Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

MUSEU DE CERA # 46 - CLARENCE WILLIAMS

13 outubro 2008




Clarence Williams além de artista, como pianista, compositor e vocalista, foi um grande empresário do "music business", como produtor, agente, comerciante e diretor musical. Williams nasceu nos arredores de New Orleans, em Plaquemine, Louisiana, a 8 de outubro de 1898. Sua ascendência remonta aos índios Choctaw e aos Creoles. O pai, era contrabaixista e possuía um hotel onde Williams iniciou sua educação musical aprendendo piano e tocando com o grupo familiar. Aos 12 anos deixou o lar indo se juntar ao famoso menestrel Billy Kersands's como cantor e acabou se tornando o mestre de cerimônia do grupo.
Retornando a New Orleans iniciou ao piano nos honky-tonks de Storyville onde encontrou Sidney Bechet e Bunk Johnson, duas futuras estrelas do Jazz. Acabou montando um cabaré e passou a compor assiduamente tendo recebido US$ 1.600 pela canção — Brownskin, Who You For? gravada pela Columbia em 1916 sendo a maior quantia paga por uma canção em New Orleans. Por volta de 1915 Williams e Armand Piron formaram uma dupla atuando no vaudeville, Piron ao violino e Williams ao piano e cantando. Durante uma turnê conheceram W. C. Handy em Memphis que ajudou a colocar suas canções no mercado da cidade. Handy também os convidou para um show em Atlanta para um auditório de brancos tendo obtido um enorme sucesso. Williams foi o primeiro cantor a usar a palavra JAZZ em uma canção e acabou sendo titulado — The Originator of Jazz and Boogie Woogie.
Com o fechamento de Storyville o novo centro musical passou a ser Chicago e para lá foi Williams em 1920 abrindo uma loja de música próxima ao Vendome Theater na South State Street. A esta época íntimo dos produtores das gravadoras conseguiu convencer o executivo da Okeh a gravar uma negra cantando o blues que até aquela época era tido nas grandes cidades como música chula e sem nenhum potencial comercial. Ledo engano os que assim pensaram, pois o disco foi comprado por quase todo o Harlem transformando não só a canção, mas todo o gênero em fantástico sucesso e Mamie Smith a cantora com o Crazy Blues do pianista Perry Bradford. Sucesso total da voz feminina em um blues gerando então para Williams um imenso campo tornando-se agente e acompanhador de várias blues singers. Em 1921, casou-se com uma delas Eva Taylor.
Williams compreendeu que o maior potencial da música de New Orleans estaria no norte em New York, assim vendeu seu negócio em Chicago e alugou espaço no Gaiety Theater Building no 1547 da Broadway e montou uma agência contratando artistas variados do "show business" como o comediante Bert Williams, o compositor, arranjador e orquestrador Will Vodery, compositor e pianista Perry Bradford e muitos outros. Passou a agenciar as gravações de Bessie Smith para a Columbia. Os primeiros lançamentos de Bessie tinham Williams como pianista em Gulf Coast Blues de sua autoria e vários outros.
Willie "The Lion" Smith em depoimento afirmou que Williams foi o primeiro músico de New Orleans a influenciar o Jazz em New York creditando também a ele a ajuda aos pianistas James P. Johnson e Fats Waller para entrarem no circuito nova-iorquino.
De 1923 a 28 foi artista e diretor musical da Okeh Records organizando inúmeras sessões com grandes jazzistas como Louis Armstrong, Sidney Bechet, Don Redman, King Oliver e Coleman Hawkins. Sua produção foi fantástica com pelo menos duas sessões de gravação por mês tendo gravado cerca de 300 lados de 78rpm em seu próprio nome.
Profícuo em arranjar títulos para seus grupos, talvez por esperteza de marketing gravou como: Clarence Williams and his Band, Clarence Williams' Blue Five, Clarence Williams' Blue Seven, Clarence Williams' Jazz Kings, Clarence Williams' Novelty Band, Clarence Williams' Novelty Four, Clarence Williams Trio (com Armstrong e Eva Taylor), Clarence Williams and His Orchestra, Clarence Williams' Stompers, Clarence Williams' Washboard Band, Clarence Williams' Washboard Five, Clarence Williams' Washboard Four, Blue Grass Foot Warmers, Dixie Washboard Band, Jamaica Jazzers, Red Onion Jazz Babies, Barrel House Five Orchestra, Clarence Williams' Jug Band, Clarence Williams and his Bottomland Orchestra, Memphis Jazzers e Seven Gallon Jug Band. Seu negócio de editor prosperou até 1943 quando vendeu seu catálogo para a Decca Records por US$50,000. Em 1956 após ser atropelado por um táxi e perder a visão se dedicou apenas à composição vindo a falecer em Queens a 6/novembro/1965. Suas canções se tornaram populares em todo os Estados Unidos e algumas em estilo dixieland se tornaram clássicos do repertório tradicional.
Clarence Williams não foi um talentoso ou gênio do piano como um Jelly Roll, James P. Johnson ou Fats Waller e raramente o encontramos como solista, porém um magnífico acompanhador capaz de dialogar com as cantoras, destacou-se como chefe de orquestra em estúdio sabendo agrupar músicos e dar-lhes o repertório adequado e os arranjos, assim o jazz muito lhe deve.
Podemos ouví-lo no magnífico acompanhamento da não menos magnífica — Eva Taylor em Down Hearted Blues (Lovie Austin/Alberta Hunter) gravado em 10/jan/1923 - New York, selo Okeh 8047-A (mx 71162C)
Fonte: CD — Eva Taylor Vol. 1 (1922-1923) – Documents Records DOCD – 5408 – 1995 - USA
.


Boomp3.com

Nenhum comentário: