Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

31 outubro 2017

Série   “PIANISTAS  DE  JAZZ
Algumas Poucas Linhas Sobre o Piano e os Pianistas
43ª Parte
DICK TWARDZIK                                Bopper, apenas 24 anos de vida
Richard Henryck Twardzk, artisticamente DICK TWARDZIK, pianista e compositor norte-americano, nasceu em 30 de abril de 1931 na cidade de Danvers, estado de Massachusetts (vizinho de New York e cuja capital é Boston), vindo a falecer com apenas 24 anos em Paris, França, em 21 de outubro de 1955 (mesmo ano do falecimento de Charlie Parker)
Com apenas 07 anos iniciou seus estudos de música clássica e de piano, destacando-se entre seus diversos mestres Margaret Chaloff, mãe do saxofonista.barítono Serge Chaloff.
TWARDZIK estudou na “Longy School of Music” de Cambridge, em seu estado natal, assim como no “New England Conservatory of Music” de Boston, capital do estado (tradicional instituição privada fundada em 1867), sendo que alí aprendeu a tocar a harpa.
Aos 14 anos iniciou suas atividades profissionais com Herb Poomeroy, Serge Chaloff e Charlie Mariano.
Tocou com as orquestras de Tommy Reynolds, de Charlie Barnet e realizou temporada nos U.S.A. com a banda de Lionel Hampton.
Infelizmente muito cedo tornou-se dependente de droga.
Com 21 anos e nos dias 11 e 14 de dezembro de 1952, TWARDZIK tocou com Charlie Parker no “Hi-Hat Club” de Boston:
-   no dia 11 o sexteto de Charlie Parker com ele ao saxofone.alto, Joe Gordon no trumpete, Bill Wellington no saxofone.tenor, TWARDZIK no piano, Charles Mingus no contrabaixo e Roy Haynes à bateria, apresentaram-se com transmissão pelo rádio e  tendo sido registrada longa execução do clássico “I Remember April” (10’24”) disponível no volume 11 do estojo “BIRD”;
-   no dia 14 e com o rótulo de “Charlie Parker & All Stars”, tendo como apresentador Symphony Sid, reuniu-se a mesma formação sem o tenor de Wellington, apresentação transmitida pela rádio “WCOP”, ficando registrados os temas “Ornithology” (4’11”),  “Cool Blues” (5’22”), “Groovin’ High” (5’20”), “Don’t Blame Me” (8’51”),   “Scrapple From The Apple” (5’51”), “Cheryl”(5’21”) e “Jumpin’ With Symphony Sid” (2’17”), todos no CD Uptown 27.42.  
Nessa época muitos e muitos músicos de Boston, ademais de Charlie Parker depois de atuar com ele, consideravam TWARDZIK um “gênio”.  
Em 1954 e com produção de seu admirador Russ Freeman, ele gravou o álbum “Richard Twardzik Trio” pelo selo “Pacific Jazz”, aclamado pela crítica e pelos músicos como “obra prima”, sendo que que o pianista e compositor Marc Puricelli declarou que “se ele tivesse sobrevivido, teria provavelmente mudado todo o curso do piano do JAZZ”.    É considerado um precursor de Bill Evans e de Keith Jarrett.
O livro de James Gavin “No Fundo de um Sonho – A Longa Noite de Chet Baker” (Editora Schwarcz Ltda., 2002, 493 páginas, excelente tradução de Roberto Muggiat), é pródigo em citações sobre TWARDZIK, destacando-se o trecho em  que afirma a importância “do aporte do rico conhecimento de harmonia clássica e plenitude orquestral trazidos para o teclado;  TWARDZIK debruçava-se sobre cada frase cruzando referências do blues, do boogie-woogie e as harmonias de vanguarda de Thelonius Monk, com toques de Bach, Brahns e Chopin”.
Em 1955 e por influência de seu baterista Peter Litman, “colega de agulha” de TWARDZIK, Chet Baker contratou o pianista para temporada na Europa que se iniciou em Paris em setembro, devendo após seguir pela Holanda, Inglaterra, Dinamarca, Alemanha, Itália e Islândia.
Na sexta-feira 21 de outubro de 1955, o grupo do trumpetista Chet Baker aguardava TWARDZIK para gravação nos “Pathé Sudios” (rua Magellan, próxima do “Champs-Elysées”), mas ante a demora do pianista em comparecer, um telefonema para o Hotel Madeleine na Rua Saint Benoit levou o gerente deste a encontrar TWARDZIK morto por overdose, sendo que a porta do apartamento onde estava hospedado teve que ser arrombada, já que ele a havia trancado por dentro.
As seguintes gravações nos permitem-nos apreciar a arte de TWARDZIK:
-   “Richard Twardzik em Trio”, 1954, “Pacific Jazz”, depois “Mosaic Records”;
-   “Chet Baker In Europe”, pela “Pacific Jazz”, 1955;
-   “The Last Set”, “Pacific Jazz”, 1962;
-   “1954 Impovisations”, “New Artists”, 1954;
-   “Chet Baker With Dick Twardzik”, “Lone Hill Jazz”, 2004;
-  “Chet Baker Quartet Featuring Dick Twardzik – The Lost Holland Concert – September 18, 1955”, selo “RLR”, 2006. 
Como pianistas favoritos TWARDZIK cultuava Art Tatum, Bud Powell, Walter Gieseking, Claudio Arrau e Vladimir Horowitz;   essa miríade de influências pode ser apreciada nas suas gravações (poucas).
Tratou-se de um pianista super-dotado que atuava e compunha com soluções harmônicas próprias, muito pessoais, singulares na história do JAZZ e que, com certeza e infelizmente pela droga, nos negou toda uma história de beleza e criação.


       Prosseguiremos nos próximos  dias com o pianista 
                                                                                    Mel Powell  

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