Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

03 março 2015


Série   PIANISTAS  DE  JAZZ
Algumas Poucas Linhas Sobre o Piano e os Pianistas
2ª Parte

ALGUMAS   NOTAS  RÁPIDAS   SOBRE  O  PIANO (A)

O piano é instrumento de teclado de cordas impactadas por martelos cobertos de feltro e inicialmente fabricados a partir de 1698 pelo italiano Bartolomeu Cristofori;  o objetivo do criador era aperfeiçoar e aumentar a sonoridade do clavicórdio (imperador dos teclados até aquela data), em particular quanto às nuances e à expressividade do “piano” e do “forte”, razão pela qual Cristofori denominou-o de “gravicembalo col piano e forte”.    A denominação usual à época era a de “pianoforte”.
Diferentemente da técnica empregada no órgão e no cravo em que o executante controla a intensidade do som por registros, no piano o controle ocorre pela pressão  dos dedos  -  o que permite ao executante obter contrastes sonoros e “coloração” harmônica e “melódica”, consoante a maior pressão ou suavidade com os dedos.
O piano foi seguidamente aperfeiçoado ao longo do tempo;  por exemplo,  em 1726 por Silbermann e com sugestões de J.S.Bach;   posteriormente foi acrescido de notas, também de controle de tensão nas cordas, de caixa de ressonância nas armações de ferro, na disposição das cordas  perpendicularmente ao teclado, no aperfeiçoamento dos pedais, enfim, sucessivas melhorias e  acréscimos conferiram às atuais “88 teclas” sonoridades mais cheias,  com prolongamentos e um leque de matizes que desde os anos de 1800 determinaram a aposentadoria quase que total do cravo, seu ancestral, restrito a partir dai a apresentações específicas e à execução de determinadas obras (por exemplo, em muitas de J.S.Bach, que para esse instrumento as criou).
Existem duas categorias de pianos:  vertical (upright piano) e de cauda (grand piano).  Coloquialmente para os americanos o piano é um “eighty-eighter” (por causa das 88 teclas), um “tickler” (um acariciador) ou um “professor” (expressão herdada desde os bordéis de New Orleans, já que os pianistas de JAZZ eram musicalmente mais cultos que os demais  músicos).   Atuando para a harmonia, o ritmo e a melodia, solando ou acompanhando, o piano é destacadamente o instrumento-síntese.
As características didáticas do piano fizeram com que ao longo do tempo músicos de outros instrumentos, arranjadores e cantores se voltassem para ele em seu trabalho pessoal, transformando-o em apoio indispensável e, além disso, em seu segundo instrumento chegando a gravar nele, de que são exemplos, entre outros, Red Mitchell, Jack DeJohnette, Stéphane Grappelli e Charles Mingus.   Ainda temos inúmeros exemplos de músicos de outros instrumentos que se destacaram no piano ao longo das  diversas fases do JAZZ:  Bix Beiderbecke, Sidney Bechet, Ben Webster, Roy Eldridge, Dizzy Gillespie (que  em seu livro “To Be Or Not To Bop” revela tudo o que aprendeu, desenvolveu e ensinou a outros músicos com base no piano), Tony Scott, Philly Joe Jones, Bob Brookmeyer, Joe Chambers e tantos e tantos outros.  
O berço do piano na história do JAZZ pode ser situado a partir de 1857 por meio de um escravo negro e cego – Thomas Bethume (“Blind Tom”), que se exibia desde os 07 anos pela Georgia com seu professor;  a história (ou estória ? ? ? ! ! ! . . .) relata as proezas do garoto compositor, intérprete de música clássica e popular, extraordinário improvisador,  precursor de Art Tatum. 
As gravações de “piano.JAZZ” foram germinadas a partir da instalação do primeiro estúdio de gravação em 1897 por Emile Berliner (gravações de música sincopada e ragtime por banjoístas), mesmo ano da introdução dos “rolos” gravados, da publicação do livro de exercícios “”Ben Harney’s Rag Time Instructor” e da primeira edição de um ragtime pelo negro Tom Turpin (“Harlem Rag”).  Em 1916 deveríamos ter a primeira gravação de um negro, Luckey Roberts, mas seus dois solos foram descartados pela Columbia, ficando Eubie Blake, compositor de revistas negras para a Broadway, com as honras de ter sido o primeiro pianista negro a gravar (1917).
