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COLUNA DO LOC

07 dezembro 2008

Luiz Orlando Carneiro
JB, Caderno B, 7 de dezembro de 2008

Conservador invejado

Indiferente às críticas dos medíocres e invejosos por seu "conservadorismo" – ou simplesmente por fazer propaganda dos relógios Movado ou usar ternos Armani – Wynton Marsalis, 47 anos, está sempre a provar que não é, apenas, o mais completo trompetista surgido no jazz depois de Dizzy Gillespie e Clifford Brown. Além de uma obra invejável como compositor – que o elevou às alturas de Aaron Copland, Charles Ives & Cia, com a conquista, em 1997, do Prêmio Pulitzer de música – o líder dos young lions da década de 80 é a cabeça e a alma do Jazz at Lincoln Center, a mais importante instituição de promoção e divulgação desse modo de expressão musical que é o passado e o futuro conjugados no tempo presente.

A definição acima sintetiza o pensamento do grande músico tal qual exposto em entrevista a Jennifer Odell, na edição deste mês da Downbeat. Wynton foi eleito no referendo dos leitores da revista, mais uma vez, o trompetista do ano, à frente de Dave Douglas – de sua geração – e de Roy Hargrove – 10 anos mais moço. E também, uma vez mais, aos 78 anos, Sonny Rollins superou Pat Metheny na categoria Artista do Ano, e derrotou Chris Potter na classificação dos melhores saxofonistas tenores. Metheny tem 24 anos a menos do que o maior jazzman vivo; Potter é 41 anos mais jovem.

A filosofia de Marsalis sobre a polêmica questão do que é novo ou velho, mainstream, beyond ou world music, em matéria de jazz é um dos temas de seu mais recente livro, Moving to higher ground/How jazz can change your life (Random House, 208 páginas, US$ 26), escrito em colaboração com o historiador Geoffrey C. Ward, ex-editor da revista American Heritage.

Logo no primeiro capítulo (Discovering the joy of swinging, ou seja, descobrindo a alegria de "suingar"), com as mesmas clareza, inteligência e elegância do fraseado de seu trompete, o autor serve-se do swing – tempo para começar a mostrar como o jazz pode modificar a nossa vida, conforme propõe no subtítulo da obra. Escreve ele: "A relação do músico com o tempo pode ser de inestimável valia para ajudá-lo a: 1) ajustar-se a mudanças sem perder o equilíbrio; 2) dominar momentos de crise com pensamentos claros; 3) viver o momento e aceitar a realidade, ao invés de forçar todo mundo a fazer as coisas do seu modo; 4) concentrar-se numa meta coletiva mesmo quando sua concepção do coletivo não é a dominante; 5) saber como e quando gastar sua energia individual".

Marsalis cita logo o septuagenário Sonny Rollins como exemplo maior do "savoir faire" e do "savoir vivre" indissociáveis do espírito do jazz. E também Thelonious Monk (1917-82). Ambos sempre souberam "flutuar" no e por sobre o tempo, nos dois sentidos da palavra. "Quase sempre estão a nos dizer que o tempo é nosso inimigo, algo que não podemos controlar", comenta o músico-ensaísta. "O tempo voa!. Não perca tempo!. Faça isso enquanto você é jovem!. Vivemos numa cultura orientada para o jovem, na qual tornar-se velho chega a ser quase um crime (…). Mas no jazz, o tempo é seu amigo, e quando você acha seu próprio swing, na verdade, o tempo voa, sim. Mas voa para onde você quer (...). That’s the joy of swinging".

O novo livro de Wynton Marsalis é um ótimo presente de Natal para qualquer jazzófilo, velho ou moço. Basta que tenha intimidade com o inglês e esteja de bem com a vida.

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