Duduka da Fonseca
O mestre da bateria Duduka Da Fonseca, carioca radicado
A associação de Duduka com a israelense (também nova-iorquina) Anat não é nova. São amigos, tocam juntos há muito tempo, e já gravaram com o mesmo time, em 2005, Samba jazz in black and white (Zoho). Uma das donas do selo Anzic, Anat promoveu em estúdio esse reencontro, no qual o líder continuou explorando temas de autoria de músicos brasileiros (em oito das 10 faixas), sem deixar de selecionar duas “gemas” do repertório eminentemente jazzístico — Blues connotation, de Ornette Coleman, e The peacocks, do saudoso pianista Jimmy Rowles (1918-96).
Os demais membros do quinteto já estão, há mais ou menos tempo, na “primeira liga” do jazz nova-iorquino. Principalmente Hélio Alves, cujo último registro, o álbum Música (JLP, 2010) — em trio com Antonio Sanchez (bateria) e Reuben Rogers (baixo) — foi muito elogiado pelos reviewers, incluindo o severo Robert L. Doerschuk (Downbeat), para quem o pianista se distingue por três qualidades básicas: “sutileza, musicalidade e extraordinária facilidade de improvisar”.
Os mesmos predicados devem ser atribuídos ao guitarrista Guilherme Monteiro, 41 anos, dos quais mais de 10 nos Estados Unidos. Destaque, no seu currículo, para o disco Jazz & bossa (Blue Note, 2008), em que atua como sideman do grande baixista Ron Carter, ao lado de Stephen Scott (piano) e Javon Jackson (sax tenor).
O baixista Leonardo Cioglia, por sua vez, formou-se no renomado Berklee College of Music de Boston, e apresentou suas credenciais no CD Contos (Quizamba, 2009), no qual assina uma série de 10 peças, interpretadas com o concurso de músicos emergentes do nível do saxofonista John Ellis, do guitarrista Mike Moreno e do baterista Antonio Sanchez.
No novo álbum "Samba jazz-Jazz samba" — na verdade, mais jazz com molho de samba do que o inverso — o quinteto de Duduka da Fonseca improvisa a partir dos seguintes temas de autores brasileiros: Depois da chuva (5m15), envolvente melodia de Dom Salvador, tratada em tempo médio; Sabor carioca (4m15), do saxofonista Raul Mascarenhas, com introdução-solo de 40 segundos da bateria do líder; Rancho das nuvens (4m35), joia raramente lembrada de Tom Jobim; Dona Olímpia (5m40), de Toninho Horta; O guaraná (7m30), Melancia (8m20) e Obstinado (6m40), dos pianistas Alfredo Cardim, Rique Pantoja e Haroldo Mauro, respectivamente; Flying over Rio (5m25), original de Duduka.
Na última eleição anual dos críticos de jazz promovida pela revista Downbeat (edição de agosto), Anat Cohen foi eleita a clarinetista nº 1, derrotando os barbados Don Byron, Paquito D’Rivera e Ken Peplovski, e venceu também o páreo dos rising stars na categoria dos saxofonistas tenores.
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