Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

CRÉDITOS DO PODCAST # 559

27 fevereiro 2021

 

LIDER

EXECUTANTES

TEMAS e AUTORES

GRAVAÇÃO

 LOCAL e DATA

BILLY TAYLOR

Billy Taylor (pi), John Collins (gt), Al Hall (bx) e Shadow Wilson (bat)

THOU SWELL

(Richard Rodgers / Lorenz Hart)

New York, 20/fevereiro/1951

MARIAN MCPARTLAND

Marian McPartland (pi), Ben Tucker (bx) e Jake Hanna (bat)

I FEEL PRETTY

 (Leonard Bernstein)

Chicago, 12/agosto/1960

TEDDY WILSON

Teddy Wilson (pi), Henk Bosch van Drakestein (bx) e Huub Janssen (bat)

I WANNA BE HAPPY

 (Irving Caesar / Vincent Youmans)

Kaagdorp, Holanda, 16/março/1973

RAY BRYANT

Ray Bryant (pi), Wendell Marshall (bx) e Philly Joe Jones (bat)

SNEAKIN' AROUND (Ray Bryant) 

New York, 13/maio/1955

LENNIE TRISTANO

Lennie Tristano (pi), Peter Ind (bx) e Jeff Morton (bat)

EAST THIRTY-SECOND STREET

 (Lennie Tristano)

New York, 1955

VINCENT GUARALDI

Vince Guaraldi (pi), Monty Budwig (bx) e Colin Bailey (bat)

TANNENBAUM (Traditional)

Live at CBS TV-Cast, Soundtrack, Berkeley, CA. 1964

MOSE ALLISON

Mose Allison (pi), Addison Farmer (bx) e Nick Stabulas (bat)

DON'T EVER SAY GOODBYE

(Duke Ellington) 

New York, 8/novembro/1957

CLAUDE BOLLING

Claude Bolling (pi), Guy Pedersen (bx) e Japy Gauthier (bat)

PROMENADE AUX CHAMPS-ÉLYSÉES

 (Sidney Bechet) 

Paris, 26/fevereiro/1956

MICHEL PETRUCCIANI

Michel Petrucciani (pi), Gary Peacock (bx) e Roy Haynes (bat)

SHE DID IT AGAIN

 (Michel Petrucciani)

New York, 24/setembro/1987

BUD POWELL

Bud Powell (pi), Sam Jones (bx) e Philly Joe Jones (bat)

DRY SOUL (Bud Powell)

Hackensack, NJ, 25maio/1958

MARY LOU WILLIAMS

Mary Lou Williams (pi), Ronnie Boykins (bx) e Roy Haynes (bat)

A GRAND NIGHT FOR SWINGING

 (Billy Taylor)

Live at, Statler Hotel, Buffalo, NY, inverno/1976

JAMES P. JOHNSON

James P. Johnson (pi), Eddie Dougherty (bat)

KEEPIN' OUT OF MISCHIEF NOW

 (Andy Razaf / Fats Waller)

New York, 8/junho/1944

MONTY ALEXANDER

Monty Alexander (pi), Ernest Ranglin (gt), Eberhard Weber (bx) e Kenny Clark (bat)

CHAMELEON

(Herbie Hancock / P.J. Jackson / Harvey Mason, Sr. / Bennie Maupin)

Villingen, Alemanha, outubro/1974

MCCOY TYNER

McCoy Tyner (pi), Steve Davis (bx) e Lex Humphries (bat)

SATIN DOLL

(Duke Ellington / Billy Strayhorn)

Englewood Cliffs, N.J., 4/março/1963

KENNY KIRKLAND

Kenny Kirkland (pi), Charles Fambrough (bx) e Jeff "Tain" Watts (bat)

BLACK NILE (Wayne Shorter) 

New York, 25/julho/1991

EARL HINES

Earl Hines (pi), Hank Young (bx) e Bert Dahlander (bat)

MARIE (Irving Berlin)         

Live at "Dinkler's Motor Inn", Syracuse, NY, 28/outubro/1972

24 fevereiro 2021

 

Série: Histórias do Jazz

 SWING

É o balanço rítmico e típico da música de Jazz ou seja, a pulsação, fundamental característica de uma execução jazzística, mesmo em se tratando de tempos mais lentos como baladas sente-se, em músicos autênticos do Jazz a expressão do ritmo, do balanço, sua emoção. A palavra refere-se, também, a uma escola de Jazz criada por volta dos anos 1935/6 e adotada pelas grandes orquestras de dança consistindo, basicamente, na acentuação uniforme nos 4 tempos do compasso 4/4 por vezes com pequena ênfase no quarto beat, dando assim à execução um irresistível balanço.

ESCOLA DE KANSAS CITY - diz-se de uma escola de Jazz surgida por volta de 1927 na cidade de mesmo nome chamada também de "middle west" (meio oeste). Caracterizou-se por perpetuar o blues em sua forma pianística o boogie-woogie, dominando a utilização dos RIFFS(1) e a flexibilização do ritmo onde os 4 tempos do compasso são expressos de maneira igualmente acentuada o que produz um enorme equilíbrio ao Swing, ou seja o balanço da execução, “bounce rhythm”. Inegavelmente esta escola evoluiu para o que se chamou de escola Swing adotada pelas big bands das décadas de 30 e 40 como um Jazz muito dançante.

A escola SWING foi e ainda é muito combatida pelos puristas do Jazz mas representa a evolução natural da música ao se adaptar às exigências do público, principalmente dançante e até que se fez Jazz de excelente qualidade em meio ao comercialismo que se formou em torno do gênero.

Hoje em dia, a expressão Era Swing remete a uma certa época norte americana, de 1935-1945 e a um estilo de arranjos e performances de bandas com muita vocação para a dança, nem sempre jazzísticas, uma época que agora está imbuída de muita nostalgia.

As Big Bands como Count Basie (e sua All American Rhythm Section(2)), Benny Goodman -" o rei do Swing ", os irmãos Dorseys, Glenn Miller, Artie shaw, Duke Ellington, Woody Herman e muitos outros, estavam no alto. Fãs leais e entusiasmados seguiam todos os “feitos” de sua banda favorita.

Desde antes da Primeira Guerra Mundial e bem na década de 1920, as formas mais comuns de apresentação musical incluíam pequenos grupos dixieland e bandas menores.

O estilo de todos esses grupos era caracterizado pelo modo de tocar em conjunto com poucos e curtos solos. Durante a década de 1930, o que agora chamamos de Era Swing se desenvolveu a partir desse estilo de conjunto anterior, contudo com a formação de grupos bem maiores as big bands dando mais representatividade aos solistas. Swing possui um som denso e rítmico quase sempre usando um riff forte contra o qual a melodia podia ser tocada. O estilo Swing alcançou seu pico de popularidade durante a década de 1940, - e continua popular até hoje.

MAINSTREAM – é um gênero de jazz com origem na década de 1950 e popularizado, entre outros, por Buck Clayton, um trompetista. Clayton e outros antigos músicos da era do swing e das big bands, como Coleman Hawkins, Lester Young, Harry "Sweets" Edison e Roy Eldridge, não seguiram as novas tendências do jazz, como o bebop, preferindo juntar-se em pequenas bandas e tocando standards.

Literalmente mainstream refere-se à corrente principal, expressão usada pelo crítico e produtor inglês, porém radicado nos EUA, Stanley Dance, referindo-se ao Jazz executado nos anos 50 e que segue até os dias de hoje tendo o Swing como base, independente de ser dixieland ou bebop, ou seja, fiel às suas tradições conservadoras. Stanley criou uma série de LP’s ao fim dos anos 1950 intitulada Mainstream Jazz para o selo Felsted onde atuavam Buck Clayton, Vic Dickenson, Coleman Hawkins, Johnny Hodgers, Charlie Shavers, Billy Strayhorn, Dick Wells e outros... Conhecido também por middle Jazz.

