PESQUISA E TEXTO POR NELSON REIS
G – NÓS NÃO SOMOS DAQUI, MAS AQUI
FIZEMOS SUCESSO
Isso mesmo. A maioria dos
“westcoasters” era constituída de músicos não oriundos da Califórnia. Entre as
pouquíssimas exceções, temos o próprio Howard Rumsey. A exemplo, Shelly Manne
era de New York, Bob Cooper era de Pittsburg, Pennsylvania, Frank Rosolino era
de Detroit, no Michigan, Conte Candoli era de Mishawaka em Indiana, o próprio
Shorty Rogers, como já vimos, era de Massachusets. Inúmeros músicos fizeram os
pequenos conjuntos que atuaram, como já dissemos, provenientes da debandada de
duas principais grandes orquestras.
Da banda de Stan Kenton saíram os
bateristas Shelly Manne e Stan Levey, o contrabaixista Howard Rumsey, o
guitarrista Sal Salvador, os trompetistas Shorty Rogers, Conte Candoli, Al
Porcino e Maynard Ferguson, os trombonistas Frank Rosolino e Carl Fontana e os saxofonistas Art Pepper, Bud Shank,
Lennie Niehaus, Bob Cooper, Bill Holman, Bill Perkins, Charlie Mariano e Richie
Kamuca. De Woody Herman Band, tornaram-se lideres o baixista Chubby Jackson, os
pianistas Ralph Burns e Nat Pierce, o trombonista Bill Harris, os saxofonistas
Al Cohn, Stan Getz, Jimmy Giuffre, Zoot Sims, Serge Chaloff, os vibrafonistas
Red Norvo e Terry Gibs. De Les Brown Band, saíram lideres os saxofonistas Dave
Pell, Ronnie Lang e Dick Nash, o trompetista Don Fagerquist e o trombonista Ray
Sims, irmão de Zoot. Nem todos foram para a Costa Oeste, mas uma grande
maioria.
Foram músicos do estilo “West
Coast”:
SAXOFONISTAS
Art Pepper, Bob Cooper, Bob Gordon, Bill
Perkins, Bill Holman, Buddy Collette, Bud Shank, Charlie Mariano, Gerry
Mulligan, Harold Land, Jimmy Giuffre, Jack Montrose, Lennie Niehaus, Pepper
Adams, Richie Kamuca, Stan Getz, Zoot Sims, Herb Geller e Teddy Edwards.
TROMPETISTAS
Shorty Rogers, Chet Baker, Conte & Pete
Candoli, Jack Sheldon, Joe Gordon, Don Fagerquist, Stu Williamson, Maynard
Feguson e Conrad Gosso
TROMBONISTAS
Frank Rosolino, Bob Enevoldsen,
Bob Brookmeyer, Bob Burgess, Bob Fitzpatrick, Milt Benhart aparecendo também,
em algumas gravações, Stu Williamson e Maynard Ferguson alternando como
trombonistas.
CONTRABAIXISTAS
Monty Budwig, Joe Mondragon, Joe
Benjamin, Howard Rumsey, Red Mitchel, Leroy Vinnegar, Curtis Counce, Carson
Smith, Ray Brown (que apesar de ser da “escola bop”atuou intensamente com os
“westcoasters”), Ralph Penna, Buddy Clark e Max Bennet.
PIANISTAS
Andre Previn, Claude Williamson, Sonny Clark,
Pete Jolly, Hampton Howes, Russ Freeman, Marty Paich e Carl Perkins.
BATERISTAS
Shelly Manne, Stan Levey, Frank Buttler, Chico
Hamilton, Frank Capp, Larry Bunker, Lawrence Marable. Os bateristas Mel
Lewis e Max Roach, não eram “ típicamente west coast”, mas atuaram no
Lighthouse Group algum tempo.
GUITARRISTAS
Abrimos aqui um parêntese para
mencionar que o mais importante guitarrista do estilo foi BARNEY KESSEL, porém
cabe citar que os nomes de Howard Roberts, Sal Salvador, Jim Hall e Joe Pass
figuram, em poucos casos, como participantes em gravações de líderes do estilo.
II – O QUE SE SEGUIU À DEBACLE DO ESTILO
A – Debandada da juventude
A “Golden Age” dos anos 50 foi se
acabando. Com isso, deixou o jazz num isolamento rancoroso. O “rock’n roll”,
uma roupagem de brancos derivada do “rithmn & blues dos negros, quase mata
o jazz. A juventude, sem a qual nada pode sobreviver, abandonara as “caves du
jazz”. Em 1960 o jazz estava nocauteado e, pichações com o título “Bird lives” espalhadas
pelos muros, não condizia com a extinção do famoso “Birdland”.
Um retorno a New York em 1963,
para quem gostasse de jazz, tornara-se um espanto para quem lá já estivera em
1960. Na Grã-Bretanha, o público jazzístico era constituído de gente de meia
idade. Essa era a realidade, da década de 60 e da maior parte da década de
70. Em 1972, nos Estados Unidos da
América do Norte, somente 1,3% dos discos e fitas de gravações vendidas eram de
jazz. A música clássica tinha 6,1% e o rock’n roll e assemelhados 75%.
