Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

14 outubro 2017



Série “PIANISTAS DE JAZZ”
Algumas Poucas Linhas Sobre o Piano e os Pianistas  41ª Parte


ALLAN GUMBS             Do Canto ao Piano

ALLAN BENTLEY GUMBS, artisticamente Onaje Allan Gumbs ou simplesmente “Onaje”, pianista, compositor, arranjador, letrista e líder de grupo americano, nasceu no Harlem em 03 de setembro de 1949, cresceu no Queens (St. Albans) e foi um “caso típico do acaso”, já que desde muito jovem dedicava-se ao canto chegando a tomar parte de um coro, mas cujo Diretor tornou-se seu professor de piano, instrumento que GUMBS adotou a partir dos 07 anos de idade. 
Com 08 anos foi muito influenciado pela música de Henry Mancini nos seriados de televisão “Peter Gunn” e “Mr. Lucky”.
Dai cursou a “High School Of Music And Art” de New York, para posteriormente obter o diploma de “Bacharel de Música” pela “New York State University” em Fredonia (Kansas), onde estudou piano clássico, composição e arranjo.
Retornou a New York e participou de um quarteto, onde também atuavam Major Holley (contrabaixo) e Lennie McBrowne (bateria).
Leroy Kirkland apresentou GUMBS ao grande guitarrista Kenny Burrell em 1971 por meio de um “tape”, dai resultando temporada de GUMBS com este.
Como consequência GUMBS teve oportunidade de atuar ao lado do contrabaixista Larry Ridley e na “The Thad Jones/Mel Lewis Orchestra”. 
Ainda no estado de New York radicou-se em Buffalo onde tocou, foi professor no seu instrumento e conheceu inúmeros músicos importantes: Herbie Hancock, McCoy Tyner, Freddie Hubard, Ahmad Hamal, Roland Kirk, Eddie Harris e particularmente o baterista Norman Connors que havia aportado a Buffalo ao lado de Pharoah Sanders.
Connors convidou GUMBS a participar de um disco com temas brasileiros, para o qual ambos fizeram os arranjos. Até então a experiência de GUMBS como arranjador restringira-se à universidade (Fredonia), em concerto para o qual havia realizado todos os arranjos: orquestra de câmara, “big band” e trio.
Connors também incorporou GUMBS ao seu grupo, ao lado dele à bateria como lider, Carlos Garnett (ou Gary Bartz) no saxofone.tenor e flauta, Charles Sullivan no trumpete e Reggie Workman (ou Alex Blake) no contrabaixo.
Como pianista do grupo de Connors, GUMBS gravou os álbuns “Dark Of Light”, “Love From The Sun”, “Saturday Night Special”, “Invitation”, “You Are My Starship” (com arranjo de GUMBS na faixa “Betcha By Golly Wow”), “Eternity” e “Mr. C”.
GUMBS sentia pouco progresso em sua carreira e, em 1974, deixou o grupo de Connors para liderar a “Natural Essence”, formação que os irmãos Adderley (Nat e Cannomball) pretendiam levar a gravações para o selo “Fantasy” e, também e para produção de Billy Cobham, a gravar para o selo “Atlantic”(durante 02 anos o grupo contou com a participação de Buster Williams, Alex Blake, Earl McIntyre e T.S.Monk – o baterista, filho de Thelonius). 
Esses projetos não aconteceram e GUMBS passou a trabalhar como “freelance”, mais adiante retornou ao grupo de Connors e depois dedicou-se à meditação budista. 
Como “sideman” GUMBS trabalhou nos grupos de Cecil McBee, Buster Williams e Betty Carter, sendo requisitado com frequência para uma dezena de músicos: Charles Sullivan, Lenny White, Carlos Garnett, Woody Shaw, Larry Ridley, Cecil McBee, John Strubblefield e outros.
Iniciou a utilização de teclados eletrônicos, tornando-se um mestre nos mesmos o que multiplicou seu trabalho junto a mais músicos: de imediato com Ronald Shannon Jackson, Jay Hoggard e a cantora Roslyn Burrughs e mais tarde com Stanley Jordan (1984) e John Blake (1985), entre outros.
Em 1975 foi arranjador para a “New York Jazz Repertory Company” em projeto para homenagear Miles Davis, assim como orquestrou para a “Collective Black Artist” em obras dedicadas a Philly Joe Jones.
Em 1976 e trabalhando com Nat Adderley GUMBS foi ouvido por Nils Winter, produtor do selo “SteepleChase”, que o convidou a gravar em “piano.solo” o que resultou no álbum “Onaje”. Nesse álbum GUMBS nos presenteou com o clássico “Giant Steps” e composições suas. 