A Bennie Moten's Kansas City Orchestra grava MOTEN SWING em 1932 juntamente com IT DON’T MEAN A THING IF IT AIN’T GOT THAT SWING  – magnífico tema de Duke Ellington com vocal por Ivie Anderson gravado também em 1932 ― "Nada significa se não tiver conseguido aquele suingue", portanto sendo definido pelo título todo o significado de uma época pode-se considerar o “estopim” do novo gênero.

Duas formas de divulgação evoluíram simultaneamente: As gravações das bandas Swing e as bandas se apresentando em programas de Rádio. Os arranjos usados na nova mídia das gravadoras consistiam em arranjos bem escritos de 3:20 minutos, porque esse era o limite de tempo permitido nos velhos discos de 78 RPM - após os minutos, a agulha acertava o fuso do disco. O Swing ouvido em performances ao vivo em ballrooms, clubes e restaurantes e transmitidos pelas rádios permitiu arranjos abertos para improvisações mais longas por parte dos solistas e brotava assim mais jazz.

Além disso, a instrumentação da banda também definiu o som do Swing. Os sons mais antigos baseados nas bandas de dança dos anos 1920 e grupos menores de 'hot jazz', lentamente mudaram para bandas maiores - geralmente de 12 a 16 peças ou mais onde os metais - trompetes e trombones adicionaram seu brilho e um som mais alto. Os metais foram contrabalançeados por naipes de palhetas ― saxofones normalmente nos registros, alto, tenor e barítono e clarinetes. O ritmo era carregado por piano, bateria e guitarra, enquanto um contrabaixo de cordas substituía o antigo baixo de tuba ou mesmo o sax-baixo. Além do que libera o papel do baterista de certas restrições que tinha até então.

Devido a seus discos e programas de rádio, os novos líderes de banda se tornaram heróis para uma legião de admiradores. Algumas bandas se estabeleceram em saguões de hotéis e salões de baile maiores transmitindo desses locais em redes nacionais de rádio broadcast. Outras bandas faziam turnês constantemente em uma rodada de apresentações em ballrooms, country clubs; restaurantes, shows e até em campus universitários.

Com o advento do Swing, o papel do líder da banda também mudou. Alguns dos maestros mais velhos - homens como Paul Whiteman, Glenn Gray e Paul Ash, que ficavam na frente de uma banda e agitavam uma batuta, foram lentamente substituídos por líderes de banda que eram grandes instrumentistas por seus próprios méritos. Bandleaders como Benny Goodman, Glenn Miller, Tommy Dorsey, Jimmy Dorsey, Artie Shaw, Woody Herman, Charlie Barnett, alternavam entre liderar e solar em cada música executada. Outros líderes lideraram tocando piano em tempo integral em cada música. Entre eles estavam Count Basie e Duke Ellington.

Simultaneamente a isso, os sidemen tiveram mais oportunidades de solo durante a música.

A música também variava. As baladas tornaram-se muito mais sentimentais a gosto dos casais enamorados, enquanto a música mais rápida - melodias como "Opus One" e outras tornava o show mais frenético. Os dois tipos eram frequentemente tocados alternadamente nos salões de baile, nas rádios e nos clubes. Geralmente uma execução rápida seria seguida por uma balada.

É muito justo dizer que o Swing realmente dominou o meio social. A música se tornou uma constante de todos os eventos, desde as casas noturnas mais chiques de Nova York até os bailes de formatura das escolas.

Toda obra musical tem suas características próprias: as notas utilizadas, as estruturas melódicas e rítmicas, o significado formal e estético, a identidade que permite reconhecer a natureza, o gênero, o estilo, a época e o próprio lugar onde se criou.

Música de insuperável espontaneidade de criação e grande autonomia em termos de liberdade, o jazz tem no ritmo o caráter essencial e determinante de sua manifestação. E é do ritmo que deriva o Swing uma espécie de arroubo vital do jazz, e que encontra nesta música a sua mais sólida referência.

