Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

16 agosto 2011

ALGUMAS POUCAS LINHAS SOBRE A
GUITARRA E OS GUITARRISTAS - 12

Frederick William Green, artisticamente FREDDIE GREEN, nasceu no dia 31 de março de 1911 em Charleston, estado da Carolina do Norte, vindo a falecer em vias de completar 76 anos no dia 01 de março de 1987, em Las Vegas, Nevada, quando saia de uma apresentação.
É reconhecido pelo público amante de JAZZ e pelos críticos como “o” guitarrista acompanhante de orquestra de JAZZ (“big band”), tendo permanecido por 50 anos na “máquina de fazer swing” de Count Basie, integrando aquela que é reconhecida como a excelência da seção rítmica de uma “big.band”, merecidamente denominada “all american rhythm section” (Count Basie ao piano, FREDDIE GREEN na guitarra, Walter Page no contrabaixo e Jo Jones na bateria).
Seu interesse pela música foi despertado desde a infância (10 anos) e aos 12 anos iniciou o estudo da guitarra de forma auto-didata.
Já adulto mudou-se para New York onde complementou seus estudos, simultaneamente com o trabalho em clubes e locais onde o JAZZ era a atração.
Em um desses locais, em Greenwich Village, foi assistido pelo produtor e crítico John Hammond (John Henry Hammond II, 15/dezembro/1910 a 10/julho/1987, graduado na “Yale University”, filho de mãe da milionária família “Vanderbilt” e cuja irmã Alice casou-se com o “bandleader” Benny Goodman), que o recomendou ao líder Count Basie: em conseqüência e a partir de março de 1937, completando 26 anos, FREDDIE GREEN foi incorporado à banda.
Mesmo sem realizar uma “carreira solo” e permanecendo, como já citado, 50 anos na banda de Count Basie, FREDDIE teve oportunidade de tocar com incontáveis músicos, basicamente em sessões de gravação.
Entre esses muitos músicos podem ser citados: a cantora Mildred Bailey e o vibrafonista Lionel Hampton em 1937, o pianista Teddy Wilson entre 1937 e 1938, a cantora Billie Holiday de 1937 até 1940, as estupendas formações “Kansas City Five” e “Kansas City Six” em 1938, os saxofonistas Benny Carter (1940), Lester Young (1944) e Illinois Jacquet (1952), o trumpetista Harry Edison (1958) e, em diversas outras ocasiões o clarinetista e “band-leader” Benny Goodman, o cantor Joe Turner, o trumpetista Buck Clayton, os saxofonistas Stan Getz, Wardell Gray, Al Cohn, Sonny Stitt e Gerry Mulligan, o trumpetista Joe Newman e o clarinetista Buddy DeFranco, sem alongarmos a relação em demasia.
O “cartão de visita” de FREDDIE GREEN como guitarrista da seção rítmica da banda de Count Basie, sempre esteve amplamente respaldado pelo “beat” tão característico e imediatamente identificável que imprimia à banda, impulsionando-a como um instrumento de precisão.
Era um acompanhante impecável ! ! !
Sua pulsação regular e precisa, mesmo sem virtuosismos, era uma marca registrada da execução na guitarra acústica: o curioso é que FREDDIE GREEN apoiava a guitarra sobre os joelhos, o que lhe possibilitava o máximo de potência e amplificação do som das cordas baixas na execução dos acordes (raramente pode-se ouvir FREDDIE em “single notes”).
Essa técnica de acompanhamento, com total atenção ao clima dos solos, permitia que ele escoltasse de forma “mágica” os solistas - quando os arranjos da banda a estes dava destaque - com acordes menos que tocados, pode-se dizer que “pincelados”, em deslocamentos que mudam ininterruptamente, com mínimas inflexões de tonalidade e de potência.
Lembramos que FREDDIE GREEN sempre se destacou como um cavalheiro elegante e com muita classe, no vestir, no falar e no gestual.
A arte de FREDDIE GREEN pode ser desfrutada nas centenas de gravações da banda de Count Basie e que primam, em sua imensa maioria, pelos arranjos de qualidade superlativa, entre as quais e numa breve síntese podemos indicar os seguintes albuns:
- 1936/1942 - Count Basie Super Chief, CBS;
- 1936/1950 - The Count Basie Story (coleção de 04 CD’s), etiqueta PROPER;
- 1939 - The Essential Count Basie, Volume I, CBS;
- 1939/1952 - Beaver Junction (coleção de 04 CD’s), etiqueta MEMBRAN;
- 1943/1954 - Count Basie Orchestra (02 CD’s), pela Laserlight;
- 1952/1963 - Count Basie, álbum “Jazz Masters 2” da VERVE;

