Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

COLUNA DO LOC

30 novembro 2008

No Olimpo, enfim
Luiz Orlando Carneiro, JB, Carderno B
30 de novembro

O ‘Hall of fame’ foi instituído pela revista Downbeat em 1952, a fim de que seus leitores – além da escolha dos melhores músicos e discos do ano – tivessem a oportunidade de consagrar os deuses e canonizar os santos do jazz mesmo (e preferencialmente) antes que morressem. O primeiro deles foi, como não podia deixar de ser, Louis Armstrong, que ainda seria festejado, ao vivo, até 1971, como uma das maiores figuras do século 20. A partir de 1961, a então incontestável bíblia do jazz concedeu também aos críticos (premiação anual divulgada sempre em agosto) a prerrogativa de introduzir seus ungidos nesse "Olimpo". Naquele ano, os leitores fizeram justiça a Billie Holiday (1915-59) e os críticos ao já há muito legendário saxofonista Coleman Hawkins (1901-69), que envelheceu com espírito jovem, tocando ao lado de boppers como Thelonious Monk, Sonny Rollins e Herbie Hancock (levados ao Hall of fame pelos leitores da DB, respectivamente, em 1963, 1973 e 2005).

Neste ano-base (encerrado em setembro), Keith Jarrett, 63 anos, conquistou a láurea no referendo dos leitores da revista, com 282 votos. De acordo com os resultados publicados na edição de dezembro, ele superou outros dois pianistas – o também magnífico Ahmad Jamal, 78 anos (208 votos) e o nonagenário Hank Jones (193). No período 2006-07, Jarrett secundara o saxofonista Michael Brecker, que morrera prematuramente (57 anos), de leucemia, e merecia canonização imediata.
Jarrett entrou, finalmente, no Hall of fame, no mesmo ano em que seu trio Standards (Jack DeJohnette, bateria; Gary Peacock, baixo) comemorou o 25º aniversário da gravação para a ECM, ainda em LP, do primeiro volume de uma série de álbuns que constitui – com a devida vênia do admirável Brad Mehldau – a suprema arte do trio no jazz. Sem que se esqueça o primeiro grande trio interativo da história do jazz – o de Bill Evans, com Scott LaFaro (baixo) e Paul Motian (bateria), que seria assim qualificado mesmo se seus registros únicos fossem, "apenas", os da sessão de junho de 1961, que gerou os discos Sunday at the Village Vanguard e Waltz for Debby (Riverside). Infelizmente, La Faro morreu naquele mesmo ano, aos 25 anos, num desastre de automóvel. Evans foi-se aos 51 anos, em 1980, e entrou no Hall da DB no ano seguinte.

Voltando ao último poll dos leitores da revista, Jarrett não venceu, contudo, nenhuma das categorias dos melhores do ano (instrumentistas, grupos, álbuns). Foi o terceiro mais votado entre os pianistas (283), depois de Hancock (330) e Mehldau (308); seu célebre trio obteve o segundo lugar entre os pequeno conjuntos, no vácuo do trio de Pat Metheny (211 a 200).

No pleito dos críticos (agosto), o novo integrante do Hall of fame ficou no topo das listas dessas categorias. Mas o "leitorado", que é mais aberto ao lado pop do jazz, favoreceu Hancock e seu CD River: The Joni letters (Verve) – homenagem a Joni Mitchell, com vocais da própria, de Norah Jones e Tina Turner – que só perdeu para Pilgrimage (Heads Up), disco póstumo de Michael Brecker. O CD duplo My foolish Heart (ECM), gravado pelo trio de Jarrett em Montreux, em 2001, e que ele quis lançar só no fim do ano passado, para celebrar as bodas de prata do grupo, conseguiu ainda um honroso quinto lugar na categoria dos melhores discos do ano. Para o pianista, "se o jazz trata de swing, energia e êxtase pessoal para o intérprete e o ouvinte, não me lembro de nenhum outro concerto do trio que expresse essas qualidades de modo tão perceptível e completo".

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