ALGUMAS
POUCAS LINHAS SOBRE A
GUITARRA
E OS GUITARRISTAS - 27
O
guitarrista norte-americano JAMES EMERY nasceu
na pequena cidade de Youngstown, estado de Ohio, em 21 de dezembro de 1951,
sendo criado na capital, Cleveland, onde teve suas primeiras lições de música
aos 06 anos de idade no mini-órgão da família;
aos 12 elegeu a guitarra como “o
seu instrumento”.
Passou
a estudar teoria e harmonia com afinco (“Cleveland State University” e “City
College” de New York), paralelamente à prática continuada da execução.
Estudou
guitarra clássica com Ann Stanley (exímio professor de guitarra clássica e
violinista da “George Szell’s Cleveland Orchestra”), assim como com David
Trader, Ralph Russo e com o legendário Bill De Arango (também de Ohio,
Cleveland), um dos freqüentadores assíduos da Rua 52, “a rua que nunca dorme”,
verdadeira usina do “bebop” nos anos 40 e 50.
Estudou
ainda composição e orquestração com o compositor Robert Aldridge de Montclair /
New Jersey.
Ganhou
ainda mais prática, consistência e experiência junto ao público nos bares
dedicados ao “blues”, não sendo raro que
neles “virasse” as noites.
Nessas
madrugadas (“after hours”) chegou a tocar em duo guitarra / harmônica com
Mister Stress, conhecido em Cleveland e cidades vizinhas como um dos parentes
do grande cantor/harmonista/guitarrista Howlin’ Wolf e com o cantor/guitarrista
Robert Lockwood Jr.
Já
radicado em New York a partir de 1973, foi exatamente com o grande guitarrista
Bill De Arango que EMERY ouviu as
gravações da banda de Count Basie, com destaque para os solos de sax.tenor de
Lester Young; foi a melhor universidade possível para EMERY aprender os acordes dos
“standards”, passando a tocar em duo com De Arango.
Partiu
para um mergulho intenso na música de Charlie Parker, de Thelonius Monk, de
Eric Dolphy, de John Coltrane e de Ornette Coleman, em um verdadeiro
“pós-graduação” de história e da música de JAZZ, até suas concepções então mais
recentes.
Viveu
no Brooklin e por meio de anúncio tornou-se discípulo do violinista Leroy
Jenkins, com quem passou a tocar e que lhe abriu as portas para sua primeira
gravação.
Nessa
época participou de suas primeiras apresentações com o “String Trio Of New
York” (ele e Billy Bang nas guitarras e dois contrabaixistas, John Lindberg e
Ed Schüller, que logo após deixa o grupo), de cuja fundação participou. Esse grupo foi a base da formação das(os) violinistas
Regina Carter, Diane Monroe e Charles Burnham.
Gravou
para o selo italiano “Black Saint” e foi
contratado logo em seguida como professor na “Creative Music Studio”, então
dirigida por Karl Berger em Woodstock, onde teve a oportunidade de colaborar
com Anthony Braxton e Ray Anderson na “Creative Music Orchestra” e com a “Human
Arts Ensemble” de Charles Bobo Shaw, já em 1977. A essa altura era um guitarrista e
compositor aclamado pelas críticas americana e internacional.
Realizou
suas primeiras temporadas na Europa e formou duo de música contemporânea com o
flautista Robert Dick, com quem se apresentou seguidamente, além de atuar como
solista.
EMERY formou seu primeiro grupo em 1980, contando com Ray Anderson, Robert
Dick, J. D. Parran e Thurman Parker, mas seguiu com diversas outras atuações e
atividades, a saber:
- como
guitarrista com o grupo “String” de Leroy Jenkins (mistura de JAZZ e funk);
- como guitarrista e em duo com Richard
Teitelbaum;
- como
guitarrista com o grupo “James Emery Quartet”, ao lado de Thurman Barker, Mark
Elias e Marty Ehrlich;
- como professor de guitarra (em escolas
públicas e privadas);
- como compositor para quinteto de sopros
e para orquestras de até 25 músicos.
JAMES EMERY toca usualmente guitarra elétrica, guitarra clássica
e guitarra soprano, com acessórios eletrônicos que ele mesmo projeta e fabrica.
Mesmo
tendo percorrido todo o guitarrismo desde a “mainstrean”, o “bebop” e até as
tendências mais modernas, mas na contramão de guitarristas ditos “free”, EMERY possui todas as concepções
básicas e acadêmicas da guitarra = precisão, clareza de notas, domínio
harmônico, ajuste perfeito da sonoridade e técnica superior, condições que são
claramente aportadas principalmente em trios (“String Trio”), em que domina a
necessidade de que os sons e os papéis dos 03 instrumentos se ajustem aos
arranjos e às improvisações.
EMERY abriga em seu toque o virtuosismo em que utiliza o “slapping” e os
toques na madeira, com traços da guitarra clássica e da guitarra espanhola,
assim como “glissandos” com certeza herdados dos “bottlenecks” de blueseiros
mais tradicionais, chegando a imitar outros instrumentos de corda.
Seu
som é absolutamente identificável e, segundo o crítico musical Francis Davis, “ninguém
possui o som de EMERY”.
EMERY gravou um total de 23 CD’s como líder ou “sideman”, atuou em 25 países por conta de suas temporadas e em diversos
concertos e festivais: “Lincoln Center” em New
York, “Royal Festival Hall” em Londres, “Bunkamura Music Hall” em Tóquio, “Philharmonic
Hall” em Berlim, Paris, Varsóvia, Zurique, Vancouver, Montreal, Toronto,
Leverkusen, Groningen, Cracóvia, “Newport Jazz Festival” e muitos outros.
Foi premiado inúmeras vezes, destacando-se o
“Guggenheim Fellowship” de 1995, o “National Endowment For The Arts (1985 e
1994), o “New York Foundation For the Arts” (1986, 1990 e 2000) e o “Cary Trust”
(1991, 1996 e 1999).
São
inúmeros os artigos e críticas exaltando a música de JAMES EMERY, ai incluídos os do “The New York Time”, do magazine
alemão “Stereo” e das revistas “Down Beat” e “Jazz Times” (que cita
enfaticamente “JAMES EMERY is
special”).
O “The Penguin Guide To Jazz
On CD” classifica o trabalho de EMERY
como “...innovative
and imaginative...utterly distinctive".
Enquanto
compositor EMERY contabiliza mais de
100 peças para grupos de JAZZ e de câmera,
para guitarra.solo, para orquestras de câmera e sinfônicas.
EMERY e sua esposa Colleen viveram mais de 20 anos em
Greenwich Village, New York, até o nascimento da filha Hannah, quando a família
mudou-se para a cidade de Warwick, estado de New York, onde vive atualmente, para
desfrutar do verde e da maior convivência familiar, ao mesmo tempo em que pode
compor tranqüilamente e deslocar-se somente para suas apresentações.
Em sua discografia destacam-se:
- Transformations;
- Fourth World,
com Joe Lovano;
- Luminous Cycles, em sexteto;
- Spectral Domains, em septeto;
- Standing On A Whale Fishing For
Minnows, em quarteto;
- Turbulence;
- Exo
Eso, em guitarra solo;
- Artlife,
em duo de guitarras com Leroy Jenkins.
Retornaremos à guitarra e
aos guitarristas em próximo artigo
apostolojazz@uol.com.br
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