Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

22 julho 2014

ALGUMAS POUCAS LINHAS SOBRE A
GUITARRA E OS GUITARRISTAS  -  27
O guitarrista norte-americano JAMES EMERY nasceu na pequena cidade de Youngstown, estado de Ohio, em 21 de dezembro de 1951, sendo criado na capital, Cleveland, onde teve suas primeiras lições de música aos 06 anos de idade no mini-órgão da família;    aos 12 elegeu a guitarra como “o seu instrumento”.
Passou a estudar teoria e harmonia com afinco (“Cleveland State University” e “City College” de New York), paralelamente à prática continuada da execução.  
Estudou guitarra clássica com Ann Stanley (exímio professor de guitarra clássica e violinista da “George Szell’s Cleveland Orchestra”), assim como com David Trader, Ralph Russo e com o legendário Bill De Arango (também de Ohio, Cleveland), um dos freqüentadores assíduos da Rua 52, “a rua que nunca dorme”, verdadeira usina do “bebop” nos anos 40 e 50.
Estudou ainda composição e orquestração com o compositor Robert Aldridge de Montclair / New Jersey.
Ganhou ainda mais prática, consistência e experiência junto ao público nos bares dedicados ao “blues”, não sendo raro que  neles “virasse” as noites.
Nessas madrugadas (“after hours”) chegou a tocar em duo guitarra / harmônica com Mister Stress, conhecido em Cleveland e cidades vizinhas como um dos parentes do grande cantor/harmonista/guitarrista Howlin’ Wolf e com o cantor/guitarrista Robert Lockwood Jr.
Já radicado em New York a partir de 1973, foi exatamente com o grande guitarrista Bill De Arango que EMERY ouviu as gravações da banda de Count Basie, com destaque para os solos de sax.tenor de Lester Young;    foi a melhor universidade possível para EMERY aprender os acordes dos “standards”, passando a tocar em duo com De Arango.
Partiu para um mergulho intenso na música de Charlie Parker, de Thelonius Monk, de Eric Dolphy, de John Coltrane e de Ornette Coleman, em um verdadeiro “pós-graduação” de história e da música de JAZZ, até suas concepções então mais recentes.
Viveu no Brooklin e por meio de anúncio tornou-se discípulo do violinista Leroy Jenkins, com quem passou a tocar e que lhe abriu as portas para sua primeira gravação.
Nessa época participou de suas primeiras apresentações com o “String Trio Of New York” (ele e Billy Bang nas guitarras e dois contrabaixistas, John Lindberg e Ed Schüller, que logo após deixa o grupo), de cuja fundação participou.  Esse grupo foi a base da formação das(os) violinistas Regina Carter, Diane Monroe e Charles Burnham.
Gravou para o selo italiano “Black Saint” e  foi contratado logo em seguida como professor na “Creative Music Studio”, então dirigida por Karl Berger em Woodstock, onde teve a oportunidade de colaborar com Anthony Braxton e Ray Anderson na “Creative Music Orchestra” e com a “Human Arts Ensemble” de Charles Bobo Shaw, já em 1977.   A essa altura era um guitarrista e compositor aclamado pelas críticas americana e internacional.
Realizou suas primeiras temporadas na Europa e formou duo de música contemporânea com o flautista Robert Dick, com quem se apresentou seguidamente, além de atuar como solista.
EMERY formou seu primeiro grupo em 1980, contando com Ray Anderson, Robert Dick, J. D. Parran e Thurman Parker, mas seguiu com diversas outras atuações e atividades, a saber:
-        como guitarrista com o grupo “String” de Leroy Jenkins (mistura de JAZZ e funk);
-        como guitarrista e em duo com Richard Teitelbaum;
-        como guitarrista com o grupo “James Emery Quartet”, ao lado de Thurman Barker, Mark Elias e Marty Ehrlich;
-        como professor de guitarra (em escolas públicas e privadas);
-        como compositor para quinteto de sopros e para orquestras de até 25 músicos.
JAMES EMERY toca usualmente guitarra elétrica, guitarra clássica e guitarra soprano, com acessórios eletrônicos que ele mesmo projeta e fabrica.
Mesmo tendo percorrido todo o guitarrismo desde a “mainstrean”, o “bebop” e até as tendências mais modernas, mas na contramão de guitarristas ditos “free”, EMERY possui todas as concepções básicas e acadêmicas da guitarra  =  precisão, clareza de notas, domínio harmônico, ajuste perfeito da sonoridade e técnica superior, condições que são claramente aportadas principalmente em trios (“String Trio”), em que domina a necessidade de que os sons e os papéis dos 03 instrumentos se ajustem aos arranjos e às improvisações.
EMERY abriga em seu toque o virtuosismo em que utiliza o “slapping” e os toques na madeira, com traços da guitarra clássica e da guitarra espanhola, assim como “glissandos” com certeza herdados dos “bottlenecks” de blueseiros mais tradicionais, chegando a imitar outros instrumentos de corda.
Seu som é absolutamente identificável e, segundo o crítico musical Francis Davis, “ninguém possui o som de EMERY”.
EMERY gravou um total de 23 CD’s como líder ou “sideman”, atuou em 25 países  por conta de suas temporadas e em diversos concertos e festivais:  “Lincoln Center”  em  New York, “Royal Festival Hall” em Londres, “Bunkamura Music Hall” em Tóquio, “Philharmonic Hall” em Berlim, Paris, Varsóvia, Zurique, Vancouver, Montreal, Toronto, Leverkusen, Groningen, Cracóvia, “Newport Jazz Festival” e muitos outros.   
Foi premiado inúmeras vezes, destacando-se o “Guggenheim Fellowship” de 1995, o “National Endowment For The Arts (1985 e 1994), o “New York Foundation For the Arts” (1986, 1990 e 2000) e o “Cary Trust” (1991, 1996 e 1999).  
São inúmeros os artigos e críticas exaltando a música de JAMES EMERY, ai incluídos os do “The New York Time”, do magazine alemão “Stereo” e das revistas “Down Beat” e “Jazz Times” (que cita enfaticamente “JAMES EMERY is special”).
O “The Penguin Guide To Jazz On CD” classifica o trabalho de EMERY como “...innovative and imaginative...utterly distinctive".
Enquanto compositor EMERY contabiliza mais de 100 peças para grupos de JAZZ e  de câmera, para guitarra.solo, para orquestras de câmera e sinfônicas.
EMERY e sua esposa Colleen viveram mais de 20 anos em Greenwich Village, New York, até o nascimento da filha Hannah, quando a família mudou-se para a cidade de Warwick, estado de New York, onde vive atualmente, para desfrutar do verde e da maior convivência familiar, ao mesmo tempo em que pode compor tranqüilamente e deslocar-se somente para suas apresentações.
Em sua discografia destacam-se:
-        Transformations;
-        Fourth World, com Joe Lovano;
-        Luminous Cycles, em sexteto;
-        Spectral Domains, em septeto;
-        Standing On A Whale Fishing For Minnows, em quarteto;
-        Turbulence;
-        Exo Eso, em guitarra solo;
-        Artlife, em duo de guitarras com Leroy Jenkins.
 Retornaremos à guitarra e aos guitarristas em próximo artigo
             apostolojazz@uol.com.br

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