Quando Coleman Hawkins gravou BODY
AND SOUL em 11/outubro/1939, produziu um
impacto difícil de imaginar hoje.
Antes de tudo, ele improvisou o
tema do começo ao fim; em segundo lugar, ele o fez de uma maneira muito
bonita e inspirada, criando frases musicais maravilhosas e, em terceiro lugar,
o estilo de sua improvisação, "antes do tempo", passou a marcar uma
nova etapa no jazz.
Também se pode acrescentar que,
com esta gravação, o saxofone tenor definitivamente ganhou seu lugar de
importância na história do jazz. Devido à fama desta gravação, o título Body
and Soul foi usado em inúmeras compilações de Hawkins por várias gravadoras.
Apesar de uma canção simples na
clássica forma AABA de 32 compassos tornou-se um grande clássico do repertório
jazzista, principalmente pela progressão de acordes.
Até outubro de 2018 o tema foi
gravado 2470 vezes um dos maioires na história de toda fonografia jazzística. O
autor da melodia foi Johnny Green (1908-1989) compositor do cancioneiro
norte-americano, arranjador e maestro, sendo autor de outros sucessos como Out
of Nowhere. A letra foi composta por Robert Sour, Edward Heyman e Frank
Eyton para a comédia musical Three's a Crowd (1930). O show
permaneceu por 272 encenações e a canção sendo interpretada por Libby Holman
cantora e atriz do “showbizz” da Broadway.. A primeira gravação do tema foi
feita pelo pianista Carrol Gibbons em 16/abr/1929 antes mesmo da canção ter
sido oficialmente registrada (copyrighted). Foram gravadas ao todo 40 sessões
antes de Hawkins, no entanto, todas foram sublimadas pela antológica
interpretação do saxofonista com uma série de "choruses" improvisados de
grande sutiliza melódico-harmônica.
Como líder Hawkins gravou a
canção 19 vezes, como sideman 9 vezes e no Jazz At Philharmonic gravou em 1945 em Los Angeles, depois no Carnegie Hall em 47 e 49 e em 1966 no Royal Festival
Hall em Londres.
Existe a informação de que
Hawkins gravou a canção despretenciosamente ao fim de uma sessão no estúdio da
RCA Victor e, mais tarde, surpreso com o sucesso obtido declarou: — "não
fiz nada além de uma balada e faço isto há anos centenas de vêzes!”. O
disco fonográfico exerceu uma espécie de ditadura sobre o mundo do Jazz. O
sucesso imprevisto que uma gravação podia proporcionar tinha, às vêzes
consequências inesperadas para o músico. Uma delas é que teria de repetir
aquela execução infindáveis vêzes, dia após dia, show após show, e não podia
variar muito, ou mesmo nada, pois o público ali estava esperando para ouvir
aquele mesmo solo ao vivo do disco. Hawkins nos primeiros anos repetia
praticamente sua interpretação original nota a nota, mas depois de 20 anos já
liberto executava a balada de maneira um pouco diferente e até mesmo mais charmosa.
Em 1958 o crítico e produtor Leonard
Feather calculava que Hawkins teria executado pelo menos umas 6.600 vêzes ─ BODY
AND SOUL ─ nos 6.800 dias passados desde a data da gravação.
Esta versão histórica pode ser
ouvida a seguir:
Coleman Hawkins (st, arranjo), Gene Rodgers (pi), Oscar Smith
(bx) e Arthur Herbert (bat) + ensemble por: Tommy Lindsay, Joe Guy (tp), Earl Hardy (tb), Jackie Fields e Eustis Moore (sa)
New York, 11 de outubro de 1939
(traduzido e adaptado do blog - Noticias
de Jazz e do Glossário do Jazz)
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