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Aqui você vai encontrar as novidades sobre o panorama nacional e internacional do Jazz e da Bossa Nova, além de recomendações e críticas sobre o que anda acontecendo, escritas por um time de aficionados por esses estilos musicais. E você também ouve um notável programa de música de jazz e blues através dos PODCASTS.
Apreciando ou discordando, deixem-nos seus comentários.
NOSSO PATRONO: DICK FARNEY (Farnésio Dutra da Silva)
..: ESTE BLOG FOI CRIADO EM 10 DE MAIO DE 2002 :..
Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).
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Série: Histórias do Jazz
Além do violino, Jim Lannigan tocava piano e Jimmy
McPartland o cornetim e seu irmão mais velho Dick o banjo e guitarra. Bud
Freeman tocava o C-melody sax naquele tempo ainda um tanto popular, mas logo
anos depois passou para o sax-tenor o que fez pelo resto de sua vida
profissional. Frank Teschemacher era também um dos integrantes do grupo e na época
estudava o sax-alto, mas ainda executava o violino, Dave North pianista. As
idades do grupo alcançavam desde o caçula Jimmy McPartland com 14 anos, Jim
Lannigan e Dick com 17, Teschemacher e Bud Freeman também com 16 este um pouco
mais novo.
O interesse era tão grande que além de praticarem ensaiando
no colégio o faziam em casa e até mesmo em um apartamento vazio do pai de um
deles.
Dominados pela mesma ambição passaram a se apresentar em
cinemas, restaurantes e festas. Como eram oriundos da classe média em princípio
poderiam tocar por hobby o que lhes deu uma maior liberdade musical, tocavam
aquilo que realmente queriam e gostavam, sem nenhuma imposição comercial.
Nesta época conheceram a Al Johnson Orchestra ouvida em um
teatro local que impressionou o grupo inspirando a executarem peças de caracter mais dançante passando então a participar das tardes dançantes no colégio Austin realizadas aos
sábados de 15 às 17:30h. Aprovados pela associação de pais como uma forma
social e saudável de entretenimento para os alunos.
Muitos jovens da região desejaram participar da banda,
alguns como Benny Goodman desenvolvendo seu talento, mas muitos interessados em
certas "mordomias" tal como uma viagem gratuita ao acampamento de verão
do colégio.
A pequena banda se apresentava, além do colégio, em festas
nas casas dos colegas estudantes. Praticando dia e noite muitas vezes os
estudos formais eram esquecidos.
Na cidade, em Austin, havia uma popular sorveteria ― The Spoon and the Straw que possuía
um fonógrafo automático (jukebox) e um certo dia alguém colocou um niquel e
escolheu uma música. Uma tremenda descoberta foi feita! Nada mais, nada menos
que uma gravação dos New Orleans Rhythm Kings (NORK), dirigida pelo cornetista
Paul Mares de New Orleans e junto George Brunies ao trombone, Leon Roppolo
clarinete, Mel Stitzel ao piano e Ben Pollack à bateria. O disco foi tocado
exaustivamente e a melodia era TIN ROOF BLUES, (George Brunies / Paul Mares /
Walter Melrose / Ben Pollack / Mel Stitzel) a primeira gravação dos NORK em 1923.
Era a primeira vez que tinham conhecimento daquele tipo de música e
naturalmente logo encantou a "gang" da Austin High School.
The Rhythm Kings, a quem os jovens Chicagoanos ouviam pela
primeira vez tinham crescido junto com o Jazz de New Orleans, agora como
veteranos vinham a influenciar outros jovens.
The Austin High School Gang, como passaram a ser conhecidos,
não tinham outro ambiente tão oportuno para desenvolver seu estilo musical,
calcado no ragtime, mas já era o Jazz presente, aquilo que ouviam na “jukebox” a
Austin Gang imediatamente iniciou a estudar, não era mais importante ler as
partituras e sim se dedicar às improvisações contrapontísticas entre os sopros,
o aquecimento do rítmo e a incomparável tonalidade blues.
