Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

COLUNA DO MESTRE LOC NO JB DE 29/09/14

29 setembro 2014

Stefano Bollani: "Alegria, apesar de tudo"

Por Luiz Orlando Carneiro

Aos 41 anos de idade, Stefano Bollani não é, apenas, o mais admirado pianista de jazz da Itália. Sua fama espalhou-se por toda a Europa e pelos Estados Unidos, sobretudo a partir da parceria que estabeleceu com o eminente trompetista Enrico Rava, registrada em quatro álbuns da ECM entre 2003 e 2008: Easy living, em quinteto; Tati, em trio com o baterista Paul Motian; The third man, em duo; New York days, em quinteto.

Mais recentemente, o eclético virtuose, de sólida formação clássica, adicionou à sua discografia o notável CD duplo Orvieto (2010) - um duo com Chick Corea flagrado ao vivo no festival anual de jazz que tem lugar naquela cidade fundada pelos etruscos - e O que será (2013) - um diálogo magistral de temática brasileira com o carioca Hamilton Holanda, considerado o maior bandolinista (de 10 cordas, e não de oito) do mundo.

Pois a etiqueta de Manfred Eicher vem de lançar outro excelente disco de Bollani, intitulado Joy in spite of everything, ou seja, “alegria apesar de tudo”. E é mesmo uma seleção de nove composições da lavra do pianista em que prevalece aquela união entre o alegre e o belo tal qual definida por Keats naquele célebre poema cujo primeiro verso é “A thing of beauty is a joy for ever”.

As peças – em allegro vivace, em moderato cantabile ou mesmo em andante – são arranjadas e interpretadas pelo líder em formações diversas (quinteto, quarteto, trio, duo), na companhia de seus dois sidemen habituais, os holandeses Jesper Bodilsen (baixo) e Morten Lund (bateria), mais os celebrados Mark Turner (sax tenor) e Bill Frisell (guitarra).

A faixa-título (5m55), em trio, é a última e a menos extensa do menu, com o ás do piano voando solto a partir de um tema simples, mas muito cativante. No primeiro “prato”, Easy healing (9m25), de tempero caribenho, o sax envolvente de Mark Turner, à la Charles Lloyd, levita por sobre o quarteto piano-baixo-bateria-guitarra. A ainda mais animada No pope, no party (8m05) é também interpretada pelo quinteto, com bom espaço para os solos de Turner e do guitarrista Frisell. Este último e Bollani são ouvidos, em duo, na minimalista Teddy (7m), e tocam a balada Ismene (8m45), em quarteto.

As demais composições do CD são: as especulativas Tales from the time loop (9m30) e Vale (12m20), em quinteto, com a dupla Bollani-Frisell abrindo sempre os trabalhos para os solos de Turner; a balada Las Hortensias (8m30), em quarteto (sem Frisell, mas com um belíssimo solo do saxofonista); Alobar e Kudra (6m), em trio, avivada por passagens contrapontísticas do virtuose do teclado.

Nas notas que escreveu para o novo álbum, Bollani lembra que o seu primeiro professor de jazz lhe chamou a atenção para o fato de que sendo ele, ainda jovem, fã de Oscar Peterson e Art Tatum, devia tomar cuidado para não se preocupar em “preencher todos os espaços”. E acrescenta: “Assim é que acabei apaixonado por gente como Ahmad Jamal, por exemplo, por ser ele muito cuidadoso com o balanço entre a música e o silêncio”.


Joy in spite of everything é o registro discográfico definitivo do pianista-compositor Stefano Bollani.

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