Série “PIANISTAS DE
JAZZ”
Algumas Poucas Linhas Sobre o Piano e os Pianistas
46ª Parte
(46) PETE JOHNSON A
Era do Boogie Woogie
Kermit H. Johnson, artisticamente PETE JOHNSON, pianista norte-americano, nasceu no dia 25 de março
de 1904 em Kansas City, estado do Missouri, vindo a falecer em vias de
completar 63 anos no dia 23 de março de 1967, no “Meyer Hospital” de Buffalo,
estado de New York.
O pai abandonou a família deixando a mãe sozinha com PETE e face às dificuldades financeiras
o menino foi criado até os 03 anos em orfanatos, retornou ao lar e aos orfanatos,
até que com 12 anos passou a trabalhar em diferentes atividades tornando-se
suporte material do lar: engraxate,
auxiliar em gráfica, servente em uma fábrica e, ainda assim, conseguiu estudar
até a 5ª série do ensino básico.
Aprendeu a tocar bateria, atuou em diversas orquestras
a partir dos 18 anos em sua cidade natal, simultaneamente com o aprendizado de
piano na companhia de seu tio Charles Smash Johnson, sempre praticando em
igrejas.
Como pianista PETE
iniciou sua carreira profissional na banda de Clarence Love, atuando em seguida
em diversos clubes da cidade no período de 1926 até 1938, chegando a tocar com
Big Joe Turner.
Um feliz encontro em 1936 com o produtor John Hammond
proporcionou a PETE sua primeira
incursão em New York, no importante “Famous Door”.
Em 1938 e ao lado de Big Joe Turner PETE participou no Carnegie Hall do
concerto “From Spiritual To Swing”, espetáculo que gerou enorme popularidade
para o estilo “boogie-woogie”, uma das “coqueluches” dos anos 1930.
Seguiram-se atuações, temporadas e gravações com Big
Joe Turner, Mead Lux Lewis e Albert Ammons, sendo que em 1941 PETE, Lewis e Ammons atuaram no “curta”
“Boogie-Woogie Dream”.
É importante assinalar que esses 03 pianistas, PETE JOHNSON, Mead Lux Lewis e Albert
Ammons, são considerados os melhores do gênero (“boogie-woogie”). PETE
dizia que o “boogie” era um “blues em fuga”
- primeiro a mão direita, depois
a esquerda, em seguida as duas mãos em contra.pontos”.
Em sessões de janeiro de 1946 PETE gravou em piano.solo o início do álbum “House Rent Party”, seu
“album.conceito”, que é seguido por faixas em “jam session” com J.C.Heard, J.C.
Higginbotham e outros músicos de Kansas City, sua cidade natal.
A composição de PETE
e Big Joe Turner “Roll ‘Em Pete”, gravada com Big Joe no vocal e PETE ao piano, é considerada a primeira
gravação do “rock and roll”.
Os dois ainda gravaram “Johnson And Turner Blues” e,
em 1949, compuzeram e gravaram “Rocket 88 Boogie”.
Em 1950 PETE
retornou a Buffalo, com problemas financeiros e de saúde, inclusive tendo
sofrido perda parcial de um dedo em acidente.
Do início até outubro de 1953 PETE trabalhou como lavador de “trucks” em empresa de sorvetes (por
favor, dispensem o comentário de que ele havia “entrado em uma fria”), ao mesmo
tempo em que complementava sua renda no “Bamboo Room”, clube de Bufalo, tocando
em trio.
Em 1954 ele lavava carros em uma funerária, ganhando
US$ 25.00 semanais, até que em meados desse ano conseguiu temporada de 06 meses
como pianista fixo no “Circus Snack Bar” do “St. Louis Forest Hotel”, com
transmissão radiofônica nas tardes de sábado dentro do programa “Saturday At
The Chase”.
PETE realizou gravação privada (na verdade “house.parties”)
nesse ano, em 20 de julho e 01 de agosto, na residência de seu grande amigo
Bill Atkinson.
Em 1955 ele atuou em Lenox / Massachusetts no
“Berkshire Music Barn”, realizou algumas gravações e, em 1958 e integrando o
“J.A.T.P.” de Norman Granz, participou de temporada na Europa, ocasião em que
foi convidado para atuar no “Newport Jazz Festival”, o que fez retornando aos
U.S.A. para apresentar-se ao lado de Big Joe Turner, Big Maybelle e Chuck
Berry.
Em agosto desse ano de 1958 exames clínicos revelaram
o estado crítico de PETE, com o
coração em estado precário e diabetes.
A essa altura ele havia perdido a mobilidade em ambas as mãos.
Após 04 anos a revista “Jazz Report” promoveu uma
campanha constante de audições de discos de PETE para angariar-lhe fundos.
Após mais 02 anos, em 1964, Hans Maurer publicou “The
Pete Johnson Story”, com toda a receita de venda destinada a PETE.
Nesse ano de 1964 foi publicado artigo na revista
“Blues Unlimited” mostrando as dificuldades de PETE para receber os royalties da “Blue Note” e da “Victor”.
Em junho ele tornou-se membro da “ASCAP”, passando a
receber seus direitos de forma clara e constante.
Sua última aparição ocorreu em janeiro de 1967 no
espetáculo “Spiritual To Swing” no “Carnegie Hall”, amparado pelas mãos do
Mestre de Cerimônias Lieberson e de Big
Joe Turner, que lhe dedicou o número
“’Roll ‘Em Pete”.
Dois meses após PETE
faleceu.
A audição da arte de PETE no piano pode ser desfrutada com o estojo “The History Piano
Jazz” (Alemanha, “Le Chant du Monde”, 2003, 10 CD’s), nos seguintes números:
- Lone Star
Blues, 16/abril/1939 em piano.solo
- Death Ray
Boogie, 08/maio/1941, com Al Hall/contrabaixo e A.C.Goodley/bateria
- Basement
Boogie, também 08/maio/1941, mesmo trio
anterior.
As composições de PETE,
só ou em parceria, reúnem peças que se tornaram clássicos do “boogie woogie” e
do populário: "1280 Stomp", "627 Stomp", "Basement
Boogie", "Boogie Woogie
Prayer", "Buss Robinson
Blues", "Cherry
Red", "Goin' Away
Blues", "Holler Stomp",
"Just for You", "Pete's
Blues", "Pete's Lonsome
Blues" e "Rebecca" são exemplos de criaçoes
de PETE.
PETE ainda está presente em diversos álbuns como titular
ou em coletâneas, mas os exemplos anteriores nos mostram um mestre das “88”, em
seu gênero e além.
Retornaremos
nos próximos dias com o grande Duke Ellington
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