Mais tarde quando puderam ouvir as gravações da Gennett e
Okeh feitas por Bix Beiderbecke e os Wolverines e pela King Oliver's Creole
Jazz Band, realmente se tornaram uns jazzistas. O impacto da música de New
Orleans havia passado e eles próprios inclusive começaram a criar seu estilo ― o Jazz de Chicago.
Vários outros jovens e talentosos músicos foram seguindo o
caminho da “hot-music” e assim juntaram-se ao grupo: Eddie Condon (banjo,
guitarra), os bateristas Dave Tough, George Wettling e Gene Krupa, Floyd
O'Brien (trombone), Muggsy Spanier (cornet), Mezz Mezzrow, Benny Goodman e
Rodney Cless (clarinete e saxes), Joe Sullivan, Jess Stacy, Art Hodes, Frank
Melrose pianistas e Red McKenzie que além de vocal tocava um inusitado
instrumento o "pente e papel" (comb-and-paper) procurando imitar o
cornet.
Muitas vezes o grupo tocava no Lewis Institute e a tarde era
chamada de "tea dances" (chá dançante) no mesmo modelo daquelas ocorridas
na Austin School. Cada um recebia em torno de 50 cents pela tarde. Ocasionalmente
Benny Goodman e Joe Sullivan tocavam com eles. Um dos maiores sucessos era uma
peça hoje tradicional do dixieland ―
JAZZ ME BLUES (Tom Delaney) e algumas do repertório dos New Orleans Rhythm
Kings.
Um dos fatores que sempre deixavam os ouvintes intrigados
era a ausência de partituras, vez por outra passavam um pequeno papel que
continha a harmonia base e o número de choruses dos solos, e nada mais, liam
colocavam de lado e saíam tocando.
Todos os membros da "gang" fizeram carreira
musical mas o pianista David North desapareceu no tempo não se tendo notícia.
Na verdade o grupo nunca formalizou uma banda comercial e
não tiveram oportunidade de alguma gravadora ou alguém do ramo se interessar em
fazer registros não havia por parte dos jovens ainda um profissionalismo.
Todos os músicos da gang foram crescendo e se garantindo em suas
próprias carreiras, no entanto alguns chegaram a formar pequenos grupos e aí
tiveram seus registros fonográficos.
Podemos então ouvir um desses grupos formado por membros da “gang”:
Jimmy McPartland (cnt), Frank Teschmacher (cl), Bud Freeman
(st), Joe Sullivan (pi), Eddie Condon (bj), Jim Lannigan (bx) e Gene Krupa (bat)
- Chicago, 8/dezembro/1927 – selo Okeh Records.
Um dos grandes clássicos "CHINA BOY" uma canção de
1922 escrita por Phil Boutelje e Dick Winfree. Foi introduzida no vaudeville
por Henry E. Murtagh e popularizada pela gravação de Paul Whiteman na Columbia
de 1929 com Bix Beiderbecke. A música se tornou um padrão de jazz e foi gravada
por, entre outros: Louis Armstrong, Mildred Bailey, Sidney Bechet, Gene Kardos,
Benny Goodman, Lionel Hampton, Isham Jones, Red Nichols, Charlie Parker, Django
Reinhardt e Fats Waller.