Condenando, com isso, o fechamento dos “clubes noturnos de jazz”. Ficou
tacitamente convencionado que o jazz era música de adultos, pois a juventude
somente queria saber de “rock”.
B – O lado paradoxal
Os músicos de jazz, nascidos depois
de 1940, cresceram num período onde o “rock” dominava os guetos. Isso fez parte
de uma certa assimilação deles de que o
“rock’n roll” é uma arte de amadores, de gente musicalmente amadora ou
formalmente analfabeta. Gente que não tinha a competência técnica de um músico
de jazz. Mas o pessoal de jazz, “precisava comer” e, em resultados financeiros
o ‘rock’ era um novo fenômeno. Possibilitou um avanço na música eletrônica,
pois foi o primeiro gênero musical a usar de forma sistemática instrumentos
eletrificados no lugar de acústicos. Assim, os “técnicos de som” passaram a ser
imprescindíveis, dado a incompetência dos “artistas de rock” que não poderiam
fazer apresentações sem eles.
Ao final dos anos 70 o “rock”
chegava a uma exaustão e muito gradualmente o jazz vem se aproximando,
novamente, do “spot light”. Mostra claramente um “revival”.
Alguns músicos talentosos fizeram
uma fusão do jazz e do rock, batizada como “fusion”. Miles Davis, muda seu
idioma para o espanto de seus fãs” e, surge com seu álbum - “Bitches Brew”.
McCoy Tyner (pi) junto com John Coltrane (st) surgem neste cenário.
Surge o “Free Jazz” e, segundo
alguns, “o free-jazz é o jazz mais negro que há”. Porém, isto classifica
músicos como Charlie Haden e Archie Shepp a desenvolverem trabalhos musicais
com cunho político, subliminar. Inspirados nas manifestações políticas de 1968
da Convenção Democrática de Chicago ou, homenagens a Malcom-X ou Guevara.
Todavia, a curto prazo, essa vanguarda era frustrante, relativamente a um público negro que não a
compreendia.
C – O Porvir
Músicos como Jack de Johnette,
Marcus Roberts, Phil Woods e Pat Matheny fizerem seu “dever de casa” nos anos
sombrios das décadas de 70 e 80 e, o jazz da década de 90 volta-se para o
passado. Em 80 já haviam desaparecido John Coltrane, Albert Ayler e Eric Dolphy
e, muito dos novos adeptos eram incapazes de apreciar e fazerem modificações e
desenvolvimentos posteriores. Era música de gente que já havia morrido e,
proporcionou surgirem músicos que fazem evocar “sons do passado”, como Wynton
Marsalis natural de New Orleans vai, à partir dos anos 90, fazer emergir a música
de Ellington. Nota-se que o Readers’ Poll de dezembro de 1990, com os”artistas
do ano”, coloca lá entre os primeiros: Benny Carter, Sonny Rollins, Dizzy
Gillespie e Cecil Taylor. O único artista de segunda geração é o Wynton
Marsalis.
Foi um mundo que enquanto Billie
Holiday cantava e, foi se destruindo, era impossível não chorar por ela ou,
odiar o mundo que a fez ser como foi.
AGRADECIMENTOS:
À Sonia Maria, minha fiel escudeira
e paciente companheira pelo apoio dado durante a elaboração destas linhas.
À Professora Lilian Martins
Chaudon pela dedicação na tradução de trecho em francês, de obra específica
dedicada ao jazz californiano.
Ao Mario Jorge Jacques, pela
dedicação à arte do jazz, amizade e trabalho junto conosco, para edição
eletrônica no “Blog CJUB”.
Bibliografia
- “Pessoas Extraordinárias Resistência, Rebelião e Jazz" , Eric Hobsbawm – Editora Paz e Terra
- “História Social do Jazz”, Eric
Hobsbawm – Editora Paz e Terra.
- “West Coast Jazz”, Alain Tercinet – Editora
Parentheses/Epistrophy
- “California Cool”, William Claxton – Chronicle
Books edited by Graham Marsh and Glyn Callingham
- “West Coast Jazz”, Ted Gioia – University Press
UCP Revised Edition
- Extrato da palestra proferida pelo autor no Clube de Jazz do Museu do
Ingá de Niterói - ”Uma Antologia da Música da Califórnia – West Coast Jazz”
- FIM
3 comentários:
Muito interessante este passeio pelo WestCoast Jazz
NELSON:
Já foi para os arquivos, completando com esta edição o panorama que você tão bem nos apresentou. Grato pelo trabalho, que nos remeteu a uma época de ouro e que belo legado nos deixou.
PEDRO CARDOSO
Muito boa esta obra sobre a WC, esperamos outras aulas sobre outros estilos.
Carlos Lima
Postar um comentário