como The Blues of Chicago.

Abaixo uma lista das mais expressivas composições de Jelly Roll Morton:

Big Foot Ham; Black Bottom Stomp; Burnin' the Iceberg; The Crave; Creepy Feeling; Doctor Jazz Stomp; The Dirty Dozen; Fickle Fay Creep; Finger Buster; Freakish; Frog-I-More Rag; Good Old New York; Grandpa's Spells; Jungle Blues; Kansas City Stomp; King Porter Stomp;  London Blues; Mama Nita; Milenberg Joys; Mint Julep; My Home Is in a Southern Town; New Orleans Bump; Pacific Rag; The Pearls; Pep; Pontchartrain; Red Hot Pepper; Shreveport Stomp; Sidewalk Blues; Stratford Hunch; Sweet Substitute; Tank Town Bump; Turtle Twist; The Crave; Why? e Wolverine Blues

Várias das composições de Morton eram homenagens musicais a si próprio, incluindo ― Winin' Boy, The Jelly Roll Blues, The Original Jelly-Roll e Mr. Jelly Lord. Morton alegou também ter escrito algumas músicas que ficaram com copyright atribuído a outros, incluindo Alabama Bound e Tiger Rag (??).

Red Hot Peppers foi uma banda para gravação liderada por Jelly Roll de 1926 a 1930. A banda variando de sete a oito integrantes formada em Chicago e gravando para Victor, apresentava os melhores músicos “freelance” do estilo de Nova Orleans disponíveis.

As gravações feitas pelo grupo em Chicago em 1926-1927, como "Black Bottom Stomp", "Smoke-House Blues" e "Doctor Jazz" estabeleceram um padrão para pequenos grupos de jazz. Morton como compositor e arranjador é de suma importância se refletindo na estrutura das peças, que combina clareza com variedade e consegue manter um equilíbrio entre o conjunto e o solo permitido a cada músico da banda. A qualidade das apresentações era ainda melhorada pelos ensaios cuidadosos que a banda fazia antes das gravações, algo incomum nas primeiras apresentações dos grupos de jazz.

Em 1928, Morton mudou-se para Nova York, onde continuou a fazer gravações com o nome de Red Hot Peppers, mas colaborou com músicos de outras orquestras. Em 1930, o nome Red Hot Peppers não era mais usado.

As gravações feitas pelos Red Hot Peppers constituíram uma contribuição significativa para a indústria fonográfica, em seu auge ao final da década de 1920 e anos 1930. A mistura magistral de composição e improvisação demonstrada por Morton e seus colegas abriu um precedente para o jazz em relação a outros grupos.

Dentre as várias peças consideradas verdadeiras obras de arte podemos ouvir uma das mais significativas ilustrando tudo que foi dito acima:

Jelly Roll Morton's Red Hot Peppers: George Mitchell (cnt), Kid Ory (tb), Omer Simeon (cl), Jelly Roll Morton (pi), Johnny St. Cyr (bj), John Lindsay (bx) e Andrew Hilaire (bat).

BLACK BOTTOM STOMP (Jelly Roll Morton) - Chicago, 15/setembro/1926


(1) SHOUT - literalmente grito e é usado para caracterizar um estilo de se cantar o blues com uma interpretação possante, quase gritada. Por certo, uma herança da era da escravidão através do canto das plantações do sul dos EUA, o field-holler. O termo é empregado também para execuções instrumentais onde o “approach” é deliberadamente poderoso. Approach o termo em inglês que musicalmente refere-se à abordagem de uma execução, ou seja a maneira de tratar uma apresentação musical, com forte ataque.

(2) STOMP - em inglês o verbo "to stomp" significa bater firme o pé, marchar cadenceado e curiosamente foi empregado o seu substantivo como referência próxima ao swing. O termo STOMP nos anos 20 designava simplesmente uma música sincopada, sendo ou não especificamente Jazz. É muito comum encontrar em anúncios de espetáculos da época que determinado músico iria executar blues, ragtimes e STOMPS. Morton compôs vários stomps. Na era das big bands o termo passou a se referir a uma música com intenso swing, favorável à dança como o tema Stompim’ At The Savoy ou I’m Gonna Stomp Mr. Henry Lee.

Um comentário:

Edison Waetge Jr disse...

Figuraça, esse Jelly Roll Morton!