LIDER |
EXECUTANTES |
TEMAS e AUTORES |
GRAVAÇÃO LOCAL e DATA |
DOC CHEATHAM
|
Doc Cheatham
(tp), Jerry Zigmont (tb), Sammy Rimington (sa), Jon Marks (pi), Arvell Shaw
(bx) e John Russell (bat) |
THEM THERE EYES (Maceo
Pinkard, Doris Tauber e William Tracey) |
Live at "Sweet Basil", Greenwich Village, New York,
18/abril/1992 |
BILLIE HOLIDAY |
Billie Holiday (vcl) With Sy Oliver And His Orchestra : Bernie Privin,
Tony Faso, Dick Vance (tp), Henderson Chambers, Mort Bullman (tb), George
Dorsey, Johnny Mince (sa), Budd Johnson, Freddy Williams (st), Eddie
Barefield (cl), Horace Henderson (pi), Everett Barksdale (gt), George
Duvivier (bx), Cozy Cole (bat), Billie Holiday (vcl) e Sy Oliver (arranjo,
condução) |
New York, 29/agosto/1949 |
|
BENNY GOODMAN |
Charlie Shavers
(tp), Benny Goodman (cl), Benny Carter (sa), Dave Cavanaugh (st), Joe Koch
(sbar), Red Norvo (vib), Jimmy Rowles (pi), Irving Ashby (gt), Red Callender
(bx) e Lee Young (bat) |
Los Angeles, 29/maio/1947 |
|
DIDIER LOCKEWOOD |
Didier Lockwood
(vln), Bireli Lagrene (gt) e Niels-Henning Orsted Pedersen (bx) |
BARBIZON BLUES (Didier Lockwood) |
Paris, 9/dezembro/1999 |
SARAH
VAUGHAM & CLIFFORD BROWN |
Sarah Vaughan
(vcl), Clifford Brown (tp), Herbie Mann (fl), Paul Quinichette (st), Jimmy
Jones (pi), Joe Benjamin (bx), Roy Haynes (bat) e Ernie Wilkins
(arranjo,direção) |
IT’S CRAZY (Dorothy Fields / Richard Rodgers) |
New York, 18/dezembro/1954 |
LAWRENCE
SIEBERTH |
Lawrence
Sieberth (piano solo) |
BEALE STREET BLUES (W.C. Handy) |
New Orleans, c. 2003 |
STEVE
DAVIS |
Eddie Henderson
(tp), Steve Davis (tb), Eric Alexander (st), Harold Mabern (pi), Nat Reeves
(bx) e Joe Farnsworth (bat) |
SHORTCAKE (J.J. Johnson) |
New York, 1/dezembro/2014 |
DONALD
BROWN |
Donald Brown
(pi), Essiet Okon Essiet (bx) e Billy Kilson (bat) |
KILLER JOE (Benny Golson) |
Paris, 23/maio/2000 |
EDDIE DANIELS |
Eddie Daniels
(st), Joe Locke (vib), Tom Ranier (pi), David Finck (bw) e Joe LaBarbera
(bat) |
FALLING IN LOVE WITH LOVE (Richard Rodgers / Lorentz
Hart) |
Live at "Iridium Jazz Club", New York, 22/outubro/2006 |
CONNIE JONES III |
Connie Jones'
Crescent City Jazz Band : Conrad "Connie" Jones (cnt) Charlie
Bornemann (tb,vcl), Brian Ogilvie (cl), Paul Assaro (pi), Ed Wise (bx) e Russ
Williams (bat) |
MANDY, MAKE UP YOUR MIND (Grant Clarke / Arthur Johnston
/ George W. Meyer / Roy Turk) |
New Orleans, c. 1999 |
SWISS JAZZ
ORCHESTRA |
Stephan Geiser
(tp,co-ldr), Johannes Walter, Daniel Woodtli, Thomas Knuchel (tp), Vincent
Lachat, Rene Mosele, Ernhard Barnert (tb), Reto Zumstein (b-tb), George
Robert, Adrian Pflugshaupt (sa), Till Grunewald, Klaus Widmer (st), Neta
Noren (sbar), Philip Henzi (pi), Lorenz Beyeler (bx), Tobias Friedl (bat) e
Don Menza (arranjo, direção) |
GROOVE BLUES (Louie Bellson / Mal Waldron) |
Live at Bierhübeli, Berna, Suiça,
7/junho/2005 |
J.J. JOHNSON |
J.J. Johnson
(tb), Terence Blanchard (tp), Ralph Moore (st) , Stanley Cowell (pi), Rufus
Reid (b), Victor Lewis (bt) |
KENYA (J.J. Johnson) |
New York, 9/dezembro/1992 |
Série: Histórias do Jazz
EDDIE
LANG, A GUITARRA E O MICROFONE
No entanto, é altamente improvável que o instrumento tenha evoluído da
forma como fez sem dois importantes fatores, ambos ocorridos em meados da
década de 1920: a introdução do processo de gravação elétrica chegada em 1925 a
Nova York, e o guitarrista nascido em Philadelphia, EDDIE LANG ― Salvatore
Massaro em 25/out/1902, – falecido em 26/março/1933 ― foi conhecido como o pai
da guitarra no jazz. Durante os anos 20 ele deu ao violão um destaque que antes
faltava como instrumento solo, como parte de uma banda ou orquestra e como
acompanhamento para vocalistas. Gravou duetos com os guitarristas Lonnie
Johnson e Carl Kress e o violinista Joe Venuti, tocou guitarra base na big band
de Paul Whiteman e foi o acompanhante favorito de Bing Crosby. Até aquele
momento o banjo era o emblema da música popular, principalmente porque de todos
os instrumentos musicais, era o que tinha melhor sonoridade para atravessar o penoso
processo de gravação acústica. Na verdade, as gravações mais populares eram para
solos de banjo, normalmente transcritas a partir de pautas para piano, e muitas
vezes interpretadas por banjoistas virtuoses como o Fred Van Eps e Reser Harry.
