Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

04 agosto 2015


Série   PIANISTAS  DE  JAZZ
Algumas Poucas Linhas Sobre o Piano e os Pianistas
16ª Parte
 (21)     ARNOLD  ROSS  -  Poucos sabiam: gravou com Parker ! (Resenha longa)

Dizzy Gillespie e Al Killian (trumpetes), Charlie Parker e Willie Smith (saxes.alto), Lester Young marcando seu reaparecimento após deixar o Exército (sax.tenor), Mel Powell (piano), Billy Hadnott (contrabaixo) e Lee Young (bateria) constituiram a primeira formação a se apresentar no “Phillarmonic Auditorium” em Los Angeles, Califórnia, no dia 28/janeiro/1946 e  como parte do início de temporada dos “JATP” (Jazz At The Phillarmonic) de 1946,  tocando o tema “Sweet Georgia Brown” (nove minutos e trinta e dois segundos, 9’32”, devidamente gravados e incluidos no CD nº 1 do estojo com 10 CD’s da VERVE “The Complete Charlie Parker On Verve”).   
Ato seguido e tocando os temas “Blues For Norman” (08’37”), “I Can’t Get Started” (09’15”), “Lady Be Good” (11’05”), e “After You’ve Gone” (07’33”), também incluídos no mesmo CD 1, o pianista Mel Powell foi substituído por ARNOLD ROSS, que deixou registrado seu magnífico solo em “Lady Be Good”.
Também participaram dessa apresentação Charlie Ventura (sax.tenor), Gene Krupa (bateria) e Teddy Napoleon (piano), mas sem registros discográficos.
O total da gravação fez parte do “Down Beat Award Winners” de 1946.
É bem possível que o pianista ARNOLD ROSS somente seja eternamente lembrado por esse momento com Charlie Parker, mas sua história é bem mais ampla e diversificada em experiências e gravações, o que nos permitirá algumas pinceladas por sua trajetória.
A título de curiosidade lembra-se que a temporada do “JATP” de 1946 foi bem longa e sempre nos U.S.A.:  22/abril no “Embassy Auditorium” de Los Angeles, 26/abril no “Shrine Auditorium” de Oakland, 28/abril no “Civic Auditorium” de San Francisco, 29/abril no “Moore Theater” de Seattle, 02/maio no “City Auditorium” em Denver, 11/maio no “Music Hall” de Kansas City, 13/maio no “Carnegie Music Hall” de Pittsburgh, 14/maio no “Civic Opera House” de Chicago, 16/maio no “Minneapolis Auditorium” de Minneapolis, 18/maio no “Masonic Temple Auditorium” de Detroit, 27/maio, 03, 10 e 17/junho no “Carnegie Hall” de New York, 22/junho no “Civic Opera House” de Chicago, 06/outubro no “Geary Theater” de San Francisco, 07/outubro no “Shrine Auditorium” de Los Angeles, 24/outubro no “Civic Opera House” de Chicago, 28/outubro no “Minneapolis Auditorium” de Minneapolis, 01/novembro no “Pershing Ballroom” de Chicago, 03 e 04/novembro no “Music Hall” de Detroit, 11/novembro na “Academy Of Music” - a da Philadelphia, 13/novembro na “Academy Of Music” - a do Brooklin e, finalmente e encerrando a temporada de 1946, 23/novembro no “Carnegie Hall” de New York, para retornar na primavera de 1947 (06/fevereiro) em novo “périplo” pelos U.S.A.
Em nenhum outro momento o pianista ARNOLD ROSS participou do “JATP” !  
Arnold Rosenberg, ARNOLD ROSS, nasceu em Boston, Massachusetts, em 29/janeiro/1921 e veio a falecer em vias de completar 79 anos em 05/janeiro/2000.
Com a idade de 09 anos iniciou seu aprendizado e prática no piano com a mãe;   chegou a estudar e praticar violino, sax.tenor e clarinete, mas logo passou a dedicar-se completamente ao piano.
Com 16 anos realizou suas primeiras apresentações profissionais em grupos de Boston para, em seguida, realizar temporada (1937 a 1938 em cruzeiros marítimos) pela América do Sul e Antilhas.
De regresso aos U.S.A., mais especificamente em New York e ainda em 1938, ARNOLD ROSS passa a integrar a formação de Frank Dailey tocando acordeão e órgão até meados de 1939, para logo tornar-se pianista titular na orquestra do trombonista Jack Jenney (Truman Eliot “Jack” Jenney, 12/maio/1910 em Mason City, Iowa a 16/dezembro/1910, Califórnia  por complicações de apendicite), em cuja banda atuaram Peanuts Hucko, Paul Fredricks e Hugo Winterhalter.    
