Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

SLOW MUSIC

01 agosto 2009

Este é o projeto dos meus sonhos. Sonhei com ele pela primeira vez há 10 anos atrás, e agora, finalmente, ele se materializa em sons. Por onde começo? São tantas coisas a dizer sobre isso. Se eu disser que estou dedicando este álbum a Shirley Horn, Bill Evans e João Gilberto, isso talvez explique alguma coisa. Pois é um álbum feito de silêncios e pausas, e sobre o uso delas. A pausa é um momento importante da música. Sem silêncio, não existe som. Sem o claro-escuro, não se veem todas as nuances da cor. Sutileza gera sutileza.

Também posso dizer que desde que li o "Slow Food Manifesto", divulgado pelo italiano Carlo Petrini, ainda em 2000, me apaixonei pelo conceito e comecei a refletir sobre a similaridade entre música e comida. O mundo despeja junk music nos nossos ouvidos o tempo todo, há anos. Música é alimento para a alma. O maior condutor de emoções que se conhece. Vejam o que diz, entre outras coisas, o "Slow Food Manifesto:"Somos escravos da velocidade e sucumbimos ao mesmo insidioso vírus: a Vida Rápida, que rompe os nossos hábitos, invade a privacidade de nossos lares e nos força a ingerir Fast Food."(alguma semelhança com a música que somos obrigados a ouvir todos os dias?)

Isto posto, vamos ao próximo ítem - as canções e eu. De minha parte, eu queria fazer uma longa reflexão sobre o amor. Não queria simplesmente cantar canções de amor desesperado, daquelas de cortar os pulsos, pelo contrário: queria canções que tivessem o agridoce, o claro-escuro, a dúvida, a ironia, o questionamento. Então a escolha se deu, antes de tudo, pela beleza das músicas, mas também levando em conta o quanto as letras teriam de leveza e reflexão sobre o sentimento mais antigo do mundo. Cantadas com muita calma.

Para isso era preciso deixar passar algum tempo. Não dá para se cantar canções assim quando se é mais jovem. Era preciso ter o distanciamento crítico do sentimento, a possibilidade de olhar para trás com compaixão e alguma sabedoria. A voz também precisava envelhecer um pouquinho, perder o polimento, ficar "crestada pela pátina do tempo", como Vinícius diria. Um pouco de areia na garganta e a compreensão das palavras. Essa era a idéia. Foi bom ter esperado esses 10 anos. Também era preciso encontrar as parcerias certas. Durante todos os anos em que sonhei com este projeto, ele já teve vários formatos, do mínimo ao máximo. Muitos parceiros chegaram e partiram, grandes músicos que em algum momento quiseram ser parte desta idéia, mas a vida não deixou, por alguma razão. E chegamos ao formato de hoje. Essencial.

Tutty Moreno esteve comigo desde o primeiro minuto e acompanhou cada volta que o meu mundo deu, em busca desse sonho. Esse disco é dele também. Ninguém mais teria tocado com tanta precisão, sensibilidade e delicadeza. Com ele, a bateria é um instrumento harmônico. Hélio Alves foi fundamental. Um caso raro de pianista brasileiro e jazzista ao mesmo tempo, conhecedor de ambas as linguagens. Um solista brilhante. Jorge Helder, no baixo, trouxe a segurança e a firmeza necessárias para que juntos pudéssemos voar. É nosso quarteto fantástico. Foi tudo lindo.
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PS. Obrigada aos amigos de várias partes do planeta que em algum momento sonharam juntos comigo este projeto: Johnny Mandel, Kenny Werner, Robin & John Goldsby, Frank Chastenier, Rodolfo Stroeter, Dori Caymmi, Kazuo Yoshida e tantos mais.
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by Joyce Moreno
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01. Slow Music (Joyce Moreno & Robin Meloy Goldsby)
02. Amor, Amor (Sueli Costa & Cacaso)
03. Medo de Amar (Vinícius de Moraes)
04. Esta Tarde Vi Llover (Armando Manzanero)
05. Convince Me (Joyce Moreno & Robin Meloy Goldsby)
06. Nova Ilusão (Zé Menezes & Luiz Bittencourt)
07. Samba do Grande Amor (Chico Buarque)
08. O Amor É Chama ( Marcos & Paulo Sergio Valle)
09. But Beautiful (Burke & Van Heusen)
10. Olhos Negros (Johnny Alf & Ronaldo Bastos)
11. Sobras da Partilha ( Joyce & Paulo César Pinheiro)
12. Valsa do Pequeno Amor (Joyce Moreno)
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Joyce Moreno - voz, violão, arranjos
Tutty Moreno - bateria
Hélio Alves - piano
Jorge Helder - contrabaixo
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Biscoito Fino - gravado de 25 a 29 de março de 2009.
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Som na Caixa: Slow Music

5 comentários:

figbatera disse...

Parabéns a essa grande artista, de quem sou fã, pela realização deste projeto.
Esse eu não perco de jeito nenhum.

Unknown disse...

As lindas canções de Joyce Moreno são realmente doces.Autora de feminina , melhor de tudo dedica este CD ao papa bossa-novista João Gilberto.
"O amor é Chama" uma das que mais gosto...
(Marcos e Paulo Sergio Valle)
Parabéns JoFlavio pelo bom gosto. Sou fã do CJUB.

JoFlavio disse...

Miss Ella

Acho sempre complicado quando alguém diz que fulano (ou fulana) é o melhor. Gosto pessoal evidentemente varia. Mas se colocassem uma faca no meu pescoço perguntando qual a figura feminina mais importante (e consistente) da música boa brasileira, eu, com medo da morte, diria Joyce. Toca um violão de gente grande, acima de muitos marmanjos, canta prá caramba e compõe muito. Quem não acha, que atire a primeira pedra. Duvido. Duvido mesmo. Por sinal, amo a Fátima Guedes, que seria a segunda em minha preferência.

edú disse...

A convenção de Genebra já baniu - a pedido das Nações Unidas(sic) - a utilização de qualquer disco de Fátima Quedes para finalidade q agrida qualquer principio humanitário(rs,rs,rs).

edú disse...

Fatima Guedes, digo.Uma das mais simpáticas vozes anasaladas da nossa MPB.