Série “PIANISTAS DE
JAZZ”
Algumas Poucas Linhas Sobre o Piano e os Pianistas
37ª Parte - II (final)
(37) PHINEAS
NEWBORN JR. (Resenha longa) 02 Módulos
Ainda
assim e no primeiro semestre de 1957 PHINEAS
grava em New York e para o selo “RCA” o álbum "Phineas Newborn Jr. - While My Lady Sleeps", no seio de grande formação (“Dennis Farnon Orchestra” com
23 cordas mais piano / baixo / bateria).
Em
1958 vamos encontrar PHINEAS atuando
em trio, mas com um trabalho em duo com Charles Mingus para, em seguida, atuar
para o cinema no clássico “Shadows” de John Cassavetes.
Nesse
ano gravou o álbum "Phineas Newborn Jr. And Trio - Fabulous Phineas" para, depois, sair em temporada européia dentro da "caravana" denominada "Jazz From Carnegie Hall".
Na Itália toca com o grupo "Mills Brothers" e grava com músicos locais o clássico álbum "Phineas Newborn, Jr. Plays Again" recheado de clássicos e com solos antológicos ("Night In Tunisia", "Nica's Dream", "Airegin", "Bag's Broove", "C Jam Blues" e "Walkin").
Nessa
temporada européia e dentro do programa “Jazz From Carnegie Hall” PHINEAS tem a oportunidade de atuar em
Estocolmo ao lado de outro ícone do “piano jazz”, Red
Garland.
Retornando a New York PHINEAS lidera seu trio com John Simons
/ contrabaixo e Roy Haynes / bateria.
Com Paul Chambers no lugar
de John Simons em 1958 ele grava em trio e no mais que respeitado estúdio de
Rudy Van Gelder o álbum “Roy Haynes – We Three”, para seguir em New York
gravando com Booker Little em grande formação (Louis Smith, Frank Strozier,
George Coleman, o irmão Calvin Newborn, George Joyner e Charles Crosby) o álbum
“Young Men From Memphis - Down Home
Reunion”, em que a versão do clássico “Star Eyes” atinge a excelência.
PHINEAS
passa a residir em Los Angeles e, nada mais lógico, torna-se astro nas
gravações para o selo “Contemporary”, gerando uma série de sucessos
discográficos como líder ou “sideman”:
“A World of Piano!”(1961),
“Maggie's Back in Town” (1961), “Howard McGhee/Teddy Edwards - Together
Again!”(1961), “The Newborn Touch” (1964)
e outros.
PHINEAS sofreu grave depressão nervosa, interrompeu a carreira e foi internado
em mais de uma oportunidade no “Camarillo State Mental Hospital” (a
mesma instituição onde esteve internado Charlie Parker de agosto de 1946 até
janeiro de 1947, quando foi liberado sob a custódia de Ross Russell,
proprietário da “Dial Records”, passando a viver em apartamento no centro de
Los Angeles com Doris Sydnor).
Nessa fase tão delicada da vida ele
também sofreu grave lesão na mão direita, necessitando e adotdando duro regime
de exercícios para recuperar a digitação.
A primeira saída de PHINEAS do “Camarillo” foi em 1965, sendo que atuou em trio na
região de Los Angeles e chegou a gravar;
mas retornou para tratamento e de hospital em hospital chegou à
instituição “Brentwood”, onde somente podia praticar ao piano nos intervalos
para entretenimento.
No
início de 1969 e em trio, PHINEAS ao lado de Ray
Brown / baixo e Elvin Jones / bateria deixa registrado o álbum “Phineas Newborn Jr. - Please Send Me Someone
To Love”. Seguem-se outras
gravações de alto padrão técnico e de sensibilidade, demonstrando que PHINEAS havia retornado em plena
forma; não atoa o album de dezembro de
1976 é intitulado “Phineas Newborn Jr.
- Look Out! Phineas Is Back”, em que a faixa mais emblemática é o
clássico “Just In Time”.
Em julho de 1979 vamos encontrá-lo atuando no festival de
Montreux, em solo e contracenando com
uma série de astros das “88”: Chick
Corea, Herbie Hancock, Jay McShann, Hank Jones e John Lewis.
Temporadas na Europa e nos U.S.A. seguem-se na carreira de PHINEAS, assim como gravações, uma
delas em 1986 com o excepcional pianista Adam Makowicz em faixas que não
chegaram ao mercado.
A derradeira gravação de PHINEAS
ocorreu em seu estado natal em 1987, tampouco lançada comercialmente.
O falecimento de PHINEAS
ocorreu em 1989, tendo sido enterrado no “Memphis National Cemetery”.
O crítico de JAZZ Scott Yanow refere-se a PHINEAS como “one of the most technically skilled and brilliant
pianists in jazz”, enquanto que o renomado Leonard Feather afirma que PHINEAS “in his prime, he was one of the three greatest JAZZ pianists of all time”.
É importante assinalar que a audição das gravações de PHINEAS nos mostra uma clara mistura de
influências, que trafegam por Art Tatum, Oscar Peterson, Errol Garner e Bud
Powell, o que não é pouco.
Trata-se de pianista ardente, virtuoso, que se exprime em estilo
“bebop” acentuadamente “bluesy”, base de sua inspiração harmônica. Sua técnica com a mão esquerda é superior,
caminha com autoridade pelas “block-chords”, recorre a baixos alternados com a
mão esquerda, dialoga frases entre as duas mãos com intervalos de duas oitavas,
sabe ser percussivo, suas frases possuem brilho, fulgor e são baseadas na
ambivalência rítmica. Improvisa com
autoridade e fluidez, com frases em “legato” (que nos deixam quase sem
respiração) e uma digitação irrepreensível, articulada, sólida.
Ademais das gravações já indicadas, a arte de PHINEAS
pode ser plenamente apreciada no DVD “Jazz Scene USA -
1962” (selo “Sanachie”, 60 minutos, produção de 2001), que reúne 02
shows desse programa, sendo 01 deles com o organista Jimmy Smith e o outro com PHINEAS, este em 06 “takes”, sendo o
mais emblemático deles, “Blues For The Left Hand Only”, uma execução como o
título indica; é impressionante como PHINEAS faz a leitura na linguagem do
“blues” e somente com a mão esquerda;
vale a pena conferir, inclusive pelos demais temas -
“Phineas Newborn, Jr Trio”,
“Theme For Basie”, “Lush Life”, “New
Blues” e “Oleo”.
SYLVIO LAGO é definitivo em seu livro “Arte do Piano” (2007, 751
páginas, Algol Editora, página 544):
“...pianista de técnica prodigiosa, capaz de conciliar o virtuosismo com
fantasias poéticas.......Seu toucher é feito de toques delicados,
sem ferir a tecla, com independência das mãos, a esquerda de absoluta independência e a direita ágil e de grande superioridade
técnica. Os improvisos são realizados
de modo desenvolto, com acordes em bloco, numa velocidade digital que nos faz
recordar Art Tatum, além de referências ao bop e com vigorosas inflexões do blues....”. E
tudo está dito ! ! !
As gravações de PHINEAS
são, via-de-regra, de alto grau de perfeição técnica e emotiva, mostrando-nos
um perfeito “mago” das 88 teclas, 02 pedais e de 01 virtuosismo superior.
Final...........
Retornaremos nos próximos dias
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