Antes da introdução de um microfone amplificando a guitarra acústica, era
raramente ouvida fora da sala de concertos, mas em círculos menos formais como na
música flamenca ou dos ciganos. A nova tecnologia e Eddie Lang criaram um papel
inteiramente novo para a guitarra, e no processo ajudaram a mudar o som da música
popular.
Muito antes de se tornar profissional fazia música aos 16 anos em
1918, e até à sua morte em março de 1933, aos 30 anos, que resultou de
complicações após uma cirurgia para extração de amigdalas!
Em um tempo relativamente curto, Eddie Lang realizou mais do que a
maioria poderia esperar para fazer em várias vidas. Isto é especialmente
aplicado a sua carreira discográfica, que durou entre 1924 e 1933 com 25 lados
dos discos de 78rpm. Ao longo do caminho, há algumas performances familiares,
muitas delas em jazz e música popular, captando Lang em companhia de nomes tão
distintos como Louis Armstrong, Bix Beiderbecke, Bing Crosby, Benny Goodman,
Lonnie Johnson, King Oliver, Bessie Smith e Jack Teagarden, bem como liderando
seu grupo próprio de estúdio.
Eddie Lang juntou-se ao Mound City Blue Blowers logo após sua chegada
em Nova York em 1924, e fez sua primeira gravação com o grupo no mesmo ano, ao
fim da era acústica. O tema de abertura Best Black, de janeiro de 1925,
logo após a banda voltar de uma viagem bem sucedida a Londres. Aqui Lang tinha
um violão Gibson L4 que logo trocaria para o melhor som do L5, dada a
introdução do microfone. Gravar melhor com instrumento melhor.
Apesar da acústica primitiva, é evidente que Eddie Lang já era um
músico seguro, com um sentimento para o blues e um ouvido apurado para as
possibilidades harmônicas.
Sua parceria com o violinista Joe Venuti, uma das mais frutíferas para
o jazz, foi o ponto alto de inúmeras gravações, tais como Wild Cat
(outro parente de Tiger Rag). A presença vibrante de Venuti em parceria com Lang
reforçou muitas sessões de bandas comerciais de dança. Entre elas, Roger Wolfe
Kahn por exemplo. A versão da Fred Rich Orquestra de I Got Rhythm foi apenas
uma das várias contribuições em 1930 para o musical de Gershwin, Crazy Girl, e
um tema que logo se tornou um marco do jazz. Executada por um vibrante Venuti com
passagens de Lang, esta interpretação também se orgulha de solos do trombonista
Tommy Dorsey e seu irmão, Jimmy, no saxofone alto.
O guitarrista deu contribuição essencial para muitas gravações de jazz
clássico, entre elas, I'm Coming Virginia, de maio de 1927, feito com um
núcleo da Orquestra Goldkette sob o nome de Frankie Trumbauer. Aqui as linhas
do guitarrista estão interligadas no todo de forma brilhante, enquanto o seu
apoio sublime envolve a peça central do radiante Bix. Quase dois anos depois,
em março de 1929, outra obra-prima, o blues intitulado A Knockin 'Jug,
caracterizado pelo solo de Lang, suavizado, um interlúdio reflexivo entre as declarações
apaixonadas de Louis Armstrong e do trombonista Jack Teagarden. Entre estas
duas datas auspiciosas em uma sessão de novembro 1928, o nome do compositor
Clarence Williams, chegou à tona. Lang oferece suporte solidário ao solo de
cornetim de Joe "King" Oliver antes de produzir uma magnífica parte
de guitarra.