- 1952 - Paradise Squat, selo VERVE;
- 1952/1963 - Count Basie Plays The Blues, selo VERVE;
- 1955/1956 - Count Basie Swings, Joe Williams Swings, selo VERVE;
- 1957/1958 - The Complete Atomic Basie, selo Roulette;
- 1960/1961 - Kansas City Suite – The Music Of Benny Carter, selo Vogue;
- 1963 - On The Sunny Side Of The Street – Ella & Basie, VERVE;
- 1969 - Basic Basie – Count Basie And His Orchestra, selo BASF;
- 1971 - Have A Nice Day, pelo selo EmArcy, com precioso desfile de excepcionais composições e arranjos feitos sob medida para banda de Basie por Sammy Nestico ;
- 1977 - Count Basie Big Band - Montreux ’77, selo Pablo;
- 1978 - Milt Jackson + Count Basie + Big Band, Volume I, selo Pablo;
- 1981 - Warm Breeze – Count Basie And His Orchestra, selo Pablo;
- 1982 - Farmers Market Barbecue – Count Basie Big Band, selo Pablo;
- Diversas datas - Count Basie, série “Jazz History”, VERVE.
Também incontáveis são os filmes em VHS e DVD que contam com a presença de FREDDIE GREEN atuando na banda de Count Basie, podendo ser indicados:
* 1935/1949 - Swing Era, Idem Home Vídeo / Studio Films
* 1941/1945 - Count Basie and Friends: 1941 to 1945
* 1943/1945 - Count Basie and Friends, 1943-1945, selo VERVE
* 1950 - Meet The Small Bands: Count Basie Sextet e mais 03 formações, etiqueta Swingtime Vídeo
* 1957 - Vintage Collection, Volume I, 1958-1959
* 1962 - Jazz Icons - Count Basie, Live In ’62, selo Reelin’
* 1964 - Série “Big Bands”: Count Basie e mais 07 “big bands”
* 1975 - Jazz In Montreux - Count Basie - Jam’75, etiqueta Eagle Vision
* 1977 - Jazz In Montreux - Count Basie Big Band ’77, etiqueta Eagle Vision
* 1979 - Jazz In Montreux - Ella & Basie - The Perfect Match ’79, etiqueta Eagle Vision
* 1981 - Count Basie At Carnegie Hall, selo Kultur
* 1983 - Count Basie Orchestra: Swing It Again !
* 1985 - Count Basie: condução de Thad Jones
* 1987 - 100 Anos de Jazz: Partes I, II, III e IV (excelente documentário francês da “Presses Universitaires de France”)
* 1988 - Diane Schuur and the Count Basie Orchestra (condução de Frank Foster), Festival de Jazz de Montreal 1988
* 1993 - Count Basie - Swingn’ The Blues, etiqueta BMG
* 1996 - Jazz Collection: Count Basie, La Sept Art – Ex Nihilo
* 2004 - Count Basie - Swinging At His Best, Passport International Productions
Assim e felizmente, esse nobre guitarrista maior dos acompanhamentos, deixou-nos extenso legado de qualidade, que podemos desfrutar em gravações acústicas e em imagens.

Retornaremos à guitarra e aos guitarristas em próximo artigo
apóstolojazz@uol.com.br

6 comentários:

MARIO JORGE JACQUES disse...

Realmente Green era uma peça importante na máquina de suingue de Basie. Não parece nada, mas ao ouvirmos por exemplo TOPSY, DICkIE'S DREAM, EVENIN e muitas outras, e prestando bastante atenção, podemos confirmar que apesar de sempre "escondido" na massa orquestral seu "drive" está lá presente, marcando ritmo, o beat, elaborando o inconfundível suingue da banda.
Ótima biografia valorizando esse músico aparentemente "apagado".
Abraços
Mario Jorge

APÓSTOLO disse...

Prezado MÁRIO JORGE:

Como dizia Basie para seus músicos, "se você não ouve Freddie . . . "

Érico Cordeiro disse...

Li, creio que no livro do Muggiatti, que a rapaziada da banda de Basie adorava zoar com o Green, especialmente o Lester Young, um brincalhão nato, e que certa vez eles tiraram as válvulas do amplificador do guitarrista - ele tocava, tocava e não saía som algum...
Um mestre e verdadeiro esteio rítmico da orquestra do Conde, cujo estilo de tocar se parecia muito com o de Green - econômico e sóbrio.
Mais uma aula, que vai pros registros.
Grande abraço.

APÓSTOLO disse...

Prezado ÉRICO:
Realmente fazem parte da "estória" as inúmeras peças pregadas pelo "Prez". Não há referências específicas quanto às com Freddie ("The World Of Count Basie", Stanley Dance, entrevista de Lester com Chris Albertson em 1958, 01 ano antes do falecimento de Lester), mas que em matéria de gozação e de girias o "Prez" era um campeão, lá isso era.

John Lester disse...

Nada como retornar das férias e esbarrar com Count Basie, ainda mais com Lester Young no horn!

Grande abraço, JL.

llulla disse...

Meu caro Apóstolo,
Conforme já disse anteriormente, essas resenhas tem que compor um livro.
abcs.
llulla