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COLUNA DO MESTRE LOC NO JB DE 29/09/14

29 setembro 2014

Stefano Bollani: "Alegria, apesar de tudo"

Por Luiz Orlando Carneiro

Aos 41 anos de idade, Stefano Bollani não é, apenas, o mais admirado pianista de jazz da Itália. Sua fama espalhou-se por toda a Europa e pelos Estados Unidos, sobretudo a partir da parceria que estabeleceu com o eminente trompetista Enrico Rava, registrada em quatro álbuns da ECM entre 2003 e 2008: Easy living, em quinteto; Tati, em trio com o baterista Paul Motian; The third man, em duo; New York days, em quinteto.

Mais recentemente, o eclético virtuose, de sólida formação clássica, adicionou à sua discografia o notável CD duplo Orvieto (2010) - um duo com Chick Corea flagrado ao vivo no festival anual de jazz que tem lugar naquela cidade fundada pelos etruscos - e O que será (2013) - um diálogo magistral de temática brasileira com o carioca Hamilton Holanda, considerado o maior bandolinista (de 10 cordas, e não de oito) do mundo.

Pois a etiqueta de Manfred Eicher vem de lançar outro excelente disco de Bollani, intitulado Joy in spite of everything, ou seja, “alegria apesar de tudo”. E é mesmo uma seleção de nove composições da lavra do pianista em que prevalece aquela união entre o alegre e o belo tal qual definida por Keats naquele célebre poema cujo primeiro verso é “A thing of beauty is a joy for ever”.

As peças – em allegro vivace, em moderato cantabile ou mesmo em andante – são arranjadas e interpretadas pelo líder em formações diversas (quinteto, quarteto, trio, duo), na companhia de seus dois sidemen habituais, os holandeses Jesper Bodilsen (baixo) e Morten Lund (bateria), mais os celebrados Mark Turner (sax tenor) e Bill Frisell (guitarra).

A faixa-título (5m55), em trio, é a última e a menos extensa do menu, com o ás do piano voando solto a partir de um tema simples, mas muito cativante. No primeiro “prato”, Easy healing (9m25), de tempero caribenho, o sax envolvente de Mark Turner, à la Charles Lloyd, levita por sobre o quarteto piano-baixo-bateria-guitarra. A ainda mais animada No pope, no party (8m05) é também interpretada pelo quinteto, com bom espaço para os solos de Turner e do guitarrista Frisell. Este último e Bollani são ouvidos, em duo, na minimalista Teddy (7m), e tocam a balada Ismene (8m45), em quarteto.

As demais composições do CD são: as especulativas Tales from the time loop (9m30) e Vale (12m20), em quinteto, com a dupla Bollani-Frisell abrindo sempre os trabalhos para os solos de Turner; a balada Las Hortensias (8m30), em quarteto (sem Frisell, mas com um belíssimo solo do saxofonista); Alobar e Kudra (6m), em trio, avivada por passagens contrapontísticas do virtuose do teclado.

Nas notas que escreveu para o novo álbum, Bollani lembra que o seu primeiro professor de jazz lhe chamou a atenção para o fato de que sendo ele, ainda jovem, fã de Oscar Peterson e Art Tatum, devia tomar cuidado para não se preocupar em “preencher todos os espaços”. E acrescenta: “Assim é que acabei apaixonado por gente como Ahmad Jamal, por exemplo, por ser ele muito cuidadoso com o balanço entre a música e o silêncio”.


Joy in spite of everything é o registro discográfico definitivo do pianista-compositor Stefano Bollani.

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