Jack Jenney dissolveu a banda para ingressar na Marinha Americana (IIª Guerra Mundial), o que levou ARNOLD ROSS a unir-se  ao grupo do cantor e trumpetista  Vaughn Monroe no período de 1940 a 1942.
Foi recrutado para o serviço nas Forças Armadas e ingressou na orquestra militar de Glenn Miller, mas adoeceu e foi forçado a permanecer nos U.S.A. no período de 1943/1944, restabelecendo-se.
Foi contratado para a banda de Harry James onde atuou no período de 1944  a 1947 e, paralelamente, participou de muitas gravações e concertos.   Dentro desse período é que chegou a atuar no “JATP” de Norman Granz, conforme o relato de abertura deste relato. 
ARNOLD ROSS realizou sua primeira gravação em 1945, com o grupo “Sunset All Stars”. 
A essa altura e já passado dos 25 anos ARNOLD ROSS transitava com certa autoridade entre o “swing” e o “bebop”, mas caiu na armadilha da droga em 1947.
Tornou-se pianista “freelance” na Costa Oeste americana e chegou a acompanhar a bela Lena Horne e a “Mr. B”, Billy Eckstine.    Eckstine foi possuidor de uma belíssima voz e foi autor da célebre frase  “dêm-me o dinheiro de Sinatra e eu lhe darei minha voz”  -  “give me Sinatra’s Money, and I will give him my voice” (“An Autobiography Of Black Jazz”, Dempsey J.Travis, 1983, 543 páginas, Urban Research Institute, U.S.A.).
Na Costa Oeste tornou-se pianista durante 03 anos na formação do baixista Frank de Vol, para em 1952 juntar-se ao grupo da cantora Lena Horne em temporada europeia, como pianista e diretor musical.
Nesse mesmo ano ARNOLD ROSS gravou como titular em trio.
Passou a trabalhar em estúdios de gravação como pianista e arranjador para Billy Eckstine e, até meados da  década de 1970, para Nelson Ridle (ai incluídas sessões de gravação com Frank Sinatra), assim como trabalhou para a televisão nos programas de Bob Crosby (1954 a 1956) e de Spike Jones (1957 a 1958).
ARNOLD ROSS, dependente das drogas desde 1947, em julho de 1960 foi forçado a ingressar na “Synanon Foundation” de Santa Mônica, saiu desintoxicado e, incrível, retornou mais adiante à fundação chegando a dirigí-la em 1964;   participou de um filme sobre a fundação em 1965 (“Synanon – Get Off My Back”).   
Atuou como pianista acompanhante de diversos cantores (as): Frances Wayne, Jane Russell e Edie Adams entre outros (as).
Com Jane Russell (a atriz cinematográfica de busto exuberante) ARNOLD ROSS realizou temporada na Austrália em 1963.
Gravou com inúmeros mestres do JAZZ, podendo apontar-se Charlie Ventura, Dizzy Gillespie, Benny Carter, Joe Pass, Howard McGhee, Harry “Sweet” Edison, além de cantoras de ponta como Ella Fizgerald, Anita O’Day e Doris Day.
Ainda como instrumentista de estúdio atuou também com Paul Weston e  Johnny Mann.
Como pianista de JAZZ chegou a gravar em trio (1952) e, também, associando-se ao grupo “Prez Conference” do clarinetista e saxofonista Dave Pell, grupo de curta duração e com o qual gravou em 1978.
ROSS em sua origem como pianista “bebeu” nas fontes de Art Tatum e e Teddy Wilson, para mais adiante mergulhar no “bebop” , chegando a receber influências de Bud Powell, George Shearing e Lennie Tristano, até amadurecer estilo próprio, carregado de idéias.
Apontamos como boas sugestões de gravações de ARNOLD ROSS (“sideman” ou líder):
-   Skylark, 1945, com o grupo “Sunset All Stars”;
-   I Cover The Waterfront, 1946, com o mesmo grupo;
-   They Can’t Take That Away From Me, 1952, Dizzy Gillespie como titular;
-   Arnold Ross Trio, 1952;
-   Berbed Wire, Bums And Beans, 1975;
-   Lester Leaps In, 1978, Davell.
Como pode ser lido anteriormente ARNOLD ROSS transitou com facilidade por diversos gêneros, ainda que seu maior “curriculum” esteja ligado ao  fato de ser um acompanhante muito e sempre  solicitado.
Prosseguiremos  nos  próximos  dias

Nenhum comentário: