Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

17 setembro 2017

Série   “PIANISTAS  DE  JAZZ
Algumas Poucas Linhas Sobre o Piano e os Pianistas
38ª Parte (final)
Sómente em 1932 ele aportou em New York, ainda assim como acompanhante da cantora Adelaide Hall com a qual realizou inúmeras gravações.   
Em 21 de março de 1933 TATUM gravou como titular para o selo Brunswick (discos de 78rpm, uma faixa de cada lado), causando sensação com “Tea For Two” e “Tiger Rag”, entre outras, cabendo notar que “Tiger Rag” permanece até hoje no rol das obras primas do JAZZ.  Conta-se que Stéphane Grapelli ao ouvir essa gravação jurava que eram 02 pianistas.
Durante 1935 e até 1937 TATUM radicou-se em Chicago como pianista no famoso “Three Deuces”, após o que transferiu-se para a Costa Oeste dirigindo pequena orquestra onde atuou Marshall Royal (saxofone e clarinete),  mais tarde integrante da banda de Count Basie.
Anteriormente e até 1938 ele apresentou-se em clubes de ponta desde Hollywood na Flórida (apresentações no prestigioso “Alabam” e sucesso em concerto no “Paramount Theatre”), passando por Cleveland no Mississipi (onde também atuou), passando o Tennessee e o Kentucky e retornando até Chicago em Illinois (no já citado e famoso “Three Deuces”).
Assim e com 28 anos TATUM já possuía a fama de melhor pianista da história do JAZZ de até então, conceito cultivado pelo público, pela crítica e pelos músicos, que o respeitavam, mesmo sendo TATUM muito reservado ainda que amável e educado no trato;    sempre foi difícil conhecer em detalhes sua vida pessoal, sua biografia;    de certa forma pode-se atribuir essa “introspecção” à sua invalidez visual, que talvez o tenha levado a cultivar o hábito de tocar nas madrugadas (“after hours”) em piano.solo.
Em 1938 TATUM apresentou-se no “Ciro’s” e no “Paradise Club”, ambos de Londres e com enorme sucesso de público e de crítica.
Em 1939 ele retorna aos U.S.A. via costa oeste, atuando no Mississipi, no Tennessee, em Kentucky e ultrapassando Ohio e Pensilvania chegar a New York e seus melhores clubes:   "Café Society Downtown”, “Onyx Club” e “Kelly’s”.
No “Café Society” TATUM teve como público o grande clarinetista e líder de “Big Band”  Artie Shaw acompanhado pelo extraordinário pianista ucraniano Vladimir Horowitz, que ficou impressionado com o “pianismo” de TATUM, tornando-se desde então um apaixonado admirador deste.  É importante o texto do livro “O Livro do Jazz – De New Orleans ao Século XXI” (Joaquim  E.  Berendt, 4ª Edição,2002, tradução de original alemão) onde assinala que “com TATUM surgiu um virtuosismo pianístico comparável àquele dos grandes pianistas da música de concerto – Rubinsten ou Cherkassy.......as cadências e passagens de velocidade, os arpejos e a ornamentação da música para piano do fim do século XIX estão presentes em TATUM tanto quanto o mais forte sentimento de blues................Sua aparição nos clubes de Nova York gerava  uma espécie de culto não apenas entre jazzistas, pois também pianistas de concerto, como Leopold Godowsky, Wladimir Horowitz e Walter Gieseking peregrinavam até o Onix Club na famosa "Rua  52", onde TATUM tocava regularmente....”
Entre 1941 e 1943 e paralelamente às atuações nos melhores clubes da “Big Apple”  TATUM atuou e gravou com orquestras, notadamente ao lado de Joe Thomas (trumpete) e Edmond Hall (clarinete) para acompanhar o cantor Joe Turner  e, também, integrando o grupo composto por Cootie Williams (trumpete), Coleman Hawkins (tenor), Edmond Hall (clarinete), Al Casey (guitarra), Oscar Pettiford (contrabaixo) e “Big Sid” Catlett.
Até o ano de 1943 ele foi, fundamentalmente, um pianista.solo e, a partir desse ano, passou a atuar em trio, tendo no contrabaixo Slam Stewart e na guitarra Tiny Grimes (a exemplo de Nat “King” Cole), alcançando então sucesso imediato e crescente.   Foi um marco para esses parceiros, um alto grau de  evolução no acompanhamento pois, como afirmava o professor e pianista Billy Taylor, “TATUM sózinho era toda uma orquestra”.
As gravações desse trio para o selo “MCA” constituiram-se em êxito imediato e permanentes (obras de colecionadores até hoje) e com TATUM, então, alcançando seu maior nível de popularidade.
Em 1944 (18 de janeiro) e dentro do concerto organizado pela excelente revista “Esquire” no “Metropolitan Opera House” (New York), em benefício dos soldados americanos que lutavam no “front” da IIª Guerra Mundial, TATUM apresentou-se ao lado de figuras como Louis Armstrong, Roy Eldridge, Coleman Hawkins, Jack Teagarden, Barney Bigard, Al Casey, “Big Sid” Catlet, Oscar Pettiford e Billie Holiday, atuando como solista e acompanhante   -   a gravação desse concerto foi destinada aos “V-Discs” (discos da “vitória"), hoje encontrada no mercado via “gravações piratas”.
TATUM substituiu o guitarrista em  seu trio  -  Everett Barksdale no lugar de Tiny Grimes  -  e  tornou-se estrela permanente “Rua 52”, reduto do “Bebop”, de onde partia em turnês anuais para concertos por todo o país.  
Pode-se afirmar que a  popularidade de TATUM somente não foi maior até o final dos  anos 1940, exatamente pelo advento do “Bebop” e das novas tendências a este simultâneas, mas na década seguinte, a dos anos 1950, TATUM retornou ao mais elevado nível, tanto que em 1953 assinou contrato com Norman Granz (selos VERVE, NORGRAM, CLEF...), gravando em apenas 03 anos dezenas de discos, todos com a participação da nata  dos músicos de então:  Lionel Hampton, Buddy Rich, Benny Carter e  Roy Eldridge, para citar alguns.
As seguidas noitadas de apresentações, as permanentes excursões, o abuso do álcool, as noites insones tocando e outros excessos, a partir dai iniciaram a cobrança de juros  debilitando a saúde de TATUM, que deveria moderar seu ritmo e estilo de vida.   Infelizmente ele se recusou a parar e seguiu atuando. 
Em 15 de agosto de 1956 realizou soberba apresentação para quase 20.000 assistentes no “Hollywood Bowl”.
Com Ben Webster TATUM registrou em disco seu derradeiro e excepcional desempenho, no dia 11 de setembro  de 1956.