Assim, como música essencialmente rítmica com um forte elemento de balanceio na maneira de tocar, o jazz exige de seu instrumentista aquilo que Jorge Guinle conceituava como “tensão rítmica”, ou Swing, por meio de fraseado apropriado, com acentuações deslocadas do ritmo de base e liberdade no desenho melódico, sem nunca, porém, deixar de sentirmos o “beat(3) fundamental”.

O Swing é também realizado pelas pequenas defasagens nas pulsações regulares do ritmo. Seu poder, na expressão da música do jazz é o de constituir o elemento fundamental que dá vida e energia ao discurso improvisatório do jazzman.

Poderíamos lembrar a frase de Duke Ellington, segundo a qual: ―“Nenhum texto musical é um Swing. Não se pode escrever um Swing porque ele é aquilo que sensibiliza o público e não há Swing enquanto a nota não soar. O Swing é um fluido e apesar de uma orquestra ter tocado um trecho quatro vezes, pode acontecer que só suingue na quinta”. No entanto, convém lembrar que todo músico de jazz sabe como extrair de sua voz ou seu instrumento um verdadeiro Swing. Pode ser difícil para alguns ou extraordinariamente simples para um músico como Louis Armstrong. Repletos de alegria vital e de ritmo, a música e o canto de Armstrong, segundo o crítico Leonard Feather, mesmo se recitasse o catálogo telefônico de New York, estaria fazendo Swing.

É inevitável considerar ainda que o Swing seja o que dá o peso, que confere a efetiva força rítmica à música improvisada. E quando se pensa nele e em suas relações com as estruturas musicais, constata-se que pode expressar-se dentro de um ritmo simples como o 2/2 ou 4/4, ou também sobre o ritmo de 5/4 ou 6/8. As big bands adotavam e ainda adotam o compasso 4/4 de propriedade mais dançante. O interessante é que o Swing, como tudo que deriva do jazz, nasceu de uma mistura de ritmos africanos e das linguagens rítmicas da música ocidental. Este conceito, este elemento sempre vital, vivo, constitui o âmago da música afro-americana e do jazz. Expressão de difícil precisão, Joachim Berendt escreveu: ― “Muita coisa foi escrita a respeito do Swing; nenhuma teoria, porém, não se conseguiu defini-lo claramente”.

Para Charles Delaunay (  1911 / †1988) um escritor francês, um dos primeiros sérios críticos e historiador do jazz, co-fundador e líder de longa data do Hot Club de France, dizia: ― “O Swing é o elemento vital do jazz, e sem ele não existiria a verdadeira música jazzística: ― Diríamos que o Swing confere à nota musical uma espécie de mobilidade no ritmo, e que se traduz por uma grande intensidade de vida”.

Poucos são os termos da linguagem do jazz tão ligados ao seu universo e à sua significação como o do Swing. Com efeito, pode-se considerar que essa noção tem sido a maior e a mais constante presença de assinalável importância para a morfologia e a estética do jazz.

Disso tudo podemos concluir que é mais fácil e agradável ouvi-lo do que tentar explicá-lo.

Por isso podemos ouvir as duas canções citadas como “estopim” do Swing:

MOTEN SWING (Bennie Moten / Buster Moten) com a Bennie Moten's Kansas City Orchestra: Hot Lips Page, Joe Keyes, Prince "Dee" Stewart (tp), Dan Minor (tb), Eddie Durham (v-tb,gt,arranjo), Eddie Barefield (cl,sa), Jack Washington (sbar), Ben Webster (st), Count Basie (pi), Leroy "Buster" Berry (gt), Walter Page (bx), Willie McWashington (bat) e Bennie Moten (direção) – Camden, NJ, 13/dezembro/1932.