Com Paul Whiteman, Lang tinha atingido o auge do negócio da música,
embora não fosse mais um marco na sua ilustre carreira. Quando em 1931, Bing
Crosby começou a perseguir uma carreira solo, ele escolheu Eddie Lang como seu
acompanhante em todos as atuações ao vivo, transmissões de rádio, filmes e
gravações. Parecia inevitável que estes dois grandes artistas, eventualmente,
deveriam ter unido forças, dado o papel crucial da introdução que o microfone
tinha trazido em suas respectivas carreiras.
Dentro dos dois anos seguintes, e até o momento de sua morte trágica,
o distinto som de guitarra de Eddie Lang, tornou-se familiar a milhões de
pessoas em todo o mundo através de suas gravações com Bing Crosby.
Dentro de apenas um ano de sua morte, a reputação de Eddie Lang já
tinha começado a desvanecer-se. As primeiras gravações do Quinteto do Hot Club
de France - um grupo inicialmente inspirado no Joe Venuti ― Blue Four -
introduziu a obra de Django Reinhardt, a qual acrescentou uma outra dimensão
emocionante à guitarra elétrica no jazz.
Antes do final da década de 1930, o estilo de guitarra amplificada de
Charlie Christian, a ser ouvida com o Benny Goodman Sextet, abre ainda mais
possibilidades para o instrumento. No entanto, as realizações pioneiras de
Eddie Lang não devem e não podem ser negligenciadas. Sem qualquer influência
aparente ou mentor, ele fez todos os possíveis desenvolvimentos anteriores.
Além disso, possuía uma mente aberta musicalmente e a música parecia não ter
nenhum limite para ele, mas sim territórios a serem explorados, uma atitude
muito menos comum no seu tempo que modernamente. De tudo, o mais irônico,
então, foi ao saber-se que no ano de sua morte, seu diretório local a União de Músicos
(sindicato) descrevia Eddie Lang como banjoista!
Seus sofisticados padrões de acordes o tornavam um acompanhante único,
mas também era um excelente solista. Ele costumava tocar com o violinista
Venuti e com Five Pennies de Red Nichols, Frankie Trumbauer e Bix Beiderbecke.
Podemos ouví-lo em notável interpretação de ADD A LITTLE WIGGLE (Milton
Ager / Jack Yellen), apenas acompanhado do pianista Rube Bloom.
Gravação: New York, 29/março/1928
LIDER |
EXECUTANTES |
TEMAS e AUTORES |
GRAVAÇÃO LOCAL e DATA |
LARRY EANET |
Ron Hockett
(cl), Larry Eanet (pi,arranjo), Tommy Cecil (bx) e Harold Summey, Jr. (bat) |
SUNSET STOMP (Larry Eanet) |
Washington, DC, 21/julho/1998 |
BOOKER PITMAN |
Booker Pittman (ssop,vcl), Aurino (sbar), Fats Elpidio (pi), Luiz
Marinho (bx) e Milton Banana (bat) |
HONEYSUCKLE ROSE (Andy Razaf / Fats Waller) |
Rio de Janeiro, julho/1959 |
LONESOME ROAD (Nathaniel Shilkret / Gene Austin) |
|||
ESQUIRE ALL STARS |
Roy Eldridge
(tp), Jack Teagarden (tb), Coleman Hawkins (st), Art Tatum (pi), Al Casey
(gt), Oscar Pettiford (bx) e Sidney Catlett (bat) |
BUCK JUMPIN' (Al Casey / Ed Kirkeby) |
Live at "Metropolitan Opera House", New
York, 18/janeiro/1944 |
EUMIR DEODATO |
Eumir Deodato
(pi, arranjo), Paulo Moura (sa), J.T. Meirelles (st), Pedro Paulo (tp), Edson
Maciel (tb), Tião Neto (bx) e Dom Um (bat) |
TEMPINHO BOM (Eumir Deodato) |