Logo em seguida e no dia 04 de novembro, TATUM  foi internado no “Queen Of Angels Hospital” de Los Angeles onde, apesar dos constantes cuidados recebidos, veio a falecer por crise de uremia na semana seguinte (11 de  novembro de 1956)  -  contava  tão somente 46 anos ! ! !

Em vida TATUM foi admirado e aclamado até por aquele que era seu favorito, "Fats" Waller, contando-se a passagem ocorrida no "Panther Room" do "Sherman Hotel" de Chicago em que "Fats" Waler atuava:    parou de repente ante a chegada de TATUM e com voz solene anunciou:  "Senhoras e senhores, eu sou um pianista, mas Deus acaba de entrar nesta sala  -  apresento-lhes o extraordinário ART TATUM !
Entre as dezenas de gravações de ART TATUM destacamos:
-    Art Tatum 1934-1940, selo “Classic Records”, com as primeiras gravações acompanhando a cantora Adelaide Hall, a célebre “Tiger Rag” e gravações em sexteto
-       Art Tatum, selo “Gigantes do Jazz” para  a coletânea da Abril Cultural, com 12 faixas em diversas formações
-      Art Tatum  -  Body And Soul, coleção “Jazz Hour With…”, com 23 faixas gravadas entre 1938 a1946 em Los Angeles, sendo que 08 dessas faixas foram gravadas para os “V-Discs”
-       Art Tatum, coleção “Os Grandes do Jazz”, com 05 volumes e 72 CD’s, Ediciones del Prado S.A., 1ª Edição, 1996/1997, CD nº 6 dedicado a TATUM, com as faixas “Sweet Lorraine”, “I’ll Get By”, “I’ll Never Be The Same”, “Elegy”, “Can’t We Be Friends ?”, “I’ve Got The World On A String”, “I’m Coming Virginia”, “Day In, Day Out”, “Make Believe”, “Sweet Emaline, My Gal”, “Body And Soul”, “Lover”, “Poor Butterfly”, “Where Or When”
-       Art Tatum, CD nº 85 dedicado a  TATUM, dentro da coleção “The Jazz Masters – 100 Anos de Swing”, com 03 volumes e 101 CD’s, Ediciones Folio S.A.,  1ª Edição, 1997, 16 faixas, todas muito boas e muitos “clássicos”:  “Tiger Rag”, “Battery Bounce”, “Bodzy And Soul”, “Sweet Emaline”, “Whit Plenty Of Money And You” (uma maravilha!), “In The Middle Of Kiss”, “Stomping At The Savoy” (super dançante), “Hallelujah”, “Oh, You Crazy Moon”, “Make Believe”, “Day In, Day Out”, “St. Louis Blues”, “Tea For Two”, “I Wish Y Were Twins”, “Get Happy” e “Sweet Lorraine”   -   bela seleção
-      Piano JAZZ - The History, estojo com 10 CD’s percorrendo toda a evolução das escolas do piano no JAZZ, reservando para ART TATUM nada menos que 11 faixas (“Tiger Rag”, “Over The Rainbow”, “Rosetta”, “I Got Rhythm”, “Lover”, “Out Of Nowhere”, “Somebody Loves Me”, “Sweet Lorraine”, “Dancing In The Dark”, “Indiana” e “Just One Of Those Things”) - uma preciosidade
-       Art Tatum – Memories Of You, selo “Black Lion”, 03 CD’s  (“Standards”, “The V-Discs”  e  “Tea For Two”), um verdadeiro “curso” de ART TATUM e que resume muito bem a arte desse gênio das 88, em um total de 55 faixas, sendo difícil destacar as melhores já que todas são excelentes;   em todo caso citamos “Humoresque” de Dvorak, um primor.

  Final  -  Retornaremos nos próximos dias com AL HAIG

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