A partir de 1921 com o florescimento das cantoras de Blues passamos a ter JAZZ gravado, muitas vezes como acompanhante solitário  das cantoras (principalmente James P. Johnson, Clarence Williams e Fletcher Henderson) e, a partir dai,  o JAZZ gravado é mercadoria ao alcance de todos nós.   
Existem muitas e variadas formas e estilos de tocar piano no JAZZ, sendo que o estojo “The History – Piano Jazz – L’histoire” (2003, Le Chant Du Monde) nos presenteia em 10 CD’s com um espectro amplo e significativo dessas formas e estilos: 221 faixas de 1906 até 1952 nos fazem viajar pela arte de grandes mestres do teclado e acompanhar as técnicas mais variadas e inspiradas.   O livreto de 46 páginas que acompanha os 10 CD’s é valioso (André Francis e Jean Schwartz). 
RESENHAS
(01)     ALAN BROADBENT  -  Facetas Múltiplas     (Resenha curta)            
Pianista, compositor e arranjador, Broadbent nasceu na Nova Zelândia (Auckland) em 23/abril/1947 e iniciou o estudo do piano em sua cidade natal, no “The Royal Trinity College Of Music” com 07 anos.  Graduou-se com louvor em 1962 e em 1964 assistiu um concerto com Dave Brubeck, despertando para o JAZZ.
Em 1966 ganhou bolsa da revista “Down Beat” para estudar no “Berklee College Of Music” de  Boston, aperfeiçoando-se em arranjo e composição com Herb Pomeroy;   semanalmente deslocava-se até New York para receber lições e ensinamentos de Lennie Tristano.            
Já graduado no “Berklee”, em 1969 Broadbent passou a integrar a banda de Woody Herman como pianista e arranjador, ai permanecendo até 1972, ano em que mudou-se para Los Angeles (mas permaneceu escrevendo arranjos para Woody Herman).
Como arranjador foi indicado duas vezes (1974 e 1978) para o “Grammy” na categoria de melhor arranjo orquestral para os álbuns  “Children of Lima” e “Aja”.
Também em Los Angeles gravou em 03 albuns da cantora Irene Kral, com mais 02 indicações para o “Grammy”.
Compôs a “Suite For Orchestra” que foi lançada pela “New American Orchestra”.
Seguidamente colaborou em parceria com Bill Mays no “Double Piano Jazz Quartet” de Shelly Manne.
Dirigiu grupos em seu nome e trabalhou para  a televisão de seu país natal.
A primeira gravação em seu nome ocorreu somente em 1981.
Ainda em Los Angeles Broadbent  foi colaborador de Bud Shank, Bill Holman, Buddy Collette, Buddy DeFranco, Bill Perkins e Henry Mancini.
Em 1986 passou a integrar o “Quartet West” de Charlie Haden, para o qual aportou diversas composições próprias.
Escreveu arranjos para Diane Schuur e foi Diretor Musical para a  cantora Natalie Cole.
Reconhecendo e transparecendo as influências, ótimas, de Nat “King” Cole, Bill Evans, Bud Powell, seu professor Lennie Tristano (claro), Sonny Clark, do expressionismo francês de Debussy e de Ravel, ainda assim Broadbent tornou-se pianista e músico de invejável leque de  recursos, com base em alentado conhecimento da história do “piano-jazz” e estribado nas raízes mas sem ligar-se a nenhuma “escola” específica.  É um mestre nos arranjos e excelente compositor.
Pode ser ouvido nas gravações “Everything I Love” e “Serious Swingers” ambas de 1986, esta última sob a titularidade de Bud Shank, “Another Time” de 1987, “Stolen Moments” de 1989 com Lee Ritenour,  de  1991 “At Maybeck, Volume 14”, “Haunted Heart” (de Charlie Haden) e “Shirley Horn With Strings” (de Shirley Horn) e, de 1993, “Charlie Haden Quartet West”.
Seguiremos nos próximos dias

2 comentários:

MARIO JORGE JACQUES disse...

Como já esperado, uma ótima postagem.
Valeu Mestre Pedro!!
Abração

Anônimo disse...

excelente ideia conhecer melhor os pianistas. Sugestão colocar alguma música para ilustrar o pianista, se for possível, é claro. De qualquer forma maravilha
Carlos Lima