IT DON'T MEAN A THING (IF IT AIN'T GOT THAT SWING (Duke Ellington)

Duke Ellington And His Famous Orchestra: Arthur Whetsel, Freddy Jenkins, Cootie Williams (tp), Joe Nanton, Lawrence Brown (tb), Juan Tizol (v-tb), Barney Bigard (cl), Johnny Hodges (sa), Harry Carney (sbar), Duke Ellington (pi), Fred Guy (bj), Wellman Braud (bx), Sonny Greer (bat) e Ivie Anderson (vcl) - New York, 2/fevereiro/1932.


(1)        RIFF―palavra criada pelos músicos de Jazz para designar uma frase curta, possuindo de 2 a 4 compassos, de estrutura simples e repetida com relativa frequência, sendo uma herança da escola de Kansas City e foi adotada plenamente pela escola Swing e de prática consagrada pelas big bands.

(2)        ALL AMERICAN RHYTHM SECTION - nome dado à seção rítmica da banda de Count Basie, tida como sendo o padrão norte-americano do swing, do beat. Composta pelo próprio Basie (1904 1984) ao piano, Walter Page (1900 1957) ao contrabaixo, Freddie Green (1911 1987) à guitarra e pelo baterista Jo Jones (1911 1985). O grupo esteve reunido de 1935 a 42 quando Page deixou a orquestra sendo substituído por Rodney Richardson, época em que Jo Jones também se desliga do grupo.

(3)        BEAT - palavra inglesa que designa os tempos ou batidas de um compasso musical e que se emprega no Jazz de modo mais enfático como sinônimo de pulsação rítmica. Um músico ou banda que tem BEAT significa que tem balanço, swing.


CRÉDITOS DO PODCAST # 558

20 fevereiro 2021

 

LIDER

EXECUTANTES

TEMAS e AUTORES

GRAVAÇÃO LOCAL / DATA

CEDAR WALTON

Cedar Walton (pi) e Ron Carter (bx)

HEART AND SOUL

(Hoagy Carmichael / Frank Loesser)

New York, dezembro/1981

BACK TO BOLOGNA

 (Cedar Walton)

FREDDIE HUBBARD

Freddie Hubbard (tp), Bernard McKinney (euphonium), Wayne Shorter (st), McCoy Tyner (pi), Art Davis (bx) e Elvin Jones (bat)

ARIETIS (Freddie Hubbard)

Englewood Cliffs, NJ, 21/agosto/1961

WEAVER OF DREAMS

 (Jack Elliott / Victor Young)

JIM HALL

Red Mitchell (pi), Jim Hall (gt) Red Kelly (bx)

GOOD FRIDAY BLUES

  (Red Mitchell) 

Los Angeles, 1/abril/1960

I WAS DOING ALL RIGHT

 (George Gershwin / Ira Gershwin)

TUBBY HAYES

&

RONNIE SCOTT

Tubby Hayes (st,vib), Ronnie Scott (st) Terry Shannon (pi), Phil Bates (bx) e Bill Eyden (bat)

SOME OF MY BEST FRIENDS ARE BLUES

(Jimmy Smith)

Live at Concert "Dominion Theatre", Londres, 16/fevereiro/1958

SPEAK LOW

(Ogden Nash / Kurt Weill)

JAY JAY. JOHNSON

Clifford Brown (tp), J.J. Johnson (tb), Jimmy Heath (sbar, st), John Lewis (pi), Percy Heath (bx) e Kenny Clarke (bat)

SKETCH ONE (John Lewis)

New York, 22/junho/1953

GET HAPPY

(Harold Arlen / Ted Koehler)

WYNTON MARSALIS

Music From The Original Soundtrack By Wynton Marsalis: Wynton Marsalis (cnt,arranjo), Wycliffe Gordon (v-tb), Michael White, Victor Goines (cl), Don Vappie (g) Carlos Henriquez (bx) e Ali Jackson (bat)

BOLDEN JUMP

(Wynton Marsalis)

New York, 2018

SHAKE IT HIGH, SHAKE IT LOW

 (Wynton Marsalis)

JOHNNY COLES

Johnny Coles (tp), Leo Wright (sa,fl), Joe Henderson (st), Duke Pearson (pi), Bob Cranshaw (bx) e Walter Perkins (bat)

HOBO JOE (Joe Henderson)  

Englewood Cliffs, N.J., 18/julho/1963

LITTLE JOHNNY C

(Duke Pearson)

RANDY JOHNSTON

Randy Johnston (gt), Houston Person, David "Fathead" Newman (st), Joey DeFrancesco (org), Byron Landham (bat)

BLUES FOR EDWARD G.

(Randy Johnston)

Englewood Cliffs, N.J., 19/janeiro/1998

P O D C A S T # 5 5 8

19 fevereiro 2021

 

CEDAR WALTON
JOHNNY COLES
RANDY JOHNSTON

PARA BAIXAR O ARQUIVO DE ÁUDIO USAR O LINK ABAIXO:

https://www.4shared.com/mp3/X8naa-_6iq/PODCAST_558.html



17 fevereiro 2021

 

Série: Histórias do Jazz

 

JAZZ ON THE RIVER

NEW ORLEANS - cidade portuária localizada no delta do Mississippi fundada por colonos franceses em 1718, sob o nome de La Nouvelle-Orléans, os colonos eram liderados por Jean-Baptiste Le Moyne de Bienville (*1680 †1767).

Importante porto fluvial que através do rio Mississipi, banhava os Estados de Minnesota, Wisconsin, Iowa, Illinois, Missouri, Kentucky, Tennessee, Arkansas, Mississippi e Louisiana. De sua fonte original - Lago Itasca no norte de Minnesota, flui para o sul por 3.730 km até o Delta do Rio Mississippi no Golfo do México. Com seus muitos afluentes, a bacia hidrográfica do Mississippi drena todos ou partes de 32 estados dos EUA e duas províncias canadenses entre as montanhas rochosas e apalaches.

O distrito de Storyville em New Orleans abrigava quarteirões reservados para agrupar todas as casas de bebidas (barrellhouse / speak easy), dança (saloons), prostituição (sporting house) e jogos, e que funcionou até 12/nov/1917 quando foi interdidado por solicitação do Departamento Naval dos EUA.  Inúmeros músicos principalmente os negros recém libertos encontravam trabalho em Storyville e onde se formou o núcleo principal das atividades musicais que originaram o Jazz. A interdição do distrito com o fechamento das casas ocasionou o êxodo de músicos para o norte, principalmente para as cidades de Kansas City, Memphis, St. Louis e Chicago.

Anteriormente em 1907 JOHN STRECKFUS, filho de um emigrante alemão, teve a ideia de atrair passageiros e mesmo turistas convidando pequenas bandas e pianistas para atuarem a bordo dos vapores de sua companhia a STRECKFUS LINE, bonitos barcos de roda de pás que podiam operar em águas com menos de dois metros de profundidade. Não só portavam cargas como passageiros em viagem ou mesmo apenas turistas, incluindo unidades de luxo construídas para empreendimentos de entretenimento. Um pouco mais tarde em 1917 com o desenvolvimento do Jazz a "hot-music" de excepcional rítmo para a dança tomou conta dos salões dos RIVERBOATS. Naturalmente muito facilitado pela grande quantidade de músicos que ali arrumavam emprego ou mesmo pagavam sua passagem para outras cidades ao norte apenas atuando nos barcos.

A atuação desses músicos no que se denominou de ― JAZZ ON THE RIVER introduziu mudanças fundamentais já que nos barcos o repertório mais voltado para a dança e no estilo dos pequenos grupos tornando de certa forma mais acessível ao público o novo tipo de música, naturalmente Jazz.

Os barcos de excursão e sua música tornaram-se um verdadeiro oásis para os músicos de New Orleans, principalmente no conturbado ano de 1919 em que surgiu o movimento sulino Red Summer de uma violência sem precedentes contra os afro-americanos, quando eram perseguidos, linchados e até assassinados por estremadas organizações religiosas. Foi quando um jovem negro cornetista de New Orleans com 17 anos - Daniel Louis Armstrong se agregou ao JAZZ ON THE RIVER sendo arauto da música original de New Orleans pelas cidades do vale do Mississippi River.

Seguindo Armstrong inúmeros músicos deixaram as áreas rurais do sul em um movimento chamado Great Migration, onde mais ao norte podiam encontrar maior liberdade, respeito, oportunidades de trabalho e ampliavam sua experiência de vida.

Assim embarcaram nos RIVERBOATS centenas de músicos e abaixo listamos alguns dos mais importantes com a orquestra que atuaram:

Alphonse Picou

clarinete

Papa Celestin

Bill Mattews

trombone

Papa Celestin

Bix Beiderbecke

cornet, piano

Plantation Jazz Orch

Danny Barker

banjo, guitarra

Fate Marable

Eugene Sedric

saxes, clarinete

Fate Marable

Freddie Keppard

trompete

Fate Marable

George "Pops" Foster

tuba, contrabaixo

Fate Marable

Henry "Red" Allen

trompete

Fate Marable

Honore Dutrey

trombone

Fate Marable

James Blanton

contrabaixo

Fate Marable

Jelly Roll Morton

piano

Morton

Jimmy Blanton

contrabaixo

Kentucky Jazz Band

John Saint Cyr 

banjo

Fate Marable

Johnny Dodds

clarinete

Fate Marable / Kentucky Jazz Band

Louis Armstrong

cornet

Fate Marable

Louis Nelson

trombone

Desvignes Band

Manuel Perez

trompete

Fate Marable

Sam Morgan

trompete

Morgan Band

Sidney Desvignes

trompete

Fate Marable e J.Piron Band

Teddy Purnell

sax alto

Jeter, Pillars

Walter Pichon

piano

Pichon Band

Warren "Baby" Dodds

bateria

Fate Marable

Welman Braud

contrabaixo

Fate Marable

Willie Humphey

clarinete

Fate Marable

Zutty Singleton

bateria

Fate Marable

Nota-se a predominância da banda de FATE MARABLE (⁕1890 †1947) um pianista, mas como lider foi uma das mais importantes figuras do início da história do jazz com as bandas que formou e dirigiu nos barcos da Strekfus Line.

Marable nasceu em Paducah, Kentucky, filho de Elizabeth Lillian Marable, uma professora de piano conhecida como "Lizzie", deu aulas de música a seu filho, tanto na leitura de música quanto na técnica de piano.

Aos 17 anos, Marable começou a tocar nos barcos a vapor que navegavam no rio Mississippi. John e Joseph Streckfus o contrataram para substituir seu pianista, Charles Mills, que havia aceitado um contrato na cidade de Nova York. Havia contudo um problema: as responsabilidades de Marable incluiriam tocar um grande calliope a vapor uma espécie de órgão. O vapor fluía pelos canos de latão, as teclas estavam quentes e eram difíceis de segurar. O calliope foi projetado para ser ouvido claramente nas margens do rio, então o volume era opressor para o músico que o estava manipulando. Para se preparar para tocar a máquina barulhenta que cuspia vapor e água, Marable usou luvas, encheu as orelhas com algodão e vestiu uma roupa de chuva.

Mais tarde, em 1907, ele se tornou líder de banda na Streckfus Line uma posição que manteve por 33 anos. Marable passou muitas noites nos clubes de Nova Orleans em busca de talentos e tocando em jam sessions. Lá ele descobriu Louis Armstrong soprando o cornet e o recrutou para tocar com sua banda em excursões noturnas de barco pelo rio, cruzando a Crescent City como era conhecida New Orleans, Louis ficou por três anos com a banda de Fate Marable a bordo do vapor S.S. Capitol.