Com Nat Adderley e ainda em 1976 GUMBS foi o pianista nos álbuns “Don’t Look Back”(selo“SteepleChase”) e “Hummin” (selo “Little David”), assim como acompanhou Betty Carter no álbum “The Betty Carter Album” para o selo da cantora, “Betty Carter Productions”,
No final da década de 1970 trabalhou 02 anos com o grupo de Woody Shaw como pianista, arranjador e compositor, deixando sua marca nos álbuns “Rosewood” (melhor grupo de JAZZ e melhor álbum de JAZZ de 1978 no “Reader’s Poll” da revista “Down Beat”), “Stepping Stones” e “Wood III”.
Em 1986 GUMBS foi homenageado pela organização budista “Soka Gakkai Internacional” com o prêmio “Min-on Art Award”, em reconhecimento por sua grande contribuição para a promoção e o desenvolvimento de novo movimento musical para o povo e a criação da Paz. 
Para o selo “Zebra” seguiram-se os álbuns “That Special Part Of Me” em 1987 (incursão pelo “R&B”) e “Dare To Dream” em 1991.
O grupo “Panasonic” tornou a canção “Dare To Dream” de GUMBS (letra de Charles Allen) como tema da celebração de aniversário do “Kid Witness News”. 
Para o selo “Half Note” e em Manhattan no “Blue Note Jazz Club” GUMBS registrou em 2003 o álbum “Return To Form”.
Em 2004 e para seu selo próprio “Onaje” realizou o album “Remember Their Innocence”, muito bem recebido pelo público e pela crítica, tanto que em 2006 GUMBS foi indicado para o prêmio “Image” da “NAACP”, na categoria de “Artista de Jazz Independente”, por este seu projeto (“Remember Their Innocence”).
Em 2006 e para o selo “Vine Records” GUMBS chegou ao mercado com o album “Sack Full Of Dreams” (vocal na faixa.título pelo ator Obba Babatundé). 
GUMBS compôs, arranjou e interpretou a trilha sonora do filme “Override”, direção e produção do ator Danny Glover.
Em 24 de janeiro de 2010 GUMBS sofreu um “AVC” mas, incrível, permaneceu hospitalizado apenas 02 dias e retornou às atividades.
Em dezembro de 2010 ele realizou outro álbum, desta vez no Japão e sob o título “Just Like Yesterday” (Omar Hakim, Victor Bailey, William S. Paterson, Marcus McLaurine e Chuggy Carter foram os integrantes do grupo sob a titularidade de GUMBS).
Em fevereiro de 2016 GUMBS sofreu nova crise e esteve hospitalizado 02 semanas, recuperou-se e retornou às atividades no piano, tocando, compondo e arranjando.
Além das gravações já indicadas anteriormente GUMBS foi “sideman” ao piano para Norman Connors (07 albuns), Cecil McBee, Toninho Horta e muitos mais.
Eclético quanto às vertentes do JAZZ (desde o “bebop” até a utilização de toda a parafernália eletrônica em que é mestre), exímio em seu pianismo e em qualquer andamento, acompanhante com muito swing e contrastes variados no volume, nos registros, no toque enérgico ou suave até o lirismo, sempre estimulantes para os solistas, efeitos e “imaginações” sonoras até o modal, GUMBS é um pianista que, respeitando a tradição, é sempre atual, o que nos lembra em outro plano o trabalho e a filosofia de trabalho do grande Wynton Marsalis.
Além das gravações citadas ao longo do texto, lembramos:
- What Is It........., Betty Carter, 1976
- Giant Steps, 1976
- I Let A Song Go Out Of My Heart, B.Benjamin, 1979
- My Melancholy Baby, 1982
- The Special Part Of Me, 1987, citado no texto.

Retornaremos nos próximos dias com o pianista HERMAN CHITTISON

2 comentários:

Anônimo disse...

Pedro, outra descoberta de um músico do jazz de quem sequer tinha ouvido falar! A se perdoar minha absoluta ignorância sobre quem é, mas vou buscar ouví-lo para complementar minha educação jazzística.
Essa é, fundamentalmente, uma das missões deste blog e por isso agradeço a você e aos demais editores por trazerem esse material até os aficionados menos iluminados. Como eu!
Grande abraço, e copiando o Raffaelli que faria 90 anos ontem, keep swingin'!
MauNah

Anônimo disse...

Prezado MauNah:

Com certeza você apreciará esse pianista que, ancorado na tradição, voa até a vanguarda.

PEDRO CARDOSO