O novo voo solo de Romero Lubambo
por Luiz Orlando Carneiro, em 29/8/15
Aos 60 anos – três décadas depois de ter trocado o Rio por
Nova York – o mestre das seis cordas Romero Lubambo acaba de lançar o seu
terceiro CD pelo prestigioso selo jazzístico Sunnyside. O primeiro foi Duo
(2012), na companhia do pianista-compositor César Camargo Mariano. O segundo
foi Só: Brazilian essence (2013), um recital solo totalmente acústico (violão),
comentado nesta coluna (7/6/2014), e que mereceu a cotação máxima de cinco
estrelas na revista Downbeat (maio de 2014).
O novo álbum de Lubambo, também solo (violão acústico e
guitarra elétrica), intitula-se "Setembro-A Brazilian under the jazz influence".
E é apresentado pela gravadora como “um fabuloso retrato auditivo de um músico
que faz a ponte entre o jazz e a música popular brasileira, e entre o violão
acústico e a guitarra elétrica jazzística”. O “anúncio” não é exagerado quanto
ao adjetivo “fabuloso”, que é adequado para qualificar o coração, a cabeça e os
dedos mágicos desse carioca-novaiorquino que respira e transpira música da
melhor qualidade, independentemente de qualquer rótulo.
Vale lembrar que a fama de Lubambo consolidou-se por sua
atuação no vitorioso Trio da Paz, em conluio com os também “exilados” Duduka da
Fonseca (bateria) e Nilson Matta (baixo). Na discografia desse combo de samba
jazz destacam-se os CDs Partido out (Malandro, 1998), Somewhere (Blue Toucan,
2005) e Live at Jazz Baltica (MaxJazz, 2007).
No recém-lançado Setembro, Lubambo volta a tocar sozinho, e
dá uma aula magna de guitarra, variando entre a acústica e a elétrica, na
interpretação de 12 peças, das quais cinco já integradas ao cancioneiro
brasileiro, quatro do American songbook e três de sua autoria.
O programa começa justamente com Influência do jazz (5m45),
“bossa nova” clássica de Carlos Lyra, e termina comPreciso aprender a ser só
(2m40), da dupla Marcos e Paulo Valle, ambas dedilhadas no violão puro, sem
mistura. Assim como Joana francesa (3m45), de Chico Buarque; Setembro (4m15),
de Ivan Lins e Gilson Peranzetta; Muriqui (6m10) eLukinha (4m10), de autoria de
Lubambo.
Na guitarra elétrica, o virtuose prefere exibir a sua arte –
sempre com swing e harmonias jazzísticas – em Darn that dream(3m30), Love
letters (4m35) e Days of wine and roses (5m25). Mas surpreende com uma original
recriação de All the things you are (3m15), bem percussiva, no violão, enquanto
escolhe o instrumento plugado para discorrer sobre Meditação (5m), de Tom
Jobim, e Nira (5m10), balada de sua lavra.
O álbum Setembro-A Brazilian under the jazz influence é mais
um gol de placa de Romero Lubambo, considerado um dos maiores e mais requisitados
guitarristas (ou violonistas) do planeta. Seja como solista, seja como sideman.
Da sua agenda sempre cheia consta – do dia 15 deste mês até
15 de novembro próximo – uma série de 19 apresentações como acompanhante da
estrela Dianne Reeves, em turnês pelos Estados Unidos e pela Europa (Finlândia,
Polônia, França, Itália). No último dia deste ano e nos três primeiros dias de
2016, Lubambo – a sós com o seu violão - será uma das principais atrações do
Festival de Jazz de Inverno de Orvieto, na Itália.
(A faixa Influência do jazz pode ser ouvida em:
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