Como líder de banda, Marable compartilhou as lições de sua mãe com seus músicos. Muitos dos músicos que ele contratou tocavam de ouvido, e ele aumentou suas habilidades ensinando-os a ler música, e esperava que todos aprendessem a tocar partituras à primeira vista. Como seu ex-baterista, Zutty Singleton disse: ― "Havia um ditado em Nova Orleans: quando algum músico conseguia um emprego em barcos fluviais com Fate Marable, eles diziam: Bem, você está indo para o conservatório!”. Enquanto estava treinando esses músicos para melhor executar os arranjos de dança para os passageiros do barco, ele também impulsionou muitas de suas carreiras quando estavam prontos para seguir em frente. Os ex-alunos de Marable passaram a tocar com bandas e líderes de banda notáveis ​​como Cab Calloway, Count Basie, Duke Ellington, Jimmie Lunceford, Mills Blue Rhythm Band, Fats Waller e Chick Webb.

Muitos escritores e historiadores não dão a devida importância ao período do JAZZ ON THE RIVER, mas foi alí que primeiro se iniciou o fascínio dos norte-americanos brancos pela música afro-americana concomitante com a difusão do novo gênero pelo meio-oeste dos EUA, antes mesmo de chegar plenamente em Chicago e depois a consagração em New York.

De 1910 em diante, o Ragtime e o Jazz como dança foram disseminados ao longo do rio Mississipi e seus afluentes Ohio, Tennesse, Arkansas, Illinois e Missouri em importantes cidades tais como, Vicksburg, Helena, Memphis, Paducah, Cairo, St. Louis, Kansas City, Peoria, Davenport, LaCrosse, Minneapolis e St. Paul.

CALLIOPE - trata-se de um orgão mecânico feito de apitos ativados por vapor e operado por um teclado e bastante popular nas embarcações do rio Mississippi. O legendário pianista Fate Marable o empregava nos barcos da Streckfus Line onde era diretor de entretenimento. O instrumento ficava no convés ao ar livre e não se tem a menor ideia do tipo de música executada no calliope. O tom variava com a pressão do vapor, então havia o desafio de tocar afinado. A característica intrínsica na emissão das notas no órgão apresentava um retardo entre o teclado e a audição do som não se prestando para a música "swingada" tal como a de Jazz no entanto, alguns blues e baladas podiam ser executadas. O maior objetivo do órgão era uma certa propaganda dos barcos para o povo das cidades marginais que corriam para a margem do rio para ouvirem a música dos riverboats. 

CALLIOPE

Infelizmente tais bandas dos riverboats na grande maioria se limitavam aos barcos e em época ainda incipiente das companhias fonográficas não despertas para registrá-las, devemos lembrar que a primeira gravação de Jazz ocorreu em março de 1917 com a Original Dixieland Jass Band de músicos brancos! Desta forma foram apenas feitos dois registros pela banda de Fate Marable: Pianoflage e Frankie and Johnny.

Fate Marable's Society Orchestra: Sidney Desvignes, Amos White (tp), Harvey Lankford (tb), Norman Mason, Bert Bailey (cl,sa), Walter "Foots" Thomas (st, sbar), Fate Marable (pi), Willie Foster (bj), Henry Kimball (tu) e Zutty Singleton (bat).

FRANKIE AND JOHNNY (Tradicional) também conhecida como Frankie and Albert é uma canção americana tradicional. Conta a história de uma mulher, Frankie, que encontra seu marido Johnny fazendo amor com outra mulher e o mata a tiros. Frankie é então presa e em algumas versões da canção ela também é executada. 

Gravação: New Orleans, 16/março/1924 – Okeh Records


Até os dias atuais modernos barcos com capacidade de mais de 200 pessoas circulam no Mississipi, a grande maioria somente para turismo oferecendo jantares ao por do sol, “brunch” aos domingos, cruzeiros completos e sempre animados por uma banda dixieland em um revival dos velhos e bons tempos.

                              

          

FATE MARABLE
Fate Marable's Society Orchestra