Rio de Janeiro, selo Odeon, 1964 |
OLIVER
NELSON |
Thad Jones
(tp), Phil Woods (sa), Phil Bodner (st), Pepper Adams (sbar), Roger Kellaway
(pi), Richard Davis (bx), Grady Tate (bat) e Oliver Nelson (arranjo, direção) |
BLUES O' MIGHTY (Johnny Hodges) |
Englewood Cliffs, N.J., 10/novembro/1964 |
CAMILLE
THURMAN |
Camille Thurman
(vcl), Jeremy Pelt (tp), Jack Wilkins (gt), Cecil McBee (bx) e Steve Williams
(bat) |
I'M ON YOUR SIDE (Angela Bofill / Jeffrey Cohen / Narada Michael Walden) |
Brooklyn, NY, 9/setembro/2017 |
NOBLE
SISSLE |
NOBLE SISSLE
And His International Orchestra: Wendell Culley, Clarence Brereton, Demas
Dean (tp), Chester Burrill (tb), Sidney Bechet (ssop),, Harvey Boone (cl,sa),
Ramon Usera (sa), James "Buster" Tolliver (st), Harry Brooks (pi),
Oscar Madera (vln), Howard Hill (gt), Edward Coles (bx) e Jack Carter (bat)
Noble Sissle (arranjo, direção) |
POLKA DOT RAG (Sidney Bechet / Noble Sissle / James Toliver) |
Chicago, 15/agosto/1934 |
GEORGE
CABLES |
George Cables
(pi), Essiet Okon Essiet (bx) e Victor Lewis (bat) |
AFTER THE MORNING (John Hicks) |
Brooklyn, NY, 10/fevereiro/2015 |
HARRY ARNOLD |
Sixten
Eriksson, Weine Renliden, Bengt-Arne Wallin (tp) Arnold Johansson (tp,v-tb),
Ake Persson, Andreas Skjold, George Vernon, Goran Ohlsson (tb), Arne
Domnerus, Rolf Backman (sa), Carl-Henrik Norin, Bjarne Nerem (st), Johnny Ekh
(sbar), Bengt Hallberg (pi), Rolf Berg (gt), Georg Riedel (bx), Egil Johansen
(bat), Benny Bailey (tp), Quincy Jones (arranjo) e Harry Arnold (condução) |
KINDA BLUES (Harry Arnold) |
Live at "The Concert Hall", Estocolmo, 28/abril/1958 |
ROOM 608 (Horace Silver) |
|||
MEMPHIS SLIM |
Memphis Slim
(pi) e Willie Dixon (bx) |
AFTER HOURS (Erskine Hawkins / Avery Parrish) |
New York, janeiro/1962 |
CURTIS FULLER |
Curtis Fuller
(tb), Tate Houston (sbar), Sonny Clark (pi), Paul Chambers (bx) e Art Taylor
(bat) |
BONE AND BARI (Curtis Fuller) |
Hackensack, N.J., 4/agosto/1957 |
CHARLIE BYRD |
Charlie Byrd
(gt), Whitey Mitchell (bx) e Bobby Schutz (bat) |
JUST SQUEEZE ME (Duke Ellington / Lee Gaines) |
Live at "Village Vanguard", New York, dezembro/1960 |
Série: Histórias do Jazz
BIX BEIDERBECKE
Bix nunca aprendeu a ler música
muito bem, mas tinha um ouvido incrível mesmo como criança. Aos 3 anos
reproduzia no piano a melodia da Segunda Rapsódia Húngara de Liszt. Na
juventude aos 15 anos comprou um cornetim e como autodidata criou uma digitação
nada ortodoxa para o instrumento. Seus pais desaprovavam sua dedicação à música
popular, principalmente a "hot-music", já que sua mãe tocava órgão
com peças clássicas e religiosas e um avô dirigia a Filarmônica de Davenport a
cidade dos Beiderbecke. Em represália o mandaram para a escola militar de Lake
Forest em Chicago em 1921, mas logo foi excluído por ignorar as rígidas normas militares
e acabou mesmo tornando-se um músico profissional.
Em 1923 Beiderbecke aderiu à
Orquestra Wolverine gravando no ano seguinte com Dick Voynow (piano e líder),
Al Gande (tb), Jimmy Hartwell (cl), George Johnson (st), Bob Gillette (bj), Min
Leibrook (tu) e Vic Moore (bat).
Bix foi muito influenciado pela
Original Dixieland Jass Band, e seu líder o trompetista Nick LaRocca, mas logo
superou sua imitação. Em 1924 Bix deixa os Wolverines para aderir à Orquestra
de Jean Goldkette, mas sua incapacidade de ler música eventualmente resultou em
perder o emprego. Em 1926, passou algum tempo com a Orquestra de Frankie
Trumbauer onde ele gravou sua bela obra de piano solo "In a Mist". Também
gravou alguns dos seus melhores trabalhos com Trumbauer e o guitarrista Eddie
Lang, sob o nome de Tram, Bix & Eddie.
Depois ingressou como solista na grande Orquestra de Paul Whiteman uma das mais
populares da década de 20.
Whiteman era um grande músico e
sábio homem de negócios fazendo valer estas habilidades para criar algo
inusitado para a época como uma grande orquestra incorporando seção de cordas,
ele próprio sendo violinista e incluindo alguns músicos de Jazz em várias épocas
como além de Bix Beiderbecke (ct), Red Nichols (tp), Tommy e Jimmy Dorsey (tb e
sa), Frankie Trumbauer (Cmelody-sax, sa), Jack Teagarden (tb), Red Norvo (vb),
Joe Venuti (vi), Eddie Lang (gt) e cantores como Bing Crosby e Mildred Bailey.
Seu produto musical era um grande híbrido segmentado em sua formação de músico
clássico inserindo momentos de Jazz, tudo bem orquestrado para uma formação
média de 23 a 25 músicos.
Aproveitando a magia da Era do
Jazz tornou-se figura indispensável nos maiores eventos da sociedade
norte-americana, principalmente como grande orquestra de concertos populares e
de dança, e da mesma maneira atuou com enorme sucesso na Europa. A expressão
JAZZ SINFÔNICO estará eternamente ligada à carreira musical de Paul Whiteman (*1890
†1967), inclusive cognominado de "O Rei do Jazz" para desespero dos
verdadeiros jazzistas.
Em 1929 Bix começou a beber demasiado
chegava a sofrer de "delirium tremens" e entrou numa terrível depressão
nervosa e Paul Whiteman resolveu tentar
ajudá-lo continuando a lhe pagar com o compromisso de que voltaria para a
orquestra e foi enviado aos seus pais em Davenport, Iowa para se recuperar. Bix
nunca se recuperou realmente e em grande declínio não voltou a Whiteman. Ele dizia que sempre tinha alguém
para oferecer uma dose de gim.
Retornou a Nova Iorque em 1930 e
fez alguns registros mais com seu amigo Hoagy Carmichael e sob o nome de Bix
Beiderbecke & his Orchestra, mas apesar de contar com all-stars tais como: Jack Teagarden (tb), Benny Goodman
(cl), Min Leibrook (sax baixo), Matty Malneck, Joe Venuti (vln) Frank Signorelli
(pi), Jimmy Dorsey, Pee Wee Russell (cl,sa), Bud Freeman (st), Irving Brodsky
(pi) Eddie Lang (gt) e Gene Krupa (bat), essas últimas gravações de 8 e 15 de setembro
daquele ano foram decepcionantes.
Morreu com a idade de 28 em 1931
durante um coma alcoólico. A causa oficial da morte foi pneumonia seguido de
edema no cérebro.
Deixou 91 peças gravadas desde os
Wolverines em 1924 a Carmichael em 1930. Algumas de suas maiores interpretações
e notadamente transformadas em grande sucesso: Fidgety Feet, Lazy Daddy, Sensation Rag, Copenhagen, Riverboat Shuffle,
Royal Garden Blues, Jazz Me Blues, Clarinet Marmalade, Singin' The Blues, I'm
Coming Virginia e Clementine.
Tornou-se famosa a estória de Bix que atuando na orquestra requintada e
"sinfônica" de Paul Whiteman, costumava colocar um jornal na estante fingindo
ler a partitura. Quando dos ensaios enrolava um pouco no início das
“ensembles”, mas depois de duas ou três passagens já tinha tudo de cor, contudo
na hora de solar levantava-se e então, ficava à vontade. Whiteman sabia
de tudo, mas estava mais interessado justamente nas exuberantes passagens solo que
Bix proporcionava.
Grandes trompetistas e cornetistas da história do jazz nos anos 30 foram
influenciados por Bix, tais como: Jimmy McPartland, Bobby Hacket, Bunny
Berigan, Wild Bill Davidson, Max Kaminsky, Ruby Braff todos de raça branca e
ainda Rex Stewart um afro-americano.
Podemos ouvir uma de suas melhores gravações
com o grupo: Frankie Trumbauer and his Orchestra With Bix And Lang: Bix
Beiderbecke (cnt), Bill Rank (tb), Frankie Trumbauer (c-mel), Jimmy Dorsey (cl,sa),
Paul Mertz (pi), Howdy Quicksell (bj), Eddie Lang (gt), Chauncey Morehouse (bat)
SINGIN' THE BLUES (Con Conrad / Sam M.
Lewis / J. Russel Robinson / Joe Young) ― New York, 4/fevereiro/1927
C MELODY SAX - nome dado ao saxofone afinado em dó, um tom
acima do tenor usual, instrumento originalmente criado para obras sinfônicas em
virtude de seu timbre mais delicado e do colorido tonal. No Jazz foi pouco
usado tendo sido seu maior cultor Frankie Trumbauer (⁕1901 †1956) nos anos 20 ao lado do cornetista
Bix Beiderbecke (⁕1903
†1931).
LIDER |
EXECUTANTES |
TEMAS e
AUTORES |
GRAVAÇÃO LOCAL / DATA |
STEVE GROSMAN |
Steve Grossman (st), Juini Booth (bx) e Joe Chambers
(bat) |
BYE BYE, BLACKBIRD (Mort Dixon / Ray Henderson) |
Milan, Italia, 24/julho/1984 |
FOUR (Miles Davis) |
|||
FRANK MORGAN |
Frank
Morgan (sa), Art Farmer (flh,tp), Lou Levy (pi), Eric von Essen (bx) e Albert
"Tootie" Heath (bat) |
BLUE MINOR (Sonny Clark) |
Live at, "Kimball's East", Emeryville, CA, 27/maio/1989 |
DON'T BLAME ME (Dorothy Fields / Jimmy McHugh) |
|||
RUBY BRAFF |
Ruby
Braff (cnt), Scott Hamilton (st) John Bunch (pi), Chis Flory (gt), Phil
Flanigan (bx) e Chuck Riggs (bat) |
ROMANCE IN THE DARK (Lillian "Lil" Green) |
New
York, 28/ fevereiro/1985 |
ROCKI’N CHAIR (Hoagy Carmichael) |
|||
JOE
LOCKE |
Joe
Locke (vib), David Hazeltine (pi), Essiet Okon Essiet (bx) e Billy Drummond
(bat) |
SPRING WILL BE A LITTLE LATE THIS
YEAR (Frank Loesser) |
Brooklyn, NY, 14/setembro/1998 |
CAN WE TALK? (David Hazeltine) |
|||
LOUIS HAYES |
Riley Mullins (tp), Abraham Burton (st), David
Hazeltine (pi), Santi Debriano (bx) e Louis Hayes (bat) |
DECISION (Sonny Rollins) |
New
York, 26/março/1999 |
THAT'S THE THING (Riley Mullins) |
|||
GEORGE
GRUNTZ |
Raymond Court (tp), Marcel Peeters (sa),
Barney Wilen (st), George Gruntz (pi,arranjo), Karl Theodor Geier (bx) e
Kenny Clarke (bat) |
MUSIC FOR NIGHT CHILDREN (George Gruntz) |
Zurich,
Suiça, 29/outubro/1961 |
THE PROPOSAL (George Gruntz) |
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KEN PEPLOWSKI |
Ken
Peplowski (st), Ted Rosenthal (pi), Gary Mazzaroppi (bx) e Jeff Brillinger
(bat) |
DREAM DANCING (Cole Porter) |
New York, 18/